Apaixonado? É de comer?

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Era fim de semana e Peter, por mais que Maria tenha mexido com seu coração, não perdeu o foco. Estava trancado em seu quarto, lendo os livros pegos na biblioteca. Todos falavam sobre viajar no tempo e havia inúmeras teorias de como construir uma máquina do tempo. Peter já tinha a ideia em sua mente e no papel e só precisava aperfeiçoa-la.

Já de manhã, dona Lurdes se depara Peter dormindo na cadeira.

- Peter, Peter, acorda!

- Ahn? Acho que dormi um pouco...

- Um pouco? Menino, você ronca demais, sabia? Espero que com essa máquina do tempo, você mude o passado e me aconselhe a comprar aqueles fones protetores circum auriculares.

- Mãe, a senhora sabe que o meu interesse é o futuro e juro que quando eu voltar de lá, te presentearei com muitas tecnologias anti-ronco.

- Ah, sabe de uma coisa? Só me fale quais serão os números da loteria que eu já estou satisfeita! Agora vá se arrumar, pois estarei lá em baixo te esperando para o café da manhã.

E saiu do quarto.

Não sei ao certo se a dona Lurdes acreditava que seu filho realmente iria viajar no futuro, mas eu queria comentar algo que me chamou muito a atenção. A dona Lurdes sempre apoiava Peter, mesmo se fosse mais uma de suas invenções malucas. Outra coisa admirável, não importava qual era o horário das refeições. Peter e dona Lurdes sempre comiam juntos, na mesa, aliás era o único momento que os dois conseguiam por a conversa em dia com calma.

- Então, como está indo a máquina? Pergunta, dona Lurdes já na mesa do café com Peter.

- Já tenho bastantes anotações, agora só preciso reler o livro "A Teoria do Big Bang" mas está com uma menina nova aí, espero que ela devolva logo.

- Como assim existe outro maluco na sua escola? Pergunta a mãe espantada.

- Eu pensei o mesmo, mas ela é diferente dos outros...posso fazer uma pergunta?

- Claro!

- Quando eu a vi senti algo diferente, meu coração acelerou, sabe. Foi uma sensação muito estranha mas boa.

- Acelerou mais do que quando você andou pela primeira vez no Chapéu Mexicano?

- Muito mais!

- Querido, não acredito nisso...

- O que? Eu estou com alguma doença do coração?

- Eu não diria doença, você está apaixonado!

- Mãe, por favor, eu já disse que não sinto essas coisas.

- Bem vindo ao mundo, Peter. Mal posso esperar para ter meus netos...Peter quero um casal de gêmeos.

E os dois começaram a rir por um tempo e voltaram a comer.

Após a refeição dona Lurdes foi trabalhar, não descansava nem nos fins de semana. Sei que falo muito sobre a dona Lurdes, mas ela merece. É um exemplo. Se todas as pessoas fossem como dona Lurdes, o mundo seria tão melhor. Prometo que trarei um capítulo apenas descrevendo a dona Lurdes e vocês vão perceber o quão especial ela foi. Mas voltando...

 Peter voltou para o seu quarto, ainda tinha muito trabalho pela frente, só que havia um problema agora.

"Seu cabelo é tão bonito, seu rosto, seus olhos, seu modo de andar...ahh" , pensou.

- Que isso, Peter se lembre que não existe a palavra paixão no seu dicionário!

- Mas ela é mexeu comigo...

- Chega desse papo! Volte ao trabalho.

Sim, ele estava falando com ele mesmo. Ás vezes Peter fazia isto. Desafiava ele mesmo, talvez por causa de não ter nenhum amigo por perto para poder desabafar, mas isso não o abalava. Não ligava para isso. Realmente não entendo o por quê de os alunos zoarem tanto ele. Não devia estar me adiantando muito, mas pode apostar que isto vai mudar. Bom, melhor continuar...

[...]

É segunda-feira, tãn tãn tin tin ba bum, toca o despertador. Peter acorda, vá se arrumar, dá um beijo em sua mãe, mas come rápido seu café, queria chegar bem mais cedo hoje na escola.

- Tchau, mãe, vou mais cedo hoje, você sabe né tenho que ver se a Maria já devolveu o livro.

- Sei muito bem quem você quer ver...Maria hein, minha nora tem um belo nome. 

- Sofro bullying até de minha própria mãe, ah vida cruel!

- Isso se chama realidade, querido. O amor nem sempre chega para todos...mas quando chega arrasa qualquer coração.

- Ah , mãe para vai!

- Você é um dos sortudos no amor, Peter. 

- Sra. Lurdes, quanta ousadia, hein. Sabes que eu vou morar pra sempre e sempre com você né? Agora tenho que ir, beijos

- E só volte se estiver acompanhado de Maria. Te amo!

Já falei o quanto a dona Lurdes foi incrível? Pior (ou não) é que ela estava certa, Peter voltou para a casa no mesmo dia, acompanhado de Maria.  

O Mistério do FuturoOnde histórias criam vida. Descubra agora