Garoto vermelho.

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- Peter, posso entrar? Disse dona Lurdes, batendo na porta de seu quarto.

Concentrado na máquina, responde:

- A porta tá aberta. 

- Puxa! Não sabia que você já estava tão adiantado!

- Pois nem eu sabia! Refiz alguns cálculos e descobri que precisava de apenas um suporte e não três, com o formato de um tronco de cone base 90cm, altura 30cm e massa acima de 10kg... ah e outra coisa, sabe o radiador do carro velho do do pai que tava no porão? Então, ele cabe direitinho graças ao atrito que a plataforma de borracha tem, só falta eu instalar ele rapidinho, sem contar que...

- Peter, calma! Não consegui entender a partir da palavra "cálculo", tem como repetir com palavras mais fáceis?

- Economizei uns seis dias, ou seja, próximo sábado se nada falhar, estarei em um carro voador, dona Lurdes.

- E o colégio, hein? Não se esqueça de voltar antes para a aula de segunda!

- Ah, com certeza voltarei bem antes e cumprir minha carga horária de seis horas e meia de colégio.

- Peter, querido... já imagino todas as universidades do mundo querendo o meu menino viajante do tempo!

- Nossa... não parei pra pensar nisso.

- Nas manchetes dos jornais: Peter, o primeiro brasileiro a ganhar um prêmio Nobel.

- Ah, é agora que eu termino essa bagaça!

- Ai ai, pausa para o almoço?

- Mãe, depois das suas sábias palavras, deu vontade de ficar aqui terminando um treco aqui na máquina.

- Que treco?

- Encaixar o radiador e ajustar o painel de controle da cabin... ahh preciso de uns materiais que faltam, não achei no porão. 

- Ah isso eu posso comprar, só me falar qual material que você quer e as medidas.

- Pode deixar que eu compro. Vou até anotar aqui pra não esquecer.

- Você ainda vai usar todas essas tranqueiras que estão aí no chão ou já posso levar tudo de volta para o porão? 

- Ah não, mãe. Talvez eu ainda use alguma coisa... e outra, eu que vou levar o que sobrar para o porão. 

Como eu já tinha dito antes, o porão era assustador, tinha cheiro de mofo, insetos estranhos e muita mas muitas teias de aranhas. Peter sempre que ia para lá buscar alguma peça útil para a máquina levava uma lanterna, mesmo de dia e uma garrafa de água. Segundo ele, se a porta do porão emperrasse, pelo menos sobreviveria alguns dias com a água, até o resgate chegar. Até que seu raciocínio tinha lógica (ou não). Mas continuando...

- Está bem, mas vou querer este quarto impecável quando tiver terminado a máquina.

- Sim senhora... bom só mais dez minutinhos e eu juro que eu desço para almoçar.

- Bom, você quem sabe. Eu já vou arrumando a mesa.

Peter ficou esse tempo ajustando o radiador, que por sorte se encaixava na media em um espaço atrás da cabine. A máquina já estava quase pronta, só faltava a base e um cabo que conectaria todas as partes da máquina. Se não fosse pelo plano de Luciana, Peter já teria terminado. Mas também possivelmente veria seu futuro, mas sem a Maria. Mas falando nisso...

Peter e dona Lurdes já estavam na mesa do almoço e como sempre, o que não faltava era assunto.

- Querido, como foi ontem com a Lu? 

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