Na manhã seguinte, acordou com o som de velhinhas gritando na sua cabeça e batendo panelas. Estava em uma casa pequena, colorida e cheia de pessoas. De fora de sua janela estava Veneza, Itália. E no espelho estava Luna Agarelli, baixinha, cabelos pretos e o rosto de Lauren, Charlie e Tiffany. Diferentes vidas, casas, corpos, porém a mesma Lauren.
- Acorde, querida. Não deixe o ragazzo esperando, e não comam nada na rua, seu avô vai fazer aquela bruschetta que o Costa adora.
A senhora estava falando em italiano, porém Lauren estranhamente compreendia cada palavra.
- O que você está encarando, signorina? Vá se arrumar logo, eu aviso Emanuel que você está descendo em 5 minutos. Andare! Andare!
Lauren de alguma forma acostumara à sensação de estar em outro corpo, porém nas duas vezes que lhe acontecera, fora parar em alguma cidade dos EUA. Era incrivelmente linda a vista para o Grande Canal de Veneza, e agora passearia naquela cidade linda com o tal do Costa. Escolheu uma calça jeans bordada e uma blusa larga, já que sabia exatamente o que vestir na primavera da Itália.
- O que é isto, Luna? - riu Costa- Nós nunca vamos trabalhar arrumados assim. Aposto que você está in amore em um ragazzo da feira. Já sei! É o Pietro, né? Vi como vocês se olharam ontem quando ele comprou um pedaço da sua lasagna. Hahahaha, vamos logo, cadê a cesta com os tiramisùs do seu avô?
Lauren percebeu que Costa era um rapaz muito bonito, porém ao contrário do que achara não era o namorado de Luna, era apenas um amigo que ia trabalhar com ela na feira, e eles não iriam passear, e sim vender comida. Costa era um pannetiere (padeiro) e vendia quitandas na feira desde a infância, juntamente com Luna, que vendia as delícias italianas que seus avós cozinhavam.
Se transportaram até a feira em uma gôndola, e Lauren estava maravilhada com as belezas que via, enquanto Costa era indiferente, já que via aquele trajeto todos os dias da sua vida. Ficaram na feira até terminarem de vender cada um dos pães e pedaços de tiramisù. Lauren percebeu que todos conheciam os dois e os produtos que vendiam, e estava se divertindo ali com Costa e com o movimento.
Voltou no horário de almoço para casa, junto com Costa. Ali na mesa de jantar percebeu a grande família que morava naquela casa minúscula: primos, tios, irmãos, tias-avós e avós de Luna. Descobriu que seus pais já haviam falecido a alguns anos, e desde então morava com seus avós, a quem era extremamente grata por tudo que lhe proporcionava.
Lauren percebeu que as vidas de Luna e Charlie tinham as suas semelhanças, o amor das suas famílias, os seus modos de vida humildes e simples, e a felicidade que ambas tinham, apesar de não terem o que Lauren possuía. Por duas semanas sentia-se feliz vivendo como Luna, ao lado de Costa, seus avós, sua família e cercada por todo o amor que geralmente não era acostumada a ter.
- Está vendo aquela casa ali, Luna? - Disse Costa, quando voltavam para casa na gôndola à noite após a feira de domingo, com suas cestas vazias.
- Sim.
- É a casa que eu sonhava todos os dias em comprar quando te pedi em casamento quando tínhamos 10 anos.
- O quê? - Lauren riu, pensando na possibilidade de se casar com Costa, que em apenas duas semanas se tornara seu melhor amigo.
- Você não se lembra? - Disse ele, tentando dizer em tom de brincadeira quando suas feições estavam ficando sérias.
- Bem, eu lembro, mas era só uma brincadeira de criança, não? - Lauren disse, ficando confusa.
- Era mas você não se lembra do que disse depois, né? - Riu, olhando para o céu.
- Hmm, não, o que eu disse?
- "Somos só crianças, Costa", e então eu disse "mas e quando formos adultos?", e você respondeu "tudo bem, quando fizermos 25 você pode me pedir em casamento de novo".
Os dois riram juntos.
- Bem, agora são 00:01, Luna. Feliz aniversário. Quer se casar comigo? - Abriu uma caixinha com uma aliança brilhante fina e simples.
Lauren ficou em silêncio, olhando séria para Costa, e em sua cabeça milhares de pensamentos. Não podia fazer aquilo, porque não era Luna, e tinha que voltar a ser Charlie novamente, pois quem ela amava estava em Berkeley, não em Veneza. O que ela estava fazendo ali? Rapidamente girou seu anel para voltar 30 min no tempo. Viu-se ajeitando suas coisas para ir embora com Costa, e deu um jeito de atrapalhar o pedido de casamento.
- Ei, onde você está indo, Luna?
- Ah eu vou imbora com o Pietro, tudo bem?
- Mas Luna, você não pode...
- Ahn, como assim? Por quê?
E antes de receber uma resposta, Lauren virou-se de costas rapidamente torcendo para que Pietro a levasse para casa. Quando foi se deitar, não fazia a mínima ideia do que aconteceria no dia seguinte, mas uma coisa era certa: faria de tudo para voltar a ser Charlie Harrington.
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A(s) Vida(s) de Lauren
FantasíaLauren Evans tem tudo que sempre quis: uma vida bem sucedida em Nova York e seu nome estampado em todas as revistas sobre grandes mulheres empresárias americanas da atualidade, até se envolver em um acidente fantástico e adquirir um anel que é capaz...