Procura-se, manual do amor.

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Passadas cinco semanas do acontecimento e já se aproximando das férias, tudo parecia normal no colégio. Aliás, Peter fazia de tudo para não encontrar Rafael nos corredores do colégio, na lanchonete e até mesmo na biblioteca. Estava mais atento do que nunca. Mesmo assim as provocações em classe continuavam mas Peter sabia que em classe, Rafael e sua turma não poderiam fazer nada além de provocações.

No dia seguinte, Peter já estava indo para a escola, acompanhado de Maria.

- Eae, como é que tá a máquina? Perguntou Maria.

- Será que hoje é meu último dia de vida? Respondeu Peter.

- Relaxa, Peter... mas então e a máquina do tempo?

- Como assim relaxar em uma situação dessas?

- Para, eu já te disse que eles são inofensivos.

- Como você tem tanta certeza? 

- Vai por mim, eu estou com você!

"Ai, meu coração", pensou Peter ficando com o rosto vermelho.

Após este breve diálogo, caminharam sem dizer uma sequer palavra até chegar ao colégio.

  - Bom, hoje eu vou passar a tarde um pouco na biblioteca, sabe né, preciso ter certeza que o Rafael já tenha ido embora.

- Aí, Peter, já faz mais de um mês que isto aconteceu...

E juntos foram para a sala de aula.

Durante a aula toda, surpreendentemente nenhum dos grupos intimidaram Peter, apenas havia como sempre ás mesmas provocações. "Inútil", "nerd", "pequena bosta andante", etc.

 Ficou por duas horas na biblioteca e só resolveu sair pois percebeu que ninguém ficaria a sua procura por tantas horas. No caminho para casa foi olhando atentamente para cada lugar, com um olhar de desconfiado.

- Oi, mãe, cheguei. Disse Peter, entrando em casa.

Ela não respondeu, mas se ouvia uns cochichos vindo da cozinha. Peter foi caminhando até lá.

"Ah, Peter morre de medo delas, não pode nem vê-las em foto.". Dizia dona Lurdes.

" É mais... e sobre o di...Ah, oi, Peter. Disse Maria, um pouco assustada ao ver Peter na porta da cozinha.

- Oi, é... o que você está fazendo aqui? Disse um pouco assustado.

- Nada, Peter, só estavam jogando conversa fora enquanto você não chegava, sabe queria te ver. Disse Maria.

Peter ficou vermelho.

- Bom... é... eu cheguei... é...

- Crianças, eu já vou indo. Dinheiro não nasce em árvore.

- Na verdade, mãe, nasce sim, sabia qu...

- Foi só um modo de dizer, querido, bom, vou indo.

E dona Lurdes, indo em direção a Peter, sussurra.

- Essa é a hora, se declara para ela.

- Mas eu não sei o qe dizer... sussurrou Peter, um pouco confuso.

- As palavras irão sair, querido. Boa sorte...

- Tchau Maria, completou dona Lurdes

- Até, dona Lurdes.

E foi embora carregando sua cesta de bolinhos.

- Bom.. é... tá tudo bem? Disse Peter.

- Tá sim... por que não vamos até seu quarto?

- Cla...claro

"Socorro, não sei o que fazer... e se ela me agarrar... como é que se beija?", pensou preocupado.

E subiram até o quarto.

- Nossa, já falei o quão incrível é o seu quarto?

- É sim , mas...

- E a máquina, me diz como é que tá.

- Sério que vamos falar sobre a máquina?

- Tem coisa mais interessante?

"Óbvio que tem, eu"... - É, não.

- Bom, já está quase na metade.

- E quando pretende terminar a máquina?

- Bom.. até a metade das férias lhe garanto.

- E você acha que vai funfar?

- Bom, eu li o máximo de livros disponíveis, pesquisei muito e fui juntando os pedaços do quebra cabeça. Pelos meus cálculos, vai dar certo sim. 

- Peter, você é um gênio.

- E você... é tão... linda. Disse Peter olhando nos olhos de Maria.

E quando seu rosto foi se aproximando ao de Maria...

- Ah, tenho que ir agora.

- Maria, espera!

E ficou um silêncio de alguns segundos.

- Eu queria falara uma coisa muito importante, desde a primeira vez em que te conheci.

- Diga, Peter. Falou com pressa.

- É... amanhã é a minha vez de pagar o lanche.

- É, to ligada, bom, já vou indo então, xau.

E foi descendo as escadas em direção à saída. Peter estava paralisado e um pouco confuso.

"Vai atrás dela agora, Peter", disse em pensamento.

E foi o que fez, saiu correndo até a porta, mas Maria já tinha ido.

"Ela ainda deve estar na sua calçada, anda logo", e de novo sua mente o confrontando.

Já na rua, Peter conseguiu enxergar de longe um pontinho redondo de longe, com certeza era Maria.

Seguiu-a tentando a alcançar, mas ela parecia estar com pressa. Até que virou em um beco escuro, onde Peter não conseguiu mais a vê-la. Só restando ele e o silêncio da rua.

"Poxa, não sabia que a Maria morava tão longe, onde será que é a casa dela?", pensou.

"Bom...acho que vou comprar um manual do amor para poder aprender a pelo menos falar direito.", completou.

Peter estava falando sério sobre a compra de um manual do amor. Para muitas pessoas esses manuais sobre como se apaixonar ou até mesmo de como atrair a pessoa amada pode parecer ridículo, mas realmente Peter não sabia de nada sobre o assunto, nunca teve uma namora e ainda era bv, sim, ainda era... e por essas razões, nada melhor que aprender, pelo menos alguma coisa, ter pelo menos um ponta pé inicial. 

A verdade mesmo é que nunca haverá um manual do amor que funcionará para todos, afinal somos diferentes. A definição de amor para alguns pode ter significados diferentes para outros, assim como o modo de vestir, pensar e agir. Ah, o ser humano e seus hábitos excêntricos que o faz dele diferente dos outros animais. É uma pena que nem sempre os usamos para o bem...

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