| 15 | Cara a Cara (I/II)

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Yoongi's P.O.V.

"Seguir a estrada, você tem que seguir a estrada", as palavras saem de meus lábios estremecidos, como uma oração interna. A única ponta de esperança a qual posso me segurar. 

Esfrego as mãos no rosto, limpando o suor e me acalmando, tentando espantar a dor em minhas pernas de minha consciência. Já não sei mais há quanto tempo estou andando, ou para onde estou indo. 

Mas isso é só um detalhezinho. Minha cabeça não para por um segundo depois de tudo que vivi nos últimos... momentos, por assim dizer. 

A maneira com que tratei meus amigos, aqueles que considero meus irmãos, minha família. As expressões de tensão nos rostos de Jin, Hobi e Jimin sempre que eu estive por perto. O desespero nos olhos de JungKook naquela noite em que ele estava coberto de hematomas, o ódio por Namjoon, o olhar de culpa de Taehyung quando o acusei de ter sido a causa para Léia ter acabado no hospital. Léia...

Meus joelhos enfraquecem e caio com tudo no asfalto da estrada, me encolhendo em posição fetal enquanto a dor mental passa a ser física. Meus olhos se transformam em cascatas. Me sento e olho para o céu, com ódio. 

- Eu sei que eu errei! - grito a plenos pulmões. - Eu sei, tá legal? Eu errei e eu peço desculpas! 

Tudo que obtenho como resposta é a buzina de uma picape que passa a centímetros de mim em alta velocidade. 

Me levanto e corro atrás do carro, praguejando-o. 

Puxo meus cabelos, grito, preguejo, amaldiçoo. Estou transtornado. 

Mesmo estando alguns metros adiante na estrada que não parece ter fim, algo me chama a atenção. Uma corrente fina de fumaça saindo da floresta de pinheiros às margens de onde eu estou. 

Adentro a floresta e não me leva muito até achar a fonte de fumaça. Ela sai de uma chaminé de tijolos vermelhos, acoplada ao telhado de uma cabana. Minha cabana. 

Minha cabana nos arredores de Daegu. 

Ando diretamente à porta, girando a maçaneta e abrindo-a. Um barulho em protesto. 

Varridas pela porta, vejo garrafas de vidro e cacos triturados. Me movimento devagar pelo hall de entrada da cabana, os cacos estalando sob meus pés. Vejo partituras, letras de músicas, rascunhos, canetas e cadernos espalhados. Um teclado jogado sobre um sofá. 

Além de toda a bagunça, outra coisa chama minha atenção. No final da cabana, diante de uma mesa de mixagem, há uma figura de cabelos ruivos sentada em uma cadeira. 

- Léia? - sussurro e fico parado no meu lugar, sem saber o que fazer. 

A figura parece me ouvir e se vira em minha direção. Mas não vejo Léia. 

Vejo... a mim mesmo. Mais jovem, menos cansado, menos transtornado, os cabelos de um vermelho vivo. 

Meu Outro Eu me olha fixamente. 

E em meu íntimo sinto crescer uma mistura de sentimentos liderados pela raiva. Não suporto olhar para a minha pessoa. Não suporto saber que aquele que me admirava pelo espelho era quem carregava os traços de uma pessoa perigosa, transtornada e claramente sem coração. Que aquele monstro e eu convivíamos dentro do mesmo corpo. 

Avanço em direção ao meu Outro Eu, puxando ele pelo colarinho e o levantando para que esteja na altura de meus olhos. 

- Como você ousou fazer isso com eles? Como? Eles eram seus irmãos! E ela era o amor da sua vida! - esbravejo. 

Meu peito sobe e desce rapidamente, estou suspirando enquanto choro olhando para o meu Outro Eu, que me encara sem expressão alguma. 

Empurro-o e aponto o dedo para ele. 

- Você... você vai pagar por tudo que fez... - digo. 

Ele sorri de lado. 

- Você mal imagina. 

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Olá! 

Feliz dia do leitor! Como passaram as festas de fim de ano? (espero que em segurança). 

Bom, postei e saí correndo!

Um beijo <3


Save Me From The Fire {Min Yoongi} - Livro 3Onde histórias criam vida. Descubra agora