Capítulo 18

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Isaac On

Eu sei que to pegando pesado nisso mas eu realmente fiquei muito chateado, o momento que eu mais precisei dela, ela estava lá mas ela não estava pra me ouvir, ela não quis me ouvir.

Após deixa-la senti um aperto em meu peito mas eu estava confuso demais pra ficar perto dela, eu poderia dizer algo que não queria e ela poderia se magoar mais.

Entrei no carro e coloquei a rádio para tocar, estava tocando a música Aqui do Jão.

Cheguei no portão de casa e vi um carro desconhecido em frente, entrei procurando por Olivia, nada dela, subi para o meu quarto e dei de cara com um senhor de cabelos iguais aos meus mexendo em minhas coisas

— Quem é você? – o senhor se virou

— Olá meu filho – abriu um sorriso

— Você só pode estar de brincadeira, o que faz aqui? Aliás, qual é seu nome mesmo? Porque o meu é Isaac se você não sabe ou se fez questão de esquecer – estendi a mão para ele apertar, ele negou o aperto

— Podemos conversar? – disse meio desanimado

— Sim mas não aqui, vamos para o escritório da minha avó

Descemos indo em direção ao escritório, lá dentro ele viu várias fotos minhas quando pequeno, minhas com a minha avó.

Viu os livros que ela lia e até uma foto dele quando pequeno.

Ele sentou na poltrona e eu no sofá a sua frente

— Ela era muito sorridente né? – disse pegando um retrato de minha avó

— Você veio compartilhar a dor da perda agora? Depois de 9 anos de morte dela? – o olhei sério

— Você é igual a mim, não se importa com o que fala, não quer nem explicações – disse rindo como se isso fosse bom

— A nossa única diferença é que eu estava presente no enterro dela, eu estava presente quando ela começou a sentir falta de ar – olhei pro lado – mas deixa isso pra lá, quero saber o por que você veio aqui?

— Fiquei sabendo que você encontrou sua mãe, uns amigos a viram com alguém jovem muito parecido comigo sentado com ela numa praça, logo juntei as peças 

— Ta mas e dai? – gesticulei com mãos

— Ela deve ter dito tudo o que aconteceu, creio eu – me encarou

— Ah, ela só me falou que você era casado, obrigou ela a me deixar só pra não estragar o seu nomezinho por ai, nada demais – deitei no sofá e olhei pra cima, parecia que ele era meu psicólogo

— Você nunca traiu sua namorada? Se você já teve alguma, claro – nada disse – você sente que está fazendo a pior coisa do mundo, a única que confiou em você, a única que fez o favor de te ver quando ninguém via – continuei sem falar nada – ai você descobre que sua amante vai ter um filho seu, coisa que sua própria esposa não podia te dar. Você acha mesmo que você esfregaria isso na cara da sua esposa? Como ela iria ficar?

— Por que a traiu? – disse sentando

— Eu sou homem, tenho minhas vontades – passou a mão em sua cabeça – eu não podia deixar que ela o levasse pra longe de mim, eu te dei tudo o que você precisava, está casa foi eu que te dei, você não pode reclamar

— E o amor do meu pai? E as lições que o senhor deveria ter me dado? – o encarei – não te julgo por ter traído sua mulher mas você me fez crescer sem minha mãe.

— Ela não te procurou também, foi te procurar só agora – deu um sorriso sarcástico

— Pelo menos ela me procurou porque se arrependeu e não porque queria limpar a barra – disse levantando

— Eu to doente, minha esposa faleceu e eu fali, simplesmente – suspirou

— Agora ta explicado, você tá sozinho por isso ta aqui, não tá esperando que eu te chame de papai e te abrace né? – ele fez que não com a cabeça – então o que quer de mim?

— Perdão, só isso – me olhou

— Eu te perdôo mas não quero mais conviver com você, quero continuar como estávamos, porque ainda doi e muito

— Então isso não é perdão – levantou vindo em minha direção

— É fácil vir aqui e perdir perdão depois de tudo, não é você o machucado 

— E você sabe o que é machucar alguém? – assenti com a cabeça

— Machucar pessoas que você ama te faz mudar, você não me ama, você só quer ficar bem consigo mesmo – disse quase me deixando levar pela tristeza

De repente a porta se abriu e Tia Olivia invadiu o escritório

— O que faz aqui? Não acha que já bagunçou as coisas demais não? – disse um pouco alterada

— Já estava de saída, quando você quiser conversar, me ligue – abaixou a cabeça deixando deu cartão e saiu

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