| 1 | O meu primeiro pilar em ruínas (I/II)

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Léia's P.O.V.

Acordo tossindo água para fora dos pulmões. 

Estou novamente no corredor em que acordei pela primeira vez. O chão molhado reflete as pequenas luzes de emergência nos cantos superiores. 

Diante de mim há uma porta vermelha. Me levando e abro-a. 

Entro em uma sala perfeitamente quadrada, com um vidro transparente na parede frontal e, grudado nele, um papel. O vidro não revela nada. Está escuro. Mas vejo meu reflexo na janela: cabelo arrumado, rosto arrumado, uma blusa bacana, uma saia, uma bota. 

É estranho me ver assim... não é bem dessa forma que lembro de mim mesma. Mas outra coisa chama mais minha atenção: um papel colado no vidro. Me aproximo da "janela" e pego o bilhete, endereçado a mim:

O acerto vem a partir do erro reconhecido
Rápido, corra contra o tempo
Poupe o mais novo do que não o era merecido.
1:11.

Há um endereço no verso do papel.

Assim que termino de ler em voz alta, vejo que algo se ilumina lá fora. Encosto meu rosto na janela e faço uma concha com as mãos ao redor dos olhos para poder enxergar melhor: é a lua. E seu reflexo em movimento no mar. 

Ouço um grito sair de minha garganta assim que uma porta à minha esquerda se escancara subitamente. O vento que entra é gelado e salgado. 

É claro que saio pela porta e lá fora encontro o céu azul escuro, a lua brilhando e o mar rugindo. Aquele cenário me é totalmente familiar. Olho ao meu redor, vejo a caixa de cimento da qual acabei de sair em contraste com a cidade gigante à beira mar. Olho novamente o endereço no verso do papel e me dou conta: estou em Busan. 

Saio da areia onde me encontro e vou para a avenida da orla, sendo levada por minhas pernas que parecem ter vida própria enquanto tento entender sobre o que se trata tudo isso. Penso em diversas hipóteses, mas todas parecem absurdas para mim. 

Com a noção de espaço e tempo debilitadas em meu cérebro, mal percebo quando chego ao meu destino, mas minhas pernas e meus pés dentro daquela bota de salto dizem que estou andando já faz um tempo. Olho em volta: jovens com roupas frescas e elegantes, todos se dirigindo a um grande estabelecimento, do qual dava para ouvir o som abafado de música eletrônica. Uma balada. 

Isso me é familiar demais, penso. 

Mesmo assim me misturo com a leva de jovens e entro na balada, o som está tão alto que parece que meus ouvidos sangram, mas logo tudo parece ficar "agradável", "acostumável" por assim dizer. Vou direto para o bar, o local onde as conversas vêm e vão, e o motivo para a resposta do porquê eu estou aqui pode muito bem ser respondida lá. Peço um energético e logo sinto uma mão extremamente gélida no meu braço e sou puxada para o mar de gente, para a pista. Me vejo diante de 6 rostos familiares, mas ao mesmo muito distantes: Jimin, Mon, Hoseok, Kook, Tae e Jin. Somente um deles está totalmente nítido: Jungkook. 

Por mais que meu cérebro tenha uma sensação de deja vu, meu corpo é levado pelo flow, o calor do momento: danço e me divirto com os rostos que meu coração tanto implorava para ver. 

A noite passa rápido, mas em meio a tanta diversão, todos fora de si, vejo JungKook se afastando do grupo, com uma cara enjoada e a mão na barriga. Ele está passando mal. Vou atrás dele:

- JungKook, espera! - grito para que ele me ouça acima de todo o barulho a nossa volta. 

Saímos da balada, vejo JungKook cambaleando alguns bons passos a diante. Grito novamente para que ele me espere, mas o menino continua andando, e depressa. Paro, tiro meus saltos, e corro até ele, deixando-o andar apoiado em mim. Diferentemente da mão que me puxou na balada, o corpo de Jeon está quente. Fervendo. 

Save Me From The Fire {Min Yoongi} - Livro 3Onde histórias criam vida. Descubra agora