Harry's Disorder

H - Convite

Tudo parecia cinza.

Antes ele comia, vomitava, e comia de novo, pois mesmo sabendo que aquilo "o engodaria", tinha sabor.

Agora nada mais tinha gosto, então ficar sem comer parecia fácil.

Harry comia uma refeição por dia, apenas para não ter que ir ao hospital de novo e ter que explicar seus machucados aos médicos ou pior, eles descobrirem antes dele conseguir inventar uma desculpa.

Nessa refeição ele não comia muito — menos da metade que uma pessoa em média precisa ingerir — mas pelo menos ele não ficaria tão fraco quanto se não comesse.

Ele decidiu fazer essa refeição na escola.

Depois que voltou para aquele ambiente, foi "perseguido" por aqueles meninos que o ajudaram no dia que foi ao hospital durante dias.

Não queria se lembrar daquele dia.

Do pior dia de sua vida.

Aquele menino, Zayn, parecia uma mãe, pelo modo cuidadoso que tratava seus amigos e que começou a tratar Harry.

Ele podia se assemelhar a uma mãe urso quando mexem com seus filhotes.

Durante o período de aula e no intervalo, ele fez questão de não deixar ninguém (Liam, Luke) mexerem com ele.

Pelo fato de também ser do time, as pessoas tinham algum respeito por Zayn.

Ashton...

Bem, ele estava o tempo todo no celular e parecia temer alguma coisa.

Niall era muito gente boa, o cacheado pensou que gostaria muito que eles fossem amigos.

Mas o relacionamento que eles possuíam era baseado em pena, Harry sabia que sim.

A escolha de Harry de fazer sua única refeição na escola foi boa, assim pensaram que ele estava finalmente voltando a comer.

Mesmo que ele não tenha aumentado visivelmente a massa corporal, acharam que em breve ele estaria saudável.

Triste engano.

»

— Hazz- Posso te chamar assim? — Niall pergunta tímido.

Harry, que estava agora comendo uma maçã, apenas assente com a cabeça baixa e sem olhar em seus olhos, mesmo que eles agora estivessem acompanhando-o sempre que conseguiam — nas trocas de aula —, o cacheado ainda estava receoso.

Era muito estranho ter pessoas se preocupando com ele e fazendo questão de o incluir em conversas.

Já faziam três dias que estavam fazendo isso.

A pouca comida que Harry ingeria e seus machucados, que pareciam aumentar, fizeram Zayn continuar de olho e esperar o momento certo para intervir e descobrir o que acontecia.

— Eu e meu irmão estávamos pensando se você gostaria de sair com a gente? Sabe, ir no cinema, ou algo assim? Sempre vamos, mas já esta ficando chato ir só com esse babaca aqui! — Niall pergunta.

— Ei! Você não pode falar assim, eu sempre pago a pipoca, que normalmente você come S-O-Z-I-N-H-O.

Eles começam a rir, Harry acha complicada a relação deles, eles parecem brigar, mas não é como as brigas que conheceu na vida, mas sim uma espécie de brincadeira (com alguns fundos de verdade).

— Então, Harry, você topa?

— Hm... Eu vou ter que perguntar ao meu irmão. — Ele responde em um fio de voz.

— A gente pode falar com ele, se você quiser.

Harry arregala os olhos.

— Não! — Essa reação espanta os meninos — É que... E-Ele é meu irmão e eu sei como conversar com ele. — Uma grande mentira que não passou despercebida.

— Okay, mas esperamos por notícias amanhã. Saímos da escola e você pode almoçar na nossa casa, aí de lá nós vamos ao cinema.

Harry da um pequeno sorriso.

Nunca o chamaram para ir ao cinema.

»

Louis estava se sentindo estranho.

Muito estranho.

Fazia alguns dias que não parava de pensar no garoto de olhos verdes.

E a curiosidade sobre quem mais gostava de bater no garoto (que ele sabia não merecer nada daquilo) era gigante.

Tomlinson gostaria de não ser tão medroso e conseguir enfrentar seus amigos, ele nunca entendeu porque eram tão ruins com Harry.

Claro que ele não iria negar que Styles tinha medo dele, ele também fez coisas terríveis ao cacheado para impressionar Liam.

Porém ele não gostava daquilo. Também não gostava de olhar sem fazer nada.

Mas o que ele poderia fazer?

Era defender o menino ou sua popularidade.

Louis sabia que se ele não tivesse Liam e Luke ao seu lado, seria apenas mais um jogador do time.

Não teria mais ninguém.

Ele sabia que tinha fama de fazer coisas ruins.

E quem gostaria de ficar perto de alguém que não tem nada de bom a oferecer?