Ele se curvou bastante pra me pegar, eu já não tenho força pra reagir. Até estou tentando, mas não consigo.
Agora ele se curvou ao máximo e está quase me alcançando, respiro fundo sentindo o peito doer e um resmungo escapa da minha boca. Pra minha surpresa, um dos lobos pula na garganta do gigante e crava os dentes ali. Ele berra de dor e sacode a cabeça tentando se livrar do lobo, mas ele está firme na carne e não solta.
O sangue escuro começa a escorrer mais e mais a medida que ele sacode e acaba apenas ajudando as presas à dilacerarem ainda mais. Por fim ele agarra seu atacante, e o puxa dali o atirando no chão, mas junto com ele, um pedaço grande da carne do seu pescoço vai junto, e assim o sangue jorra da artéria e ele também vai ao solo.
Ainda sem forças observo ao meu redor. Aquele foi o último gigante, mas os monstros nos destroem como moscas. Não consigo imaginar um ponto fraco, nem mesmo reagir. Sinto ainda mais dificuldade em respirar, e a cicatriz daquele golpe que me transpassou dói absurdamente.
Quando acho que vou ruir e desmoronar, me surge um ponto de apoio. Uma viga pra me manter de pé. Minha cabeça gira zonza, e minhas vistas se embaçam. Mas isso apenas pra minha mente voltar mais clara e límpida do que nunca, e minha visão extremamente aguçada. Uma nova dose de adrenalina é injetada em mim, e meu coração acelera pra distribuí-la, espalhando uma energia mais que apreciada.
Minhas preocupações se suavizam, afinal uma mensagem acaba de me ser enviada.
Por cima do bosque, silenciosamente, algo chega. Até que seu rugido é ouvido vindo do céu, parecendo um trovão. Então eles cortam as nuvens como flechas mortais aterrissando sobre o inimigo.
Rakmett lidera um grupo de dragões dos mais variados. Ele havia saído pra tentar conseguir mais ajuda, e até tentarmos um ataque estratégico posterior. A ajuda chegou, e eu diria que na hora mais exata possível.
Já de pé e com uma força inesperada apenas me posiciono esperando ele se aproximar. Assim que o faz, sem reduzir a velocidade apenas curva a lateral na minha direção o suficiente para eu me apoiar em suas asas e saltar em suas costas.
– Obrigada outra vez por me curar. Acho que agora sim estou em dívida com você.
– Não se preocupe com dívidas Samhara, isso não se faz necessário.
– É claro que se faz! Ainda mais uma dívida de sangue. Fui ensinada assim.
– Eu sei que foi. Mas não entre você e eu. Agora antes que faça mais perguntas e contestamentos, tem uma luta a terminar.
Sem descutir, foco nos monstros. Nada me parece frágil o suficiente...com excessão dos chifres! Toda criatura com chifres possui sua fraqueza neles.
Passo a informação adiante por meio do feitiço de comunicação. Voamos alto sobrevoando o campo de batalha.
O que me agarrou ainda vive, e é nele que miro. Poderia apenas pedir pra Rakmett usar a névoa corrosiva, mas prefiro o prazer da vingança.Cortamos os ventos em direção ao alvo, reto e objetivo, tão rápido que não dá tempo dele perceber o que está acontecendo. Fico em pé nas costas de Rakmett e não me pergunte como, porque nem eu sei, apenas me equilibro com facilidade e quando chego a distância ideal, salto em direção a seu rosto e cravo as adagas em seus olhos.
Mais rápido ainda as retiro e torno a saltar nas costas do dragão com um pulo pra trás em movimentos perfeitamente sincronizados. O monstro ainda urra enquanto o circundamos tomando impulso.
Armamos um novo ataque, associando a velocidade e a distância pra obter força no golpe dada as diferenças de tamanho. Nos atiramos novamente contra ele, e nesse novo salto que dou, não miro os olhos, e sim o que está encima da cabeça.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Rainha Negra: A Guerra
FantasyCapa por @AmericaConnorAC OBRIGADA FADA! Uma guerra esta para eclodir. Samhara , uma jovem de dezesseis anos, tem sua vida virada de cabeça pra baixo após ter de fugir de sua própria vila para não ser queimada viva em uma fogueira. Sim, ela é uma fe...