7 - Presos

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O sr. Mason acendeu a lareira da recepção, onde haviam alguns assentos acolchoados. Me sentei em uma poltrona e ele sentou-se um pouco distante, de forma que eu pudesse o ver de frente. Ficamos minutos em silêncio, só escutando o vento forte batendo nos vidros e assoprando ao passar por algumas frestas. 

A coisa estava feia. Eu não presenciava uma tempestade dessa forma já faz muito tempo. Poderia jurar que a qualquer hora as portas, junto com os vidros da entrada do prédio, iam desabar no chão por conta da força da natureza.

Peguei o meu celular com a ideia de ligar para pedir ajuda para alguém, mas estava sem sinal. Então, tive a ideia que na verdade era por conta da emergência:

— Senhor Mason, será que pode ver se o seu celular tem sinal?

— Não. — ele olhou pra mim, sério.

Por um momento achei que ele respondeu que não queria ver.

— Não pode?

— Não há sinal, eu já olhei. — se explicou.

— Ah, que pena... — lamentei.

Eu estava ficando muito preocupado com a situação. Comecei a ficar com medo e esperava palavras confortantes ou conselhos, o que fosse. Logicamente, eu não deveria esperar isso do Christopher.  

Por mais que eu estivesse sentado em uma poltrona que foi projetada para ser aconchegadora e quentinha, estava muito gelada e a lareira quase não adiantava mais. O frio só aumentava com o passar do tempo, mas não tinha o que fazer. Meu corpo começou a reagir da pior forma: eu me tremia completamente. Então, coloquei as mãos para dentro do meu casaco e tentei me aquecer fazendo o que podia. 

Algum tempo passou e resolvi sentar no chão, em frente a lareira. Ajudou um pouco, porém, ainda assim eu não consegui parar de tremer. 

Christopher olhou pra mim, suspirou e olhou para o teto. Logo em seguida, levantou-se e tirou o seu blazer. Andou até a mim e cobriu-me com ele. O cheiro do perfume dele predominou em mim no mesmo instante.Por instantes, não entendia o gesto que tinha acabado de presenciar. Christopher nunca fez nada do tipo nem comigo e nem com ninguém. Não que eu tenha visto. Quando voltei a mim, pude agradecer.

— Obrigado. — disse e me aconcheguei na peça de roupa. Ajudou bastante.

Ele não respondeu nada, só voltou a se sentar onde estava antes. Alguns segundos passaram e não resisti em perguntar, preocupado.

— Não vai morrer de frio sem isso?

Ele olhou pra mim e balançou a cabeça negativamente. 

Mais um tempo passou e aquele silêncio junto da situação estava me incomodando muito. 

— O que houve com você? O gato comeu sua língua? — perguntei, só depois percebendo que tinha sido audacioso.

— De jeito nenhum. — Christopher olhou pra mim, respondendo em um tom sarcástico. — Não foi você que me quis controlar enquanto estivesse aqui, Arthur?

— Como assim?

— Ué, você mesmo disse pra eu me comportar e prestar atenção no que digo, no que falo... Do contrário você ia sair desse seu emprego aqui, certo? Então é melhor evitar falar o máximo possível pra te agradar, vossa majestade. — falou do jeito mais irônico possível.

— Ah, não acredito nisso. — cruzei os braços. 

— Não acredita que conseguiu me comprar com suas ameaças? Minha empresa corre risco e sabe disso, odeio admitir, mas é a verdade. 

Dois homens, um coração (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora