Fico na recepção do hospital sentada na cadeira, com inquietação, os pais de Katherine já foram avisados do ocorrido e já estavam vindo. Gustavo o tempo todo segurava minha mão. A história de Katherine sempre foi muito difícil e com a depressão tudo piora. Ela sofria bullying quando criança, os pais dela não eram presentes, ela passava dias sozinha em casa (apenas com a babá) quando criança, ela nunca teve muitos amigos, sempre foi muito tímida, e insegura, muitas vezes o mundo dela desabava, e ela era obrigada a segurar, ela já escutou coisas do pai, coisas horríveis ditas por ele, que eu não sou capaz de reproduzir tamanha crueldade, ele era viciado em álcool e por isso falava aquelas coisas, Katherine além de segurar o mundo dela, as vezes segurava o dos outros, ela já tentou tirar a própria vida outras vezes, muita coisa sempre aconteceu na vida dela, e apesar de ela aparentemente parecer bem, ela nem sempre está, a depressão dela estava sendo controlada por remédios e por tratamentos em psicólogos, ela estava melhor, mas isso que aconteceu foi horrível, tinha cinco caras no quarto, em momento algum eles pareciam estarem arrependidos pelo que estavam fazendo, aliás parecia que eles queriam mais, depois largaram ela é fingiram que nada havia acontecido. Katherine sempre foi uma garota maravilhosa na minha vida, ela sempre esteve comigo e eu com ela, ela é minha melhor amiga, minha irmã de outra mãe, minha pessoa de confiança, eu sempre estive do lado dela quando ela tinha as crises dela, eu sempre ajudei ela a suportar tudo, eu não aguentaria viver num mundo onde ela não está. Eu não aguentaria.
Um dos médicos vieram correndo até a recepção, perguntando quem estava com a Katherine, fui até ele, perguntei se estava tudo bem. Ele disse que ela estava precisando urgentemente de sangue, disse que o sangue dela é muito raro, eles não tinham no estoque, liguei para os pais dela, para ver se eles já estavam chegando e eles estavam engarrafados no trânsito. O médico perguntou qual era o meu tipo sanguíneo e eu não soube responder, então rapidamente ele me levou para a sala de exames. A enfermeira tirou um frasco do meu sangue, e levou para o laboratório. 10 minutos depois ela voltou, dizendo que meu sangue era o mesmo de Katherine e que eu poderia sim doar. E como já fazia horas que eu não havia comido, eu não estava tomando nenhum remédio, então fui autorizada a doar. Fui encaminhada as pressas para uma das salas de doação. Enquanto meu sangue era tirado, o médico estava me explicando a situação de Katherine, o que estava me deixando deprimida. Ele disse que ela está por um fio, entre a vida e a morte, ela precisa de sangue, ou então o coração dela não vai mais ter sangue para bombear, vai parar de vez. Cada vez mais eu ficava fraca e deprimida, a dor de cabeça começou a me atacar, e eu desmaiei.
**** ****** ****
De olhos fechados, escuto o barulho da máquina de batimentos cardíacos, sinto uma mão segurando a minha. Abro os olhos lentamente, e sinto meu corpo totalmente dolorido, olho para o lado, e vejo Gustavo com seu lindo sorriso.
G. Graças a Deus você acordou.
E. Eu dormi muito? - Rindo, sem saber o que realmente havia acontecido, pois eu achava que eu apenas havia dormido após doar sangue.
G. Você não apenas dormiu Sah. - Seu sorriso some.
E. Como assim?
G. Você ficou desacordada, durante três dias.
E. O que? - Falo surpresa.
G. Sim, depois de doar sangue, você acabou desmaiando, entrando em estado de coma, seu corpo ficou frio, os médicos colocaram você para tomar soro, mas seu estado piorou, pois seu corpo começou a ter febre alta, começou a tremer. Enfim, fiquei aqui todos esses dias, esperando você.
E. Mas... E a escola?
G. Já estão avisados sobre tudo o que ocorreu.
E. Katherine? Cadê Katherine?
G. Está bem, mas vai ficar por um tempo internada e já está fazendo um tratamento psicológico e acompanhamento psiquiátrico com uns remédios
E. E os meninos que fizeram aquilo?
G. Foram expulsos da escola todos os cinco, e os pais da Katherine, processaram eles e o juíz está fazendo uma ordem de prisão.
E. Você acha que vou ficar bem?
G. Sim meu anjo, você vai. Aliás, vou chamar a enfermeira e ela vai vir ver você.Ele chamou a enfermeira, ela veio no quarto, me deu remédio, fez uns exames e disse que pela manhã do outro dia, eu já poderia ir embora, eu já estava bem, apesar de tudo que aconteceu com meu corpo, eu estava bem. Fui ao banheiro e tomei um banho, voltei para cama, fiquei conversando com Gustavo durante horas e horas.
Acordei bem cedo e troquei minha roupa, chamei Gustavo para ir embora, a moça da recepção disse que eu poderia ver Katherine apenas depois das 17:00 horas, olhei no relógio e ainda era 08:00 da manhã. Entrei no carro de Gustavo, eu estava mole de fome, então passamos no McDonald's, e comemos. Chegamos na frente da minha casa. Fiquei do carro olhando. Então Gustavo disse que entraria comigo. Ele estacionou na garagem dele, fomos para casa. Assim que coloquei os pés em casa, tive um choque de lembranças, lembrei da cena, de entrar no banheiro e ver minha melhor amiga quase morta dentro do box. Segurei a mão dele, e subimos para o quarto, assim que entramos, fiquei gelada, coração disparado, então entrei, fui até a porta do banheiro que estava encostada. Empurrei com a mão, respirei fundo, e entrei. O banheiro ainda estava ensanguentado, o sangue estava seco. Mas eu ainda tinha lembranças horríveis. Comecei a chorar ali mesmo, meus pais já sabiam do que havia acontecido, eu não ia conseguir limpar aquele banheiro, sem ser torturada pela imagem dela jogada ali, liguei para os meus pais, e pedi para que eles contratassem alguém para limpar o banheiro. Gustavo segurou minha mão, me puxou para fora do banheiro. Ele me chamou para dormir na casa dele, eu aceitei, eu não iria conseguir ficar la na minha casa daquele jeito. Peguei uma bolsa, coloquei meu pijama, dois shorts jeans, uma camiseta e uma regata, meus pertences de higiene pessoal, blusa de frio e etc. Fui para o banheiro dos meus pais, enquanto Gustavo ficava me esperando no meu quarto, levei uma roupa para eu já sair do banheiro de roupa.
Sai do banheiro, fui até Gustavo. Ele pegou minha bolsa e me puxou até a porta do quarto. Me olhou sorrindo, e disse "vamos", afirmei com a cabeça, fomos até a casa dele. Ele disse que os pais dele, não ficam muito em casa, por causa do trabalho deles, então geralmente só fica ele, e de manhã a Joana fica também, para arrumar a casa e deixar comida. Meus pais me mandaram mensagem, falando que haviam achado uma moça para limpar o banheiro, falaram que a tempos estavam querendo contratar alguém para cuidar da casa, para eu não ter que ficar fazendo tudo, então eles já aproveitaram e contratam ela para cuidar de tudo por lá. Disseram que ela iria chegar pela manhã do outro dia, e que eu deveria dar uma chave cópia para ela e já deixar avisado na portaria do condomínio para eles sempre deixarem ela entrar. Liguei para a portaria, deixei avisado tudo, expliquei a situação, até por que eles devem ter ficado preocupados aquele dia, e mais ninguém sabe dessa história, então já deixei claro para eles. Subimos para o quarto do Gustavo. Me deitei na cama, e em seguida ele se deitou junto.
G. Então, hoje tu vai dormir no quarto de hóspedes, é do lado do meu quarto.
E. Ok, obrigado por me deixar ficar aqui hoje.
G. Relaxa.
E. Mais tarde vamos ir ver ela?
G. Sim...
E. Promete ?
G. Sim meu amor. Iremos sim.
VOCÊ ESTÁ LENDO
O Vizinho da Casa Ao Lado.
Novela JuvenilÉ interessante o jeito que as coisas funcionam e em como o destino age. Um acontecimento, pode mudar tudo na vida de alguém, Savana tem o que dizer sobre, a garota que ninguém vê, mas bom, um dia... Todos vêem.