07 | É oito ou oitenta, caralho

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Assim que Hyungwon terminou de falar aquilo, eu parei de andar. Olhei para a cena nojenta de dorama chinês e rolei os olhos. Eu não podia fazer nada naquele momento, por dois motivos: primeiro, Kihyun não corre atrás de ninguém a partir de hoje, e segundo, a escola tem que continuar a me temer e não a me ver como um garoto frouxo.

— Kihyun, não faça nenhuma loucura — Hoseok murmurou.

Que se foda o primeiro motivo. Girei os calcanhares e arranquei Minhyuk do corpo de Changkyun, que me olhou incrédulo.

— O que pensa que está fazendo? — Minhyuk berrou.

— Cale a boca, a conversa ainda não chegou em você — eu disse olhando diretamente para Minhyuk. Ele encolheu os ombros e depois endireitou a coluna, com os olhos semicerrados — meu assunto é com você — falei ao voltar minha atenção para Changkyun — no final da aula, me espere no terraço.

Afastei-me minimamente de Changkyun.

— Isso não foi um pedido, foi uma ordem — acrescentei antes de dá-los as costas. Minhyuk começou a me xingar (nada que eu já não estivesse acostumado) e eu calmamente andei com Hyungwon e Hoseok até a sala. Pleno, brilhando, e arrasando. Diferente de Minhyuk, que parecia um quiabo.

Eu me sentei no último lugar e Hyungwon e Hoseok nas cadeiras ao lado.

— Você declarou guerra na frente da escola inteira — disse Hoseok.

— Uau, Capitão Óbvio, não tinha uma conclusão melhor? — o provoquei. Hoseok revirou os olhos e deitou a cabeça na madeira da mesa. Suspirou molhou os lábios — eu estou triste, Hoseok.

— O Capitão Óbvio não tinha uma conclusão melhor não? — Hoseok me provocou de volta, com um riso. Bufei. Deus, olha os amigos que você me deu. Eles riem da minha desgraça. Não que eu já não tenha dado trela da desgraça alheia, mas né — me prometa uma coisa, Kihyun.

— O que?

— Seja lá o que você for perguntar ao Changkyun e seja lá o que ele responder, prometa que você vai aceitar. Você vai seguir em frente, entendeu?

— Já passou da hora de você esquecer o Changkyun — Hyungwon se pronunciou.

Antes de responder, suspirei pesadamente.

— Prometo.

Prometo nada, eu adoro sofrer. Sou um masoquista sádico.

[...]

As aulas foram assim: eu olhava no relógio e era 12:20, aí depois de cinco minutos eu olhava outra vez e continuava 12:20. Meu Deus, eu odeio o ensino médio. Queria ter nascido rico e bonito! Ah, espera. Eu já sou rico e bonito. Então... queria não precisar estudar.

Decidi olhar a movimentação pela janela, já que o tempo demorava para passar. Suspirei. O que eu diria para Changkyun? "Tá me trocando, energúmeno?", ou "Eu sou melhor que o Minhyuk, dou uma amostra grátis na minha cama"? Argh, que ódio dessa criatura. Me revirou de cabeça para baixo com um beijo e agora está fazendo de conta que nada aconteceu! É oito ou oitenta, Changkyun! Vê se se decide, eu sou cardíaco.

O sinal soou e eu corri na velocidade da luz até o terraço. Nem me preocupei em pegar a mochila, apenas vim. O vento fazia o favor de bagunçar meus fios sedosos, e eu já estava começando a me arrepender de ter escolhido aquele local de encontro. Mas eu não podia voltar atrás. Não agora.

O tempo começou a passar, e eu comecei a ficar impaciente e mais ansioso. Andava de um lado para o outro, já tendo a certeza que Changkyun não viria. Caralho, eu dei uma ordem, ele devia obedecer.

E foi quando eu pensei em voltar para a sala e pegar minha mochila para ir embora, que Changkyun abriu a porta do terraço. Colocou as mãos nos bolsos e andou até mim, indiferente. Molhei os lábios e me aproximei dele também. Meu cérebro movia à manivela, eu não conseguia colocar o pensamento em ordem. Então, fiz a primeira coisa que Yoo Kihyun faria: beijei Changkyun.

Changkyun não me recusou, muito pelo contrário: seus braços abraçaram minha cintura de forma carinhosa, e o beijo que retribuiu me arrepiou e me deixou sem chão. Nossas línguas brigavam por espaço nas bocas alheias, e Changkyun andou para trás, até que encostou suas costas na parede. Sua destra acariciou minha bochecha enquanto ainda nos beijávamos; um toque gentil, como se ele tivesse medo de me quebrar ou me magoar — coisa que eu sabia que aconteceria.

Me afastei minimamente de Changkyun e contorci os lábios ao olhá-lo.

— Você está traindo Minhyuk — falei.

— Eu não posso fazer nada se gosto dos dois.

— Termine com ele logo — disparei. Changkyun riu sem vontade.

— Não posso fazer isso.

— Eu não quero fazer parte de um triângulo amoroso por causa da sua insegurança e medo de terminar com o Minhyuk — falei e me afastei de seus braços. Ah, merda. Kihyun, cale a boca — pra ficar comigo, tem que ser inteiramente meu. E se você pensou que era só vir aqui e dizer que gosta de nós dois que eu iria aceitar ser o amante, você está muito enganado. De vadia, eu só tenho a fama.

— Kihyun...

— Hoseok e Hyungwon estão certos. Está na hora de eu deixar meu amor platônico por Lim Changkyun e viver minha vida.

Após um silêncio, Changkyun se pronunciou:

— Me desculpe.

Por um momento, eu fiquei com dó. Mas então me lembrei de tudo o que aconteceu até agora: quem estava brincando comigo era o próprio Changkyun. Inocente? Lerdo? Era apenas uma atuação para chegar até onde chegamos.

— Me erra, Changkyun — eu disse e saí do terraço. Desci a escada rapidamente e corri até a sala. Sentei na cadeira e me permiti chorar.

Quem era Lim Changkyun? Será que ele está fazendo só a mim de tolo, ou a Minhyuk também?

Foda-se o Minhyuk, ele merece sofrer mesmo. Mas e eu? Como eu fico?

Decidi que não choraria por aquele embuste. Assim que chegasse em casa, ligaria para o Wonie e o Hoseokkie e os pediria para dormirem lá. Sequei o rosto — que devia estar um pouco inchado — e me levantei da cadeira, tendo uma surpresa não muito agradável.

— Você falou, agora é minha vez — Changkyun ditou, do batente da porta.

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I DON'T LIKE YOUR BOYFRIEND 「 Changki 」Onde histórias criam vida. Descubra agora