Capítulo 39

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Isaac On

Acordei com o barulho da chuva, eram 7h e estava fazendo um frio intenso

Fui para o chuveiro deixando a água quente cair sobre mim molhando todas as partes do meu corpo. Sai me enrolando na toalha e parando de frente para o espelho em cima da pia do banheiro

— Serão só lembranças ruins – disse para mim mesmo

Fui em direção ao meu armário para procurar uma roupa, garanto que meu pai iria adorar que eu usasse um terno em seu enterro

Pelo pouco que eu conheci dele, era um homem que se importava demais com a aparência

Peguei uma blusa social branca, uma calça jeans preta e estava em dúvida se colocava meu tênis preto ou sapato social

— Com certeza eu iria com o tênis – tia Olivia invadiu o quarto

Ela estava tão serena, seus cabelos presos em um coque e um vestido, como Alice diz, tubinho preto

Ela conhecia meu pai a tanto tempo, sabia de tudo o que ele fez e mesmo assim nunca me falou coisas ruins dele, sempre parava para dizer coisas boas

Como ele tinha conseguido conquistar tudo o que queria mas ainda sim sabia que no fim ele sentiria falta de algo e esse algo era eu e minha mãe agora eu entendo

— Sabe, tenho tanto orgulho do homem que você tem se tornado – disse sentando do meu lado – é uma honra poder ter visto você crescer – vi lágrimas brotarem em seus olhos

— Você foi a peça principal pra mim, tia, obrigado – a abracei depositando um beijo em sua testa

Levantamos para irmos ao enterro, é claro que tia Olivia tinha que reclamar do meu cabelo e é claro que ela fez o favor de colocar ele no estilo "riquinho rico", parecia criança ao pentea-lo

Descemos as escadas e minha mãe estava sentada na sala junto a Xavier

Minha mãe segurava um copo que, provavelmente, continha alguma bebida alcoólica, assim que nos viu se levantou e ajeitou a blusa

— Vamos então? – disse se aproximando e eu pude sentir o bafo de álcool – é difícil passar por isso lúcida, perdão filho – apenas sorri entendendo ela

Xavier me abraçou dizendo coisas que todas as pessoas dizem para alguém que perdeu um familiar ou amigo querido

Partimos para o local onde meu pai seria velado

Minutos Depois...

Xavier estacionou próximo ao local que estava cheio de pessoas, algumas chorando e outras pareciam estar lá por estar

Antes de sairmos nosso carro foi bombardeado por reportes que até então eu não sabia que estavam lá

Todos falando rápido e quase se jogando uns em cima dos outros

Abri a porta e muitos flashes atingiram minhas vistas, coloquei meu braço na frente e tentei andar no meio deles pedindo licença

— Como é ser o filho bastardo de um bilionário? – ouvi um deles perguntar, eu iria ignorar a pergunta, porém o indivíduo continuou – Sabemos que sua mãe era secretária dele, por acaso você tem outros irmãos de bilionários por ai? – ouvi sua risadinha

— Obrigado por perguntar, não, eu não tenho outros irmãos – me virei para todos eles sem saber quem perguntou – porém se eu ouvir ou ler qualquer coisa que ofenda a minha mãe, se considere um rapaz sem emprego e provavelmente sem as mãos – sorri debochadamente

— Isso é uma ameaça? – alguem perguntou, balancei a cabeça negativamente

— É só um aviso, agora se me derem licença, vão embora, festa acabou para vocês – virei as costas e sai andando segurando a mão da minha mãe

Os seguranças empurram toda aquela manada de reportes enquanto andávamos em direção a pessoas que eu não fazia ideia de quem eram

Porém minha mãe conhecia cada uma e falou com todas, menos com as irmãs de meu pai que fizeram o favor de um olharem de cima a baixo fazendo cara de nojo

— Olá Hillary, obrigada por ter vindo – disse minha mãe abraçando um senhora de cabelos cacheados longos e amarelados – esse é meu filho, Isaac – sorri para a gentil senhora que passou levemente sua mão em meu rosto

O toque dela me fez lembrar de Alice e o quanto ela odeia esse ato, será que ela vem?

— Meus sentimentos, seu pai era um homem incrível – disse a senhora pegando em minha mão – ele sempre falava de você nas noites de poker – continuei sorrindo e procurando Alice pelos cantos

O caixão de meu pai estava aberto dentro de uma capelinha pequena, o lugar era cercado por árvores, já havia parado de chover.

Ao entrar vi muitos pessoas chorando e outras vidradas em mim, todos parecia ter trabalhado para ele

Pelo que minha mãe disse só tinham as irmãs dele de parentes. No enterro da minha avó tinha a mesma quantidade de pessoas porém ninguém me olhava estranho

Quando minha avó morreu, tia Olivia falava para todos que chegavam perto dela que eu era filho de uma amiga, que tecnicamente não era mentira

Mas agora que todos sabem, não sei como, que sou filho do ex bilionário Roberto Azevedo era inevitável não olhar

Me aproximei do caixão e meu pai estava tão tranquilo, parecia que a qualquer momento poderia acordar, coisa que se acontecesse eu sairia correndo

Senti lágrimas cairem pelo meu rosto, ainda segurando a mão de minha mãe que estava firme mesmo após ter bebido um pouco

— Como permitiram a entrada desse bastardo aqui? – uma voz feminina invadiu o ambiente

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Por hoje é só galeraaaa

Não esqueçam as estrelinhas ❤

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