M - Azul no Verde

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O sinal bateu e Harry correu.

Mesmo não tendo forças o suficiente para não perder o fôlego rapidamente, com o poço que tinha, se esgueirava entre os estudantes até a biblioteca; Tomlinson talvez não o achasse lá entre as prateleiras cobertas por pó e livros.

Estava com um pressentimento ruim, ele não queria que nada desse errado aquele dia, ele iria passar o dia longe de George, só queria se manter longe de todas as coisas ruins.

Talvez ele já estivesse sendo seguido por Liam também, aí poderia ser outra visita ao hospital.

Ele entra na biblioteca e discretamente vai para o último corredor de livros, se escondendo atrás de uma pilha que talvez devesse ter sido arrumada a meses.

Harry finalmente relaxou e percebeu o quanto estava cansado; ele não comia e seu corpo não estava com resistência para muitos esforços, porém ele sabia que não deveria ceder e comer algo que realmente o nutrisse, pois também o faria inchar.

Ele não estava mesmo com planos de comer nesse intervalo, almoçaria na casa dos meninos, não queria fazer desfeita da comida que a mãe deles ou o pai iriam preparar.

Com os pensamentos longe.  foi pego de surpresa quando sentiu braços em volta de si, tapando sua boca.

— Shii! Não grita... Eu juro que quero te ajudar. — A voz de Louis estava próxima ao seu ouvido. — Pare de se debater! — Ele da um aperto mais firme, percebendo que Harry era bem mais magro do que ele imaginava . — Liam está tramando alguma coisa. Toma cuidado.

Antes que Harry pudesse dar um chute em Tomlinson e fugir dali, o mesmo o vira para encarar seus olhos.

Azul no verde. Verde no Azul.

-Me perdoe. Por tudo... Eu não tinha escolha. — E o garoto de cabelos lisos sai pelo corredor empoeirado.

Styles fica confuso. Qual o motivo para Louis agora se preocupar com ele?

As desculpas eram verdadeiras?

Tantas coisas acontecendo na vida do cacheado que estavam o deixando perdido e com dor de cabeça — talvez a dor de cabeça fosse desidratação, mas ele não admitiria isso.

»

— Ei! Hazz! — Niall fez sinal no estacionamento, indicando onde estava o carro.

Zayn estava no volante e o loiro no passageiro, então Harry foi para o banco de trás.

— Onde você foi esta manhã? Perdeu minha incrível ideia para lanches na cantina, falei para aquela marcenaria que dava pra fazer o dobro de lanches com menores preços. Aquela gananciosa dona da cantina nem quis me ouvir!

— Tive um contratempo, fui para a biblioteca.

Isso fez Zayn dar uma olhada discreta pelo retrovisor, verificando se haviam novos machucados, mas pareciam os mesmos, mais tarde ele iria tentar verificar.

O caminho foi silencioso, somente o som do rádio e a voz baixinha de Niall tentando cantar as músicas (sem muito sucesso) eram ouvidos.

A casa dos meninos era belíssima — não que a sua não fosse, mas a deles parecia ser coberta de algo que realmente parecesse um lar, não apenas uma casa cara.

Ele descobriu que Bobby (pai do Niall, padrasto do Zayn) era advogado e Trisha (mãe de Zayn, madrasta de Niall) era psicóloga — o que fez seu coração ficar meio apertado.

Gostaria tanto de ter alguém para conversar, mas duvidava que sua mãe pagaria algo assim para ele e que seu irmão permitiria.

Ao descerem do carro,foram abordados por Bobby, que deu um abraço em cada filho e apertou a mão de Harry em um cumprimento.

— Seja bem vindo, espero que eles não tenham o feito pensar que nessa casa só vive gente doida.

— Pai! — Ralhou Niall

— Senhor Horan, não tenho o que reclamar dos seus filhos. — Respondeu envergonhado.

— Viu? Somos exemplos!

— Aham...A mãe de vocês está na cozinha.

Seguiram para a mesa do almoço. Trisha estava em um belo salto agulha com uma roupa formal, como se fosse a uma importantíssima reunião.

— Olá meninos! Prazer em te conhecer Harry, é tão bom ver amigos desses dois por aqui, as vezes parece que eles só ficam entre eles.

— É um prazer também Senhora Malik.

— Me chame de Tia, sei que estão grandinhos para isso mas... — Ri.

O almoço corre bem. Harry come uma pequena porção de arroz e um pedacinho de carne, coloca no prato também algumas folhas de alface

— Não gosta da comida Harry? — Trisha pergunta, fazendo todos da mesa olharem para ele, que logo responde:

— Não sou de comer muito.

Claro que os pais dos meninos haviam reparado na magreza do amigo e nos hematomas que estavam se escondendo entre as roupas e o cabelo encaracolado.

A mãe apenas lança um olhar aos garotos como quem diz: "Mais tarde conversamos."

Harry's DisorderOnde histórias criam vida. Descubra agora