1 - O pior dia do ano?

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Ao entrar em casa, caminhei até o fim do corredor e entrei no meu quarto. Guardei o livro na gaveta da cômoda que ficava ao lado da minha cama, assim como tinha prometido fazer. Parei um pouco pra notar que minha casa estava uma bagunça. Muitas vezes durante a semana o local ficava desta forma, mas o que eu podia fazer? A preguiça me vencia quase sempre... Agora, por exemplo, não estava nem um pouco animado para arrumar um terço disso tudo.

Meu quarto era de tamanho médio, mas tinha uma cama espaçosa pra compensar. Ela era embutida no meu guarda roupa que ocupava uma parede inteira. Do lado oposto, havia uma pequena estante e uma TV. 

Saí do quarto e pensei no que fazer para me distrair desse dia tão desanimador. O corredor principal também dava para todos os outros cômodos. Minha casa não era pequena, mas também não era grande. Não havia um segundo andar, um porão ou um sótão. Em frente ao meu quarto, ficava o banheiro. Próximo a porta principal, ficava a passagem para a sala de estar, que era dividida com a cozinha por  um pequeno balcão com assentos. 

Sempre gostei de decorar cômodos. Hoje, tenho minha casa do jeitinho que eu gosto. Estar aqui me faz bem, mas é como se sempre faltasse alguma coisa...

Decidi tomar um banho pra relaxar, e enquanto canto algumas músicas como estou acostumado a fazer, escuto a campainha tocar diversas vezes. Rapidamente, desliguei o chuveiro e mal me sequei. Vesti minha roupa e saí correndo até o fim do corredor.

— Quem é!? 

— Sua primeira crítica oficial. — ouvi minha amiga responder, brincando.

Abri a porta. Era Selina. 

— Você não disse que vinha agora. — sorri meio sem graça. — Vem, pode entrar.

Conheci Selina em um jantar em comemoração de um emprego que tive por pouco tempo, há uns dois anos. Ela era namorada de um colega de trabalho, mas hoje em dia não está mais com ele, é solteira. A moça tem 23 anos de idade, é magra, de pele clara, olhos verdes, cabelo liso e preto, bem curtinho e com uma leve franja jogada pela testa. Desde aquela noite, nos tornamos grande amigos.

— Ai, gente, que calor está fazendo hoje. — ela disse, jogando a bolsa no sofá e sentando ao lado logo em seguida.

— É mesmo. — respondi, sentando ao lado dela. 

— Olha, Artie, terminei de ler o seu livro. — parece que ela estava contendo um sorriso.

— Nem me fala nisso, eu...

— Garoto, você escreve muito bem! — ela se empolgou. — Eu amei a história! Chorei, ri, sofri... E no fim estava apaixonada por tudo o que você escreveu. Está de parabéns.

— Obrigado, Selina, mas é que...

— O quê? — fez um olhar de preocupação pra mim.

— Eu não consegui nenhuma editora hoje. Todos recusaram meu livro. 

— Nossa... Mas por quê? O que disseram pra você?

— Ah, não gostaram, só isso. — tentei ser direto sem me explicar muito. — Porém, talvez estejam certos, talvez eu não tenha nascido pra ser escritor.

— Cara, você ouviu tudo o que eu disse aqui?

— Sim,e eu fico muito feliz que você tenha gostado, mas não é assim que funciona, infelizmente. Eles têm que gostar também. — expliquei com as sobrancelhas erguidas. 

Selina suspirou.

— Artie, você tem 24 anos. É jovem. Já pensou em se mudar pra outra cidade, talvez? 

Dois homens, um coração (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora