F - Ninguém

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George apertava o volante com força, parecia irritado.

Harry apenas tentou não fazer barulho algum assim que fechou a porta do passageiro.

— Você não vai abrir o boca enquanto eu estiver falando.

Ele não olhava para o irmão enquanto falava, apenas prestava atenção no caminho de volta para casa.

— A mãe não vai ficar sabendo disso. Que vergonha! Imagina se fosse ela no meu lugar? A partir de hoje, você vai virar homem. Se alguém te bater, bata de volta. E chega dessas frescuras, lá em casa nesses dias só seremos eu e você. Meio que as coisas na empresa estão indo muito bem, e eu provavelmente irei suceder o lugar da mamãe naquele lugar. Então, não estraga a minha vida! Ela vai fechar negócios com empresas de outros países, não precisa de nada enchendo a cabeça dela. Hoje eu tinha um encontro, mas já que você não sabe nem se cuidar sozinho e sair daquela porra de hospital com seus "amiguinhos". — Deu um sorriso sarcástico. — Tive que desmarcar. Agora eu vou ficar sem relaxar depois do treino. Se bem que...

Ele olhou Harry de cima a baixo, o carro parou em um sinal vermelho.

— Já que você me fez perder a noite de hoje, você que vai me compensar por isso.

Os olhos do garoto cacheado se arregalam, marejados. Ele evita olhar para o irmão no banco ao lado, não acreditava no que estava acontecendo.

— M-me desculpe...

— Agora já é tarde. — Ele colocou a mão na coxa de Harry, que começou a chorar desesperado.

Tudo que ele queria naquele momento era não existir.

Se ele pensou em fugir?

Ligar para a polícia?

Claro.

Mas quem acreditaria na palavra dele contra a do Sr. Perfeito?

Quem se importa com ele?

Exatamente.

Ninguém.

¬

Aquele já era o oitavo dia em que Harry não aparecia na escola.

Zayn falou para o irmão que ele deveria estar se recuperando em casa, porém o garoto apareceu pelos corredores da escola, totalmente acabado.

Era como se ele estivesse pior do que quando saiu do hospital.

O rosto angelical estava cheio de arranhões, o pescoço tinha marcas de dedos, ele andava lento e parecia alheio ao mundo ao seu redor.

Ele não parecia mais magro, mas também não havia engordado, olheiras profundas podiam ser vistas e os olhos verdes estavam sem vida.

Styles nem desviou de seus agressores (o que normalmente fazia), e quando Luke começou a provocá-lo, ele não teve os olhos cheios d'água.

Louis foi o primeiro do seu grupo a perceber que havia alguma coisa muito errada e que aqueles machucados não eram da semana anterior.

Zayn, Niall, Ashton, Liam, Luke e Louis eram os únicos na escola com motivos para reparar em Harry, e foram os únicos que perceberam que a coisa era séria.

Todos os outros da escola apenas pensavam que era um garoto normal que se meteu em uma briga, um delinquente talvez, mas nunca que aquele menininho — ele realmente parecia um — era perigoso de alguma forma.

Harry parecia um morto vivo pelos corredores.

Liam e Luke mesmo estando meio perdidos com aquilo e, depois de algumas olhadas a mais no garoto, voltaram suas atenções para suas próprias vidas. Não Louis.

Harry's DisorderOnde histórias criam vida. Descubra agora