"Relatório."
"Dois adultos, um homem e uma mulher de uns 30 anos, encontrados mortos em uma casa caindo aos pedaços. Uma arma estava na mão do homem. Os dois haviam morrido por um único tiro na cabeça. Sem sinal de mais pessoas na casa." O chefe de investigações, Portman, ouvia atentamente cada detalhe com sua caneca de café quente entre os dedos, sentado em sua cadeira reclinável, em sua calorosa sala, que admiti ser o melhor local de toda a delegacia. O seu segundo lar, onde podia desvendar casos trazendo respostas e cessando procuras inúteis por seres que já não se encontravam mais nessa Terra.
"Por acaso já encontraram a identidade dos corpos?"
"O homem trabalhava em um pequeno comércio como secretário do gerente. Já a mulher era dona de casa."
"Algo a mais?"
"Encontramos um quarto com uma cama, alguns papéis com desenhos rasgados e brinquedos quebrados pelo chão. A janela estava trancada com uma barra de madeira."
Ao colocar sua caneca sobre a mesa, Portman pegou seu lápis e começou a colocar os parafusos para funcionar. Ele e sua mania de morder lápis para auxiliar o funcionamento do cérebro!
"Uma criança?" Portman perguntou já sabendo a resposta.
"Possivelmente." E antes que pudesse perguntar ele completou: "Não estava na casa, os vizinhos também não faziam ideia de onde ela poderia ter ido. Aliás, não foram de muita ajuda. Parece que já suspeitavam de que algo não ia bem com aquela família, mas não fizeram nada com medo de se meterem em confusão."
"Já encaminharam a arma para a análise de datiloscopia?"
"É Claro!" Parecendo ofendido o jovem recuou dois passos e olhou para o chefe com um dos cantos dos lábios elevado, o reprovando.
Sem se importar, o chefe Portman se levantou e caminhou até a porta, seguido de Michael. Ele precisa explorar a cena do crime com seus próprios olhos.
...
O latido de George se espalhava pelas estreitas ruas de paralelepípedos do "pacato" bairro de Nova Jersey. Puxava barras de calças dos senhores que caminhavam até o metrô, à cinco quarteirões de distância, ou atrapalhava a passagem de senhoras com seus carrinhos de bebês e filhos que estavam levando a escolinha. Mas ninguém lhe dava atenção, apenas o chutavam para longe e algumas crianças até pisavam em seu rabo.
Continuou sua missão até encontrar um garoto de 12 anos, sentado no banco da estação esperando o ônibus escolar. Em um momento de descuido, George mordeu a mochila do menino e correu."Volte aqui cachorro miserável! Dê a minha bolsa!"
A perseguição se estendeu por toda a vila. Insultos e palavrões eram direcionados para George, que pouco se importava já que não os compreedia.
Ao chegar no riacho, o vira-lata soltou a mochila nas águas. Satisfeito, desapareceu por entre os arbustos. O garoto continuou a correr atrás da bolsa, mas dessa vez com um pau na não, tentando alcançar uma de suas alças.Só após alguns minutos a mochila estacionou em meio a algumas folhas e galhos. O caminho estava barrado por alguma coisa.
Um pessoa."Meu Deus!" Os olhos do menino dobraram o tamanho, havia paralisado. Não sabia o que deveria fazer. Ligar para a ambulância? Polícia? Tirar a garota dali? Como poderia ligar se seu celular estava na mochila?
Ao se aproximar percebeu a presença do cachorro, choramingando para o corpo.
O jovem entrou no riacho e resgatou o miúdo corpo da garotinha de cabelos loiros. Estava magra, mais ainda do que as garotas de sua sala que tinham a mania de fazerem dietas do ovo ou arroz. E havia um corte, profundo, em sua bochecha. Precisava fazer alguma coisa.
...
George decidiu esperar a saída de sua amiga do lado de fora do hospital. Não permitiram a entrada de um vira-lata junto da paciente, seria "Anti-higiênico".
O garoto estava na sala de espera, sem sua mochila_ no momento que teve de entrar na ambulância esquecera de pega-la na árvore. Estava tenso e preocupado, nunca havia visto algo assim antes. A menina parecia estar morta, como se estivesse naquele riacho a dias.
Esperava que ela pudesse sobreviver, nunca havia torcido tanto por algo em sua vida. Mas por algum motivo acabou se compadecendo por aquele rosto que parecia carregar tanta dor.
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Passarinho
FanfictionAo chegar em um lugar totalmente diferente da sua realidade, Malu tenta se acostumar com o novo ambiente que terá que viver os próximos dois anos da sua vida. Após sua chegada, lembranças já esquecidas retornam a sua mente. "_Seremos eu e você cont...