5. Efeito Dominó?

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Inaraí

Quando nós não temos o convívio com uma cultura às vezes fazemos um conceito errado dela e no meu caso, eu achava que iria encontrar pessoas muito sérias e reservadas, porém o que vi foi uma comunidade familiar muito receptiva e engraçada.

Dancei de mãos dadas na roda com o aniversariante uma três vezes e até troquei acenos com o rabino que era o tio de Lev. E até mesmo Isabel e Isaiah os pais dele foram muito educados comigo, mas a criaturinha mais amorzinho de todo o evento. Sem dúvida fora a tia Sara a quem levei dez minutos ensinando-a fazer a cisnes com guardanapos.

Os Eisen's eram uma família de médicos, farmacêuticos, cientistas e enfermeiros com certa influência nos negócios de área de saúde na cidade, mas o fato mais curioso sobre o grupo é que todos eles eram ruivos.

— Senhorita Santana! — Joanna uma das primas de Lev exclamou ao dar a mão direita para mim e o irmão mais velho dela segurou a minha esquerda. Ele era dentista e tão bonito quanto o primo.

Hava Nagila era a única canção judia que eu conhecia graças a um dos vídeos da Xuxa só para baixinhos. Portanto eu comecei a me garantir na cantoria.

A roda se agigantou com mais parentes entrando nela e perdi o Lev de vista quando ele saiu em companhia do pai e do rabino com destino a algum lugar do clube german israelita.

E para falar a verdade desde a nossa chegada eu ele dançamos duas vezes depois da enxurrada de apresentações a toda a sua parentela. E uma vez que isso aconteceu toda hora alguém o chamava para papear. O que me fazia ser monopolizada por outros integrantes da casa.

— Joanna! — ri me divertindo com o ritmo se tornando ainda mais rápido.

E na terceira volta que o círculo deu, eu por pouco não tropecei ao ver a figurinha repetida de Lars Bender parado ao lado da pista de braços cruzados olhando justamente em minha direção como um falcão visando a sua principal presa.

'' Ave Maria! Eu tenho certeza de que todo aquele suco de uva que tomei não estava batizado. Hum. A menos que eu esteja ficando doida. '' — pensei já nervosa porque com as mãos ocupadas seria impossível esfregar os olhos para ver se aquela miragem sumia do caminho.

A canção parou de tocar ao som de palmas e eu pedi licença aos primos de Lev alegando que iria ao banheiro antes de apressar o passo na direção da criatura que realmente estava ali, pois a esfregada de olhos não o fez se desmaterializar da minha frente.

Ali de pé com um casaco de moletom azul marinho, calça jeans e Converses tradicional. O homem deveria parecer deslocado, mas este não era o caso porque sua presença se fazia ser notada ainda mais por mim.

— Aconteceu algo com os gêmeos? — perguntei já alarmada porque estivera longe de minha bolsa na qual o celular estava guardado.

— Os nossos afilhados estão perfeitamente bem, mas...

— Pelo amor de Deus! Que susto! Se os patinhos estão bem por que diabos você veio até esta festa? E como me achou? — já estava começando a me alterar com a brincadeira sem noção dele em me seguir até ali.

— Você deixou o endereço colado na porta da geladeira do meu irmão. E não estou te seguindo para ser desagradável, porém nós...

— Pelo amor de Jesus! Faça-me acreditar que está aqui porque uma das primas solteiras do Lev o convidou. Lars, eu não estou vendo a menor graça nisso e...

Ele ficou vermelho pimentão.

— Droga! Inaraí, eu e você precisamos conversar agora mesmo! — esganiçou.

Queridas IndiscretasOnde histórias criam vida. Descubra agora