4 - Não ouse

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O dia estava sendo extremamente irritante. O senhor Mason toda hora colocava algum artigo a mais na minha mesa para eu traduzir. Só hoje acredito que foram mais de uns trinta. A pior parte é que cada um deles é longo. Além de tudo isso, ainda tive que ficar cuidando das traduções que estou fazendo para o site oficial da empresa e páginas de redes sociais. 

— Anda logo, Arthur, a gente não tem o dia todo! — Christopher gritava algumas vezes, ao ver que eu não era o robô ultrarápido que ele esperava que eu fosse.

Exausto, pude respirar fundo assim que deu a hora do intervalo. Levantei da cadeira e saí pela porta da minha sala, estava indo pegar um copo de café quando vi ele, em tamanha pressa, saindo do elevador e passando por mim em direção contrária. 

Esbarrou no meu ombro.

— Ei, cuidado! — exclamei e olhei pra trás. 

— O intervalo é para os fracos!   — Christopher disse em tom alto pouco antes de entrar em seu escritório.

Fiquei boquiaberto ao ouvir o que ele tinha acabado de dizer, mas não era nenhuma surpresa. Tudo de ruim poderia sair daquele estúpido. 

Acho que ele ser bem sucedido e bonito eram suas únicas qualidades. Óbvio, longe de serem as mais importantes em alguém. 

  ∞  

Ao chegar no térreo, Andrea sorriu pra mim. Dei a volta no balcão em que ela ficava e entrei na sala com acesso somente aos funcionários, logo atrás. Lá, pude finalmente beber um pouco de café para me manter acordado e focado. 

— Parece estressado. — Andrea comentou enquanto também pegava café. 

— Não sei até quando vou aguentar mais aquele estúpido. — revirei os olhos.

Andreia gargalhou.

— Enquanto estiver aqui, terá que aturar. — Sun, que também estava na sala, fez uma cara engraçada após comentar.

— Ou talvez não. — dei de ombros. 

Andrea e Sun se entreolharam.

— Bom, acho que já vou subir pra minha sala... — pensei em voz alta. — É melhor adiantar aquela pilha de trabalho.

— Mas já? Mal aproveitou seu intervalo. — Sun perguntou.

— Quero me livrar o mais cedo possível. O dia hoje está cheio. Com licença.

Me retirei do local e fui até o elevador. Apertei o botão para chamá-lo e enquanto esperava, meu celular tocou.

— Alô?

— Amour! Comment allez-vous?

— Mark. — soltei um riso discreto e olhei pro chão. — Seu francês está... melhorando. Estou bem, e você? 

— Pensando em você. 

— Jura?

— Sim. Por que não?

— Bom, é que... você não costuma me dizer essas coisas. Ainda mais me ligar pra comentar algo tão... banal.

— Deu saudade de falar com você e de ouvir sua voz também.

Dois homens, um coração (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora