Mudando Direções

Capítulo 41

Isaac On

Já no carro indo para casa com minha mãe

Fiquei me perguntando se ela, minha mãe, já havia amado outro homem na vida

O modo como o advogado do meu pai a olhava me intrigava muito, pois parecia um olhar apaixonado

Minha mãe olhava pela janela vendo tudo passar rapidamente, estava tão distraída e tão iluminada

Sabia tão pouco dela, tão pouco de seu passado que isso me incomodava muito

— Mãe, vamos jogar algo? – ela me olhou por um instante e concordou

— O que? – perguntou

— Eu falo uma palavra e você me diz um nome, ok? – ela me encarou, pensou bastante e concordou por fim – ta bom, hum, deixa eu ver – mexi a boca como se tivesse pensando muito em algo – felicidade?

— Você – ela respondeu na hora sorrindo, retribui o magnífico sorriso

— Decepção?

— Juliane – ela voltou a olhar para a janela

— Amor? – ela se remexeu no banco

— Seu pai – percebi que ela segurava uma lágrima

— Arrependimento? – ela parou como se voltasse ao passado e depois de segundos disse o nome que eu estava esperando

— Evander – disse ainda encarando a janela

— Por que? – indaguei

— Isso não é um sentimento, não vale – forçou um sorriso

— Diz logo mãe – falei em um tom sério

— Evander era meu melhor amigo no colegial, não suportava seu pai e dizia que ele faria minha vida virar de ponta cabeça

— E ele fez – a interrompi

— Com toda certeza – sorriu – contava tudo para ele, fomos do colégio há faculdade e depois até o emprego, onde conheci seu pai – ela respirou fundo – Evander era advogado dele e quando surgiu um emprego de secretária administrativa ele me colocou dentro

— Triângulo amoroso, eu conheço bem essa história – gargalhei

— Evander me acolheu durante um tempo na casa dele até eu voltar para casa de seus avôs mas nunca se declarou, então nunca tive certeza dos seus sentimentos

— Você gostava dele? – continuei prestando atenção no trânsito

— Bom, se seu pai não tivesse aparecido, creio que você não estaria aqui – eu ri – eu era muito ousada meu filho, não ligava pros meninos, ficava com vários nas festas da faculdade

— Corro risco de ter irmãos mais velhos? – ela riu negando com a cabeça

— Só ficava, meu filho, seu pai foi o meu primeiro e tenho orgulho disso

Ela estava ficando cada vez mais leve e sorridente, como se voltasse a viver aquela época

— E você e Alice? Me conte como se conheceram – ela me olhou com um olhar infantil

— No colégio, na verdade, foi na quadra do colégio – sorri ao voltar anos atrás

— Não deixa de ser no colégio, meu filho – ela gargalhou

— Eu estava jogando basquete quando ela passou agarrada com Pedro, pensei logo que eles tivessem algo

— E tinham? – ela abriu a boca fingindo estar chocada