10 - O Impossível

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Já faziam duas semanas que eu estava a procura de um emprego para poder ter o dinheiro pra publicar meu livro. O que Selina descobriu pode ter me salvado e reerguido minhas esperanças. Tudo o que eu precisava era apenas um mês, apenas um pagamento e eu conseguiria pagar pelo meu livro. Sonho realizado, não é?

Ou talvez não. Chamei minha amiga para desabafar. Fomos no nosso lugar preferido pra tomar café à tarde. Fazia frio, havia neve por quase toda parte, mas nada impossível para sair de casa.

— Se você distribuiu tantos currículos assim, fez até entrevistas mas nenhum sucesso, Artie...

— O que tem?

— E até hoje ninguém te chamou. — Selina completou.

— Sim, eu sei. Preciso desse dinheiro logo, já que essa oportunidade só dura até o fim desse ano. 

— Pois é. Daqui a pouco, por exemplo, o natal já está aí. 

— Eu não sei mais o que fazer, Sel. 

— Bom, tem algo que pode fazer...

— O quê?

Nós dois ficamos nos entreolhando, como se ela tivesse esperando que eu fosse ler o seu pensamento, o que de fato eu acabei fazendo.

— Não... não... — eu ri de nervoso. — Eu não vou fazer isso mesmo.

— Arthur, é o seu sonho. Seria apenas um mês, certo? — ela insistiu.  — Vai me dizer que não passou essa ideia na sua cabeça? 

— Não mesmo!

— Nem em situação de emergência?

— Eu não vou voltar a trabalhar na ViennaLife. Nunca! 

Selina fechou os olhos e suspirou.

— Como quiser, Artie. Só acho que valeria a pena. —  ela suspirou, pegou sua bolsa e se levantou. Estava elegante como sempre. —Você esperou muito tempo pra ter seu sonho realizado e muitas vezes temos que fazer sacrifícios pra conseguir conquistar algo que queremos muito.

— Mas será que vale a pena? — perguntei, ainda emburrado.

— O seu tempo está acabando. Não tem muito tempo de pensar. Eu preciso mesmo ir agora, tá? Me liga depois.

— Até mais. 

Depois de ter me despedido da Sel, vim andando para casa de uma forma muito pensativa. Pouco antes de chegar na minha rua, dei meia volta. Não tinha outra escolha se eu quisesse realizar esse sonho agora. Era tudo ou nada. 

∞ 

  Quando me aproximei, notei que o vidro que antes eu tinha quebrado, da janela da frente, já estava consertado. Tomei fôlego e entrei no prédio. 

Andrea ficou boquiaberta ao me ver, ela ainda estava trabalhando na recepção. 

— Meu Deus, Arthur! O que faz aqui?

— Oi. — dei um leve sorriso. — Preciso falar com o Christopher. Ele está?

— Sim, sim, claro... é só subir para o seu escritório. Vou avisar que você está subindo. — ela disse com um sorriso, pegando o telefone e começando a discar.

Assenti com a cabeça e prossegui. Aproveitei que o elevador já estava aberto e entrei. Apertei o famoso andar 10. Meu antigo escritório, próximo ao do meu chefe também. Comecei a suar frio, não sabia o quão seria humilhado, mas já esperava isso. Tudo o que eu queria era poder trabalhar. O resto já não importava mais. Tudo pelo meu sonho.

Dois homens, um coração (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora