Capítulo 5- Alex

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 Acordou na manhã seguinte com 18 mensagens na caixa postal de Alex. "Onde você se meteu, Charlie? Vim te buscar pra gente ir almoçar mas seu carro nem tá na garagem. Você não foi trabalhar? Agora você que cobre o turno dos sábados, e já te disseram que iam te demitir se você não parasse de faltar o trabalho! Me liga.", era o que dizia todas as mensagens de voz. Trabalhar. "Ai meu Deus a Charlie trabalha.", Lauren pensou em voz alta quando levantou da cama de um salto e foi se arrumar.

- Querida, fiz algumas panquecas de banana e canela, suas favoritas. Vem tomar café! - Disse Sra. Harrington gentilmente após ouvir a barulheira que Lauren aprontava no banheiro.

- Sai do meu pé, vocês fizeram isso de propósito! Preciso ir embora dessa casa, credo!

 Saiu correndo enquanto calçava seus sapatos e ligou a chave do carro, dirigindo a 70 km/h, enquanto na sua cabeça, pensamento confusos: Como estava Mark agora; onde ela estava; Lauren e sua vida deixaram de existir?; o que estava fazendo com a vida de Charlie?; o que Alex estava pensando nesse momento?

 Quando chegou em casa deparou-se com Alex em seu sofá.

- Como você entrou aqui? - Disse com a voz embargada de choro.

- Eu tenho a chave, lembra? Mas tem muito tempo não preciso usá-la. Charlie, o que está acontecendo? Você não foi trabalhar? Onde você passou a noite?

- Na casa dos meus pais. Me deixa, Alex.

- O que está acontecendo, amiga? Nós nunca escondemos nada uma da outra, por favor, conversa comigo!

-É que eu...

-Você...?

-Não é que eu não quero te contar, só não posso. Mas não esquenta, não é nada demais. Vamos pro shopping? Quero fazer umas compras depois de almoçarmos, me dei conta de que minhas roupas são, digo, estão um lixo. Olha só essa calça!

-Ei! Eu que te dei essa calça!

-Ahm... Eu sei né. Mas onde você comprou? No brechó da primeira esquina ou da segunda?

-Eu não te entendo, mas tudo bem, vamos logo porque estou morta de fome.

 Enquanto dirigia, Lauren decidiu que deveria voltar, ou pelo menos tentar. Mas faria aquelas "férias" valerem a pena por mais uma semana. Torraram dinheiro em roupas, sapatos e comida e no fim do dia Lauren mostrou a Alex a tela do seu celular: 5 chamadas perdidas de Sam.

-Charlie, por que você ainda não atendeu? Ele tá super a fim de você e do jeito que você tá falando dele o dia inteiro você também está! - Alex riu.

 Lauren sabia muito bem o porquê de não conseguir atendê-lo, ela gostou demais de Sam para abandoná-lo após uma semana, mas ligaria para marcar um encontro à noite e enfim dispensá-lo.

 Assim feito, Sam foi buscá-la em seu apartamento, e Lauren notou que ele estava ainda mais bonito que na noite do bar. Seus olhos brilharam ao vê-la trancando a porta, estava vestida com um jeans rasgado e regata de seda lisa, cabelos loiros meio molhados com cachos amassados, e Sam nem disfarçava sua atração por ela.

-Boa noite, Charlie. -Sam abriu um sorriso largo e tímido, que fazia Lauren se derreter inteiramente.

-Boa noite, Sam. -Disse Lauren secamente, em uma tentativa de fazer com que Sam não sofresse com o que ela diria no fim da noite.- Onde vamos essa noite?

-É surpresa.

Sam a conduziu até seu Ford Escape e dirigiu até o campus da Universidade de Berkeley, e quando chegaram Sam disse:

- O que acha?

-Você me trouxe até a faculdade pra...?

 Sam riu.

-Vem comigo.

 Lauren foi arrastada levemente pela mão até a famosa Sather Tower, e quando Sam estava abrindo o cadeado do elevador, Lauren falou, confusa:

-O que você está fazendo? Não dá pra subir nos sábados!

-Eu sei, mas é difícil negar a chave pro bisneto do John Galen Howard. Esse é um dos privilégios de se ter um bisavô arquiteto, famoso e falecido. -Sam sorriu enquanto se atrapalhava com o molho de chaves.- Fica tranquila, Charlie, os zeladores sabem quem sou eu, venho aqui todos os dias após a torre fechar para visitas.

 Quando subiram, Lauren deparou-se com uma mesinha dobrável, duas cadeiras, velas acesas, pratos de macarrão à carbonara e uma vista de tirar o fôlego da linda baía de San Francisco.

-Nada mal. -Disse Lauren tentando disfarçar o quanto achara aquela vista encantadora, enquanto Sam ria do brilho de seus olhos.

 Comeram o macarrão frio e tomaram vinho apreciando a companhia um do outro, e ao fim da noite Sam disse à Lauren:

-Eu ainda não sei quem é você, Charlie Harrington.

-Olha Sam... eu preciso te dizer uma coisa.

 Lauren percebera a preocupação que ele tentava disfarçar, sem sucesso.

-Eu...

-Pode dizer, Charlie, eu aguento.

-Eu tenho dor no joelho à noite.

E vendo o grande sorriso que abrira no rosto de Sam, Lauren percebeu que estava aprontando uma grande confusão, mas aquilo era incontrolável. Charlie ou Lauren, aquele era o lugar em que ela gostaria de estar.

A(s) Vida(s) de LaurenOnde histórias criam vida. Descubra agora