Aquele Piloto (Romance Gay)

Capítulo Bônus (Único)

×Visão de Finn

– Era um dia importante. Eu estava me preparando para entrar no carro da Mercedes depois de comemorar meu sexto ano na equipe. Me sentia renovado, como nunca tinha me sentido em todos esses anos correndo com ela. 

Nesse meio tempo, me sentia fazendo parte de uma grande família, pois todos se ajudavam. Embora o cenário tivesse uma pressão imensa para nos tornarmos e permanecermos sempre como os melhores, dentro da equipe titular era visível o apoio e parceria entre pilotos – fora que os que eram antigos carregavam muito respeito daqueles que treinavam para assumir nossos lugares.

Antes de entrar no carro Hamilton me cumprimentou com um tapa nas costas e eu o cumprimentei de volta. Estávamos pressentindo que algo de muito bom iria acontecer com a minha carreira. Ele estava correndo para conseguir ser campeão, mas eu estava louco para me tornar campeão pela primeira vez e vinha me esforçando para conseguir – todos os anos, embora sempre ficado no top três, precisava alcançar o primeiro lugar.

Fechei em segundo lugar na temporada passada, apenas atrás de Hamilton e os comentários no setor automobilístico era que em breve eu tomaria o posto dele de melhor corredor, já que até agora eu estava com alguns pontos a mais que ele.

– Os ânimos com a equipe da Mercedes estão à flor da pele... – Escuto um comentarista falar. Os autofalantes estavam montados para as arquibancadas que estavam lotadas, muitas pessoas ali esperavam a minha vitória se concretizar, incluindo eu mesmo.

Precisava chegar no topo da minha carreira, pra enfim me sentir totalmente realizado e acho que esse é o segredo pra mim: sonhar cada vez mais alto, assim a realização fica cada vez mais saborosa. 

Em muitos lugares no meio das multidões, eu via faixas quilométricas com meu nome e o de Hamilton, enfeitadas com vários corações ou frases de torcida e apoio. Todas as vezes que percebia o carinho das pessoas por mim, acenava pra elas, demonstrando gratidão por todo aquele apoio que vinha me seguindo por tantos anos. Fazia meses que ele e eu tínhamos nos tornado a dupla de garotos propaganda da marca e por causa disso sempre que a Mercedes lançava um carro novo ela lançava a versão especial do carro, para pessoas com deficiência física também.

Esse impacto de mudança era um dos que mais considerava significativo na minha carreira. Fazer uma empresa daquele tamanho tomar consciência de pessoas como eu era algo que fazia com que a minha carreira inteira valesse a pena.

Depois que consegui me destacar entre os corredores, a Mercedes criou uma arena de testes apenas para pessoas com deficiência física, sendo que atualmente eu e outro rapaz que não tem um dos braços corremos para a nossa equipe – ele ainda sendo piloto teste. O novo slogan dela naquela época era "The best for diversity" (O melhor para a diversidade), o que acabou por chamar atenção de diversos investidores que também seguiam essa linha de raciocínio – fora o aumento de vendas de seus carros, como forma do público de demonstrar apoio. 

Por causa das minhas entrevistas sobre o quanto minha empresa tinha me ajudado, mesmo depois do meu acidente – e não deixou de acreditar no meu potencial – era visível para muitas pessoas que mesmo sendo uma empresa que visava lucro – como qualquer outra – a Mercedes alcançou um patamar de não se importar apenas com isso. Eles nunca tiveram obrigação de me acompanhar, pagar meus tratamentos e desenvolver carros específicos para que eu pudesse dirigir mais uma vez, mas mesmo assim fizeram.

– E os pilotos se preparam para a corrida final da temporada. – outro comentarista fala e eu, mesmo com todo aquele barulho de carros enquanto me arrumo dentro do meu, consigo ouvir.

– É senhores, pra quem vão suas apostas? – uma comentarista fala.

– As minhas sem dúvida vão para o Longford. – outro responde.