38- A Pura Rosa Vermelha

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Liza, caminhava pelo amplos corredores do dormitório. Estava ansiosa para tomar um banho relaxante e dormir um pouco mais caso fosse possível. Ao entrar no quarto, escutou o barulho de secador de cabelo que rugia do banheiro.

"Cheguei!" Ela berrou com as mãos auxiliando.

"Bem vinda!!!" Gritou ainda mais alto Sarah, exagerando propositalmente. Liza ri se jogando sobre a cama.
Talvez não quisesse tanto tomar um banho...

Seus pensamentos se perderam na cama da companheira. Viu alguns destroços de papelão sobre ela e algo que parecia tinta manchando o cobertor. Procurou logo o culpado. Levantou o rosto focando atrás da porta, ao lado da escrivaninha, e logo vasculhou abaixo de sua cama.

"Como foi lá?" Perguntou, ainda no banheiro, mas com um tom mais manso.

"Como sempre. As enfermeiras disseram que em menos de uma semana ele já estará liberado." Liza arrastava alguns pacotes de salgadinho levados por alguém ou algo abaixo de sua cama. Olhou curiosa para um sapato mordido.

"Que bom. Deseje lembranças minhas a ele da próxima vez. E leve algumas flores em meu nome por favor." O secador já estava desligado, mas o barulho alto da torneira ainda tornava sua voz abafada.

Antes de entrar no closet, Liza comentou:

"Claro! Ele adora flores, do jeito que ele é, vai ficar todo metido com o presente."

"Depois do que ele fez é o mínimo que eu poderia fazer para agradece-lo." A garota saiu do banheiro se recostando no batente. Percebeu que Liza estava no closet e permaneceu quieta por um tempo. "Falando no assunto, você agradeceu?"

"O que?"

"Agradeceu a ele por ter te salvado?"

O acompanhante do sapato mordido é lançado pela porta do closet, parece mais destruído do que o primeiro. "Acho que... talvez?"

"Eu não acredito Liza! Tá falando sério?"

"Qual é! Eu não pedi para ele me salvar." Uma barulho de patas é eufemizado pelo carpete.

"Por isso mesmo você deveria agradecer! Foi um ato de lealdade sem petição da parte vitimizada. Ele merece muito mais por isso!" Sarah começava a ficar brava.

"Tudo bem. Eu vou pensar se talvez deva agradece-lo"

"Não. Você vai agradece-lo." Sarah faz questão de fixar o imperativo da frase.

"Se eu fizer isso" um som de caixas atrapalha a oração. "Se eu fizer isso ele vai se achar o herói. E nunca mais me deixar em paz! Peguei!"

Sarah ri um pouco, levando a mão a testa em negação com a cabeça.

"Não seria ótimo ter um guarda-costas no seu encalço?"

"Eu não preciso de um homem para me defender!" Liza começa a arrastar algo para a porta do closet.

"Claro que não. Imagina só o que teria acontecido com você se ele não estivesse lá. Teria sido"

"Quieta!" Liza finalmente apareceu no campo de visão de Sarah. Segurava com todo o corpo_ pernas, barriga e braços, (como se estivesse pronta para cavalgar), o cachorro gigante da amiga. "Olha quem eu encontrei!" Comemorou vitoriosa.

Em uma brusca mudança de humor, Sarah ajoelhou batendo nas pernas ao chamar seu filho. "Vem amor da minha vida!" Ele correu até ela, derrubando Liza no chão.

Jogada no carpete, a loira constatou que tudo seria muito mais simples se Sarah tivesse chamado ele ao invés de assistir toda a confusão de camarote. Tão má!

PassarinhoOnde histórias criam vida. Descubra agora