50- Saudade

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Luísa: 5

Dudu: 5

Exatamente como o jornal havia ilustrado, a chuva estava muito forte! Luísa chegou a pensar que em algum momento o telhado sairia voando. Os trovões faziam seus pelos arrepiarem, sendo impossível pegar no sono.

A pequena direcionou-se ao amigo_ disposto na cama ao lado, que permanecia em silêncio, possivelmemte em estado de sono profundo.

No entanto, a realidade era contrária. Seus olhos estavam espremidos, e a cada trovão seu corpo inteiro parecia receber a descarga elétrica. Mas permanecia em silêncio.

"Hey, Dudu!" a criança tentou não gritar ao elevar seu tom de voz, reproduzindo um sussurro bem alto.

Ele continuava com os olhos bem fechados, agora cobrindo o rosto com a coberta. A menina então, sentou-se na ponta da cama, seus pés flutuavam, estando à 10 cm acima do chão. Suas perninhas saltaram para o piso, e caminharam até o indivíduo amedrontado.

"Dudu!" chamou, deixando seu rosto bem próximo ao dele. Para isso precisava ficar nas pontas dos pés, pois as camas eram altas de mais para o seu pequeno corpo.

Sentindo a voz mais perto e o ar quente que batia em seu rosto, o garoto percebeu que a voz era real e não o seu subconsciente tentando pregar-lhe uma peça. Ao retirar o seu cobertor de ultra proteção deu de cara com um rosto pálido e redondo, salpicado de confetes o encarando. Como reflexo, seu corpo todo se afastou quase batendo com tudo na parede.

"Ai Lu! Que susto!"

Ela riu. "Você é um bebê chorão sabia?"

"Não sou não!"

"E por que está todo asustado então?" no mesmo instante um trovão estrondoso soou, fazendo Dudu esconder seu rosto mais uma vez. "Viu?" argumentou Luísa colocando seu rosto embaixo do cobertor para encará-lo, parecia estar adorando a situação. Seu sorriso só parou de reluzir quando percebeu que o seu amigo estava prestes a chorar. "Oh! Dudu..." o tom de sua voz tornou-se em um sussurro doce e acolhedor. "Acalme-se, eu estava brincando! Os trovões vão passar rapidinho!"

E mais um relâmpago brilhou no céu, iluminando todo o quarto. Dudu fechou os seus olhos já esperando o barulho.

"Olhe, eu vou ficar aqui com você, para que não se sinta sozinho."

Dudu viu a cabeça de Lu se retirar de seu esconderijo e então sentiu suas cobertas sendo puxadas por alguns instantes, até que ela colocou-se totalmente abaixo do cobertor quente e denso e deitou-se. O rosto dela transpassava excitação e alegria. Estava se sentindo uma heroína por decidir sair de sua cama para cuidar do amigo sem que seus país soubessem!

Dudu a encarava em silêncio tentando se distrair, transitava a atenção entre os cachos desfeitos e avermelhados que tornavam-se laranja com as luzes dos relâmpagos e os olhos brilhantes que o encaravam pensativos.

"Já sei! Me dê suas mãos. Vamos! Isso. Vou cantar para você, como minha mamãe sempre faz quando eu começo a chorar. Feche os olhos. Dudu, vai dar certo, agora fecha." ela colocou a outra mão sobre o rosto dele, obrigando-o a obedecê-la.  "Perfeito!"

Outro estrondo. As mãos de Luísa foram apertadas, fazendo-a morder o lábio de dor. Mas tudo bem, ela tinha uma missão.

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⏰ Última atualização: May 28, 2020 ⏰

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