8 - A Salvo?

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Alguns flashes diante dos meus olhos. 

Alguém me segurou.

Fui levado pra cima. 

Respirei.

Ouvi tosses.

Fui arrastado pra fora do lago, com as costas deitadas no gelo.

Borrões tanto claros como escuros.

Não sabia ao certo se estava sonhando ou delirando. Talvez estivesse enquanto estava me afogando e a morte me dando boas vindas. Do contrário, talvez fosse realidade e eu estava sendo salvo mesmo.

Parece que eu tinha ficado um bom tempo desacordado, mas acordei com um susto e estava tremendo muito. Percebi que estava enrolado em vários cobertores, deitado em um sofá bem próximo do calor de uma lareira. A sensação que eu sentia era horrível e minha mente não estava conseguindo assimilar nada.

Eu tinha morrido?

— Ei, garoto. — uma voz familiar me chamou.

— M-Mark...?

— Não tem nenhum Mark aqui. 

Ao abrir os olhos de vez, pude ver um pouco a sala em que estávamos e a pessoa que estava sentada na minha frente. 

Não acreditei, era Christopher.

Mas ele me salvou? Eu estava de volta com ele naquele prédio que estava mais pra um tipo de purgatório? De qualquer modo, já estava planejando minha fuga de novo, eu não queria ter que ficar perto dele nunca mais. De repente, me sentei. Estava me sentindo menos pior. O que mais me incomodava, na verdade, era o frio intenso que ainda sentia, fazendo com que eu tremesse cada vez mais.

Ok, já tive tempo para assimilar tudo. Eu não tinha morrido. Fui salvo, estava vivo. Vivíssimo.

Não, eu não estava no prédio da ViennaLife. Era um lugar que eu nunca tinha visto antes. Christopher estava com uma outra roupa, mas seu cabelo ainda estava todo molhado. Eu não acredito que ele pulou naquele lago pra me ajudar. Por que ele faria isso, afinal? Será que no fundo ele tem mesmo um pouco de empatia?

Ele sentava com os joelhos distantes um do outro e seus cotovelos apoiados neles. Suas mãos estavam entrelaçadas e ele me olhava como um doutor olha um paciente, até com um pouco de preocupação, arrisco dizer, por mais que isso soe estranho vindo de alguém como Christopher Mason.

Uma porta se abriu e entrou um senhor vestido como um mordomo. Usava até luvas brancas. 

— Ah, o senhor acordou. — sua voz suave disse ao me ver. 

Eu ainda estava sem palavras, então apenas o fitei. Ele se aproximou com uma bandeja de prata e a deixou em uma mesinha perto dos sofás. Nela, estavam duas xícaras com chá.

— Por favor, senhor, beba. Vai fazer bem. — disse a mim. 

Eu acenei e peguei uma xícara, logo depois de Christopher pegar a dele.

— Obrigado. — eu disse.

O mordomo ficou em pé com as mãos entrelaçadas pra trás. Não tinha tantas rugas, era alto, magro e o tom de pele negro. Seus cabelos eram grisalhos assim como a barba sutil que possuía.

Um silêncio predominava a sala, até que Christopher deixou a xícara, agora vazia, na bandeja de prata. Levantou-se e saiu da sala, batendo a porta. 

Terminei de beber o chá e deixei a xícara em cima da bandeja também.

— Por favor, senhor... — perguntei ao mordomo. — O que está havendo? Onde estamos?

Dois homens, um coração (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora