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Entrei no carro, falei oi, e ele começou a dirigir, na portaria do condomínio Gustavo comprou duas barras de chocolate e me deu, sem motivo algum, ele só comprou e me deu, agradeci com um sorriso bobo no rosto e continuamos a conversar.

G. Pô, já parou para refletir ? Esses anos todos, nós fomos vizinhos e nunca nos falamos?
E. Sim, loucura né ? Apenas alguns "oi" pela janela e às vezes nem isso
G. Que estranho. - diz ele rindo.
E. Sim, mas acho que é porque você é o cara mais popular da escola, do condomínio, de todos os lugares, já eu, nem os professores sabem meu nome direito. Apenas minha família e alguns amigos.
G. Talvez seja por isso, mas eu nunca fui de ligar para esse tipo de coisa, vejo os caras do time ignorando o pessoal da escola, o pessoal que não é tão popular, eu acho isso muito feio. Eu gosto de falar com todo mundo, ser gentil, manter contato, gosto de pessoas reais, coisa que os populares não são.
E. Talvez seja pelo seu jeito que todos gostam de você.
G. Acredito que sim.
E. Sei que não é da minha conta, mas... -falo envergonhada.- que briga foi aquela com a Karen?
G. Bom, meu relacionamento com a Karen já não estava bom a tempos, ela tem ficado com ciúmes de tudo, tudo mesmo, coisas que chegam a ser absurdas, as vezes ela tem ciúmes até da minha família, isso cansa e desgasta muito a relação, ontem quando te dei carona ela viu viu e ficou extremamente maluca, eu já queria terminar o relacionamento antes, ontem eu vi a oportunidade para isso.
E. Nossa...
G. Mas não se culpe por ter sido o motivo da nossa briga de ontem... Foi até melhor assim, foi bom parar de prolongar algo que já deveria ter acabado a tempos.
E. Eu não sei nem o que dizer.
G. Não diga nada. Apenas curta esse som - ele aumentou a música no rádio e era realmente muito boa.

Fomos curtindo a música até chegar na escola, conversando, e rindo. Assim que descemos do carro no estacionamento, agradeci e me despedi do Gustavo e fui ver a Katherine. Eu não havia visto ela depois que ela saiu da minha casa, passei no meu armário primeiro, deixei minha bolsa e peguei o caderno. E fui direto para o corredor do armário da Kath, chegando lá, ela estava no armário, retocando o batom. Assim que me viu, ela correu e me deu um abraço.

E. Ué ? O que foi isso, você me viu hoje de manhã.
K. Eu sei, mas é que populares estão ali do outro lado, e estão me encarando a um tempão, eu só queria disfarçar.
E. Bom... - olho para as populares e vejo Karen vindo em nossa direção com suas duas amigas.
K. "Bom" o que Savana?
E. Eu acho que elas estão vindo aqui...
K. O que? - fala Katherine espantada.

Quando as piranhas chegaram, Karen pôs o dedo em meu ombro e me empurrou para o armário, me fazendo bater as costas neles.

E. O que é isso Karen?
Ka. Só vim falar com você vadia, para deixar meu namorado em paz.
E. Que namorado?
Ka. O Gustavo, é claro.
E. Até onde eu saiba "vadia", vocês terminaram. - falei debochada, e Karen ficou envergonhada, as amigas dela olharam para seu rosto com expressões de surpresa.
Ka. Fique longe dele vaca! - ela fala isso, e saí andando para o banheiro, envergonhada por ter levado uma dura verdadeira.

Olhei para Katherine, que estava pasma e ao mesmo tempo querendo rir "você viu como as meninas ficaram surpresas com a sua resposta? Acho que ninguém responde ela assim por medo"- disse a Kath, é errado eu ficar orgulhosa e com o ego lá em cima por isso? Espero que não, por que eu tô A M A N D O. O sinal da aula bate e eu vou até a sala de química, o Gustavo faz química no mesmo horário que eu faço. Entro na sala e sento em uma cadeira em dupla com o Bruno, Gustavo senta do outro lado da sala. Bruno foi um dos garotos que eu já gostei. Hoje em dia eu já não sinto mais nada, aliás, ele se assumiu gay a um tempo atrás, ficamos conversando e fazendo nosso experimento de química, fiquei a aula toda trocando olhares e sorrisos com Gustavo, até que então, eu distraidamente coloco um ingrediente que eu NÃO deveria por, e o experimento explode na sala. Espirrou espuma e fumaça roxa em todos os cantos da sala, até nos corredores tinha espuma e fumaça. Depois da aula fui chamada na diretoria, e tomei uma advertência. Foi constrangedor, mas eu ri demais, admito.

Na última aula, fui ao meu armário pegar minha bolsa. E em seguida fui ao vestiário. Vesti a roupa de líder, e encontrei Katherine, ficamos conversando, depois fomos ao ginásio pra fazer o de sempre, ficar sentada enquanto as titulares ensaiam, hoje algumas das substitutas estavam ensaiando também. Olho para Katherine, e tenho uma idéia incrível.

E. Miga, já que não estamos fazendo nada, nós poderíamos ir até a quadra dos meninos, e poderemos vê-los, jogar. -olho maliciosa e ela retribui
K. Concordo.

Então, disfarçadamente saímos do ginásio e fomos até a quadra. As vezes, quando os clubes estão entediantes, algumas pessoas fogem para a quadra, principalmente as meninas, pois lá, as vezes os meninos jogam sem camisa, e deixam amostra, seus corpos suados e trincados. Sentamos na arquibancada da quadra, e vejo que não há muita gente aqui, só alguns do grupo de xadrez, algumas meninas do grupo de dança pop e outras pessoas das quais eu não soube identificar de qual grupo elas eram. Mas havia mais meninas do que meninos.

Diante o jogo que eu estava vendo, consegui identificar um dos jogadores. Gustavo, estava lá ele, jogando, sem camisa por sinal. O técnico deu 10 minutos de descanso, então, ele olhou na arquibancada e me viu, assim que me viu, ele deu um sorriso e eu sorri de volta. Então ele foi andando até onde eu estava. Mas no caminho, um dos amigos dele, puxou ele até o canto da quadra para falar com ele. Olhei para Katherine, que me olhava surpresa.

K. O que houve entre vocês dois?
E. Nada, por que?
K. E esses sorrisos bobos?
E. Não são nada amiga, relaxa.
K. Miga, tá rolando clima entres vocês. Aceita.
E. Não tem nada rolando. Ele acabou de terminar um relacionamento e a gente so conversou por dois dias isso não significa nada
K. Por que cê tá vermelha então?
E. Não tô vermelha. -Falo colocando a mão em minhas bochechas.
K. Você tá vermelha sim.
E. Mesmo que rolasse clima, não iria acontecer nada.
K. Ué, porque não?
E. Ele é popular e acabou de terminar o relacionamento menina.
K. Isso não tem nada haver, você não vê filmes não? Existem vários filmes onde o garoto popular fica com a garota não popular.
E. Mas isso não é um filme Kath e a vida real.
K. Mas se parece com um ué.
E. Aí amiga só na sua cabeça que isso se parece com um filme, vai te tratar pecadora.
K. Vai tu uai - começamos a rir.

Levantamos para voltar ao ginásio, antes de chegar a saída, eu e Gustavo nos entreolhamos de novo, e assim, eu saí. Fomos até o ginásio, resolvemos treinar com as meninas. E ficamos lá dançando, isso faz a gente, ficar muito cansada e suada, ainda bem que nós temos chuveiro no vestiário. Assim que o treino acabou, fui até o vestiário feminino, peguei minhas coisas de banho, fui até o chuveiro. Tomei um banho e tirei o suor, coloquei minha roupa, o sinal de ir embora havia acabado de bater. Peguei minha bolsa, e saí do vestuário, e fui andar até onde as carruagens amarelas, chamadas de ônibus escolares ficam. No caminho, eu esbarro no Gustavo. Peço perdão, e continuo andando, sinto uma mão, me puxando pelo braço, viro para trás, e vejo que é Gustavo, dou um sorriso sincero.

E. O que foi Guh ?
G. Quer ir embora comigo hoje ?
E. Não precisa, hoje os ônibus já estão aqui.
G. Eu sei, isso é um convite... - ele me olha com aquele lindos e grandes, olhos claros e eu não resisto.
E. Ok, eu vou sim. - no caminho até o estacionamento, mando mensagem para Katherine, avisando que vou voltar com o Gustavo de novo.

O Vizinho da Casa Ao Lado.Onde histórias criam vida. Descubra agora