13 | Eu não estava espiando

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Quando o sinal soou, Changkyun e eu andamos até o corredor, de mãos dadas e trocando sorrisos.

— Te vejo no refeitório — Changkyun disse quando chegamos na porta da minha sala. Me deu um beijo na testa e sorriu.

Esperei ele sumir de vista para eu poder entrar na sala, sem medir nem controlar minha felicidade. Hyungwon e Hoseok logo sorriram pra mim, e saltitei até minha cadeira.

— Podem me chamar de senhor Lim a partir de hoje — disse assim que me sentei.

— Como foi? — Hyungwon perguntou.

— Ele disse que gosta muito de mim — cantarolei.

— Então posso sair dizendo por aí que ChangKi é real? — Hoseok indagou, empolgado e já com o celular em mãos.

— Só quando ele falar com o Minhyuk.

— E quando vai ser isso?

— No intervalo.

— Minhyuk vai ficar furioso — o Chae murmurou.

— E a vitória será minha — falei. O professor adentrou a sala, pedindo silêncio e logo começou a escrever a matéria no quadro.

Eu estava ansioso para ver Changkyun. E mais ansioso ainda para ver Minhyuk perder e sofrer.
Será que isso faz de mim uma pessoa ruim?

[...]

Disse a Hyungwon e Hoseok para que fossem na frente, eu os acompanharia em breve. Dei uma última olhada no meu rosto, afinal, devia estar apresentável quando fosse anunciado o novo namorado de Changkyun.

— Sai, Changkyun. Eu não quero te ouvir — era a voz de Minhyuk. Me escondi embaixo da cadeira assim que seus passos tornaram-se audíveis. Atrás dele, veio Changkyun.

— Por quanto tempo vai fugir, Minhyuk?

Minhyuk bufou e bateu o pé no chão.

— Eu te dei amor por todo esse tempo e você vem me dizer que está terminando comigo? Por causa daquela vadia?

— Ei... — murmurei ao erguer um pouco a cabeça, e acabei a batendo na mesa. Chiei. Espero que não tenham me ouvido.

— Minnie, pare de se fazer de vítima. Acha que eu não sei que você foi pegar outros caras depois daquela festa do Hyungwon?

— Você beijou Kihyun primeiro!

— Eu ainda te amava. Por que acha que fui atrás de você?

— Você não me ama mais? — a voz de Minhyuk estava melancólica. Por um mísero segundo, senti pena do Lee.

— A gente se desgastou, Min. Não adianta mais corrermos um atrás do outro, quando queremos continuar nossas vidas com outras pessoas — Changkyun disse.

— Eu sinto muito por ter te prendido a mim por todo esse tempo.

— Min, olhe pra mim — de soslaio, olhei para o lado de fora, e Changkyun havia abraçado a gazela — eu vi que você estava intoxicado também. Você merece alguém melhor que Lim Changkyun.

— Então vamos fazer de conta que somos estranhos a partir de agora?

— Amigos, Min. Não conseguiria fazer de conta que não te conheço.

Minhyuk sorriu e assentiu. Seu rosto estava vermelho e ele fungou.

— E-Eu vou comer... — Minhyuk disse e saiu correndo para longe.

Duas batidas à porta, e em seguida sua abertura foram suficientes para eu saber que estava ferrado.

— Você é péssimo em se esconder, Kihyun.

Sai de debaixo da mesa, mas não sem antes bater a cabeça no metal outra vez. Changkyun controlou o riso e rolei os olhos.

— Você ficou aqui só pra ter certeza que eu terminaria com Minhyuk?

— Que? Não! Eu só estava me arrumando, então ouvi o Minhyuk berrar.

Changkyun se aproximou e tocou meu rosto.

— Não acha que já se machucou demais? — apontou para minha sobrancelha e o couro cabeludo.

— Achei que não tivesse percebido.

Ele beijou a ponta do meu nariz.

— Estávamos ocupados demais mais cedo pra eu dizer qualquer coisa — Changkyun disse e sorriu.

— Eu sinto muito pelo Minhuk — murmurei. Foi uma das coisas mais sinceras que disse em toda minha vida.

— Ele vai achar alguém que saiba dar valor nele.

Após um silêncio, Changkyun me puxou pela cintura, com um sorriso no canto dos lábios. Apoiei minhas mãos em seu peitoral e sorri também.

— Venha cá — ele disse baixinho e tocou minha nuca. Seus lábios logo tocaram os meus, e uma corrente eletrizante percorreu meu corpo. Changkyun era meu. Somente meu — vamos comer?

Assenti. Estava faminto. Além disso, queria mostrar meu namorado pra escola toda. Eu e Changkyun deixamos a sala de mãos dadas.

— Sabe o que podíamos fazer mais tarde? — ele perguntou. O olhei.

— O que?

— Jantar. Eu vou cozinhar pra você, e podemos conversar a noite toda. O que acha?

Sorri. Uma noite com Changkyun, conhecendo-o, passando o tempo que eu queria com ele.

— Acho uma ótima ideia — respondi, o dando um selinho breve após. Changkyun empurrou a porta do refeitório, e logo os olhos curiosos pairaram sobre nós. Que éramos o casal do ano, eu já sabia. Só não sabia que nos fuzilariam.

Changkyun não estava acostumado com tanta atenção, e para tranquilizá-lo, guiei-o pelo refeitório até a mesa em que Hyungwon e Hoseok estavam.
Quando nos sentamos, Hoseok assobiou.

— Finalmente nos conhecemos do jeito certo — o Shin disse e estendeu a mão para Changkyun, que a apertou — Shin Hoseok. Esse é meu namorado, Chae Hyungwon.

— Lim Changkyun — ele disse — e eu sei quem vocês são. Afinal, quem não sabe quem vocês três são?

Hyungwon sorriu convencido.

— Vocês têm planos pra hoje?

— Temos — respondi mais rápido que Changkyun e Hyungwon riu.

Em um piscar de olhos, senti o peso de meus ombros desaparecer, e todos os outros voltaram à suas vidas patéticas depois de tanto nos observar.

— Kihyun — o Chae acenou com a cabeça para trás, e então eu entendi: Jooheon — você precisa falar com ele.

— Ele já entendeu o que aconteceu — falei. Changkyun apenas nos olhava.

— Vá falar com ele, demônio! — Hoseok exclamou, e eu ergui os braços em rendição.

— Tô indo, tô indo — dei um beijo na bochecha de Changkyun — eles vão me zoar enquanto eu estiver fora, então não dê ouvidos.

Changkyun riu e assentiu.

Deixei o refeitório, meio receoso. Tinha a sensação de que magoaria Jooheon. E isso era o que eu menos queria fazer naquele momento.

I DON'T LIKE YOUR BOYFRIEND 「 Changki 」Onde histórias criam vida. Descubra agora