•Lobo intrometido e frustrações •

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Depois de tanto tempo, finalmente chegamos.

As Montanhas de Hednar. Estamos agora no pé da montanha depois de atravessar três províncias de distância desde a vila dos lobos. Ao todo levamos um maldito mês.

Começamos a andar pela trilha que de início estava bem normal. Mas com o passar dos metros, foi se tornando mais estreita e íngreme. A vegetação de altitude encobria toda a extensão das montanhas, rareando cada vez mais a medida que subimos.

– Foi bem melhor termos deixado os cavalos no condado.

– Concordo, não iria gostar nada de deixar Devan por aqui sozinho enquanto terminássemos o caminho. Boa idéia Elly.

– Obrigada Sam. Eu também me apeguei muito á Cristal. Jamais a deixaria aqui.

– De qualquer forma os pegaremos na volta - raymond respondeu.

– Será? O cara nos olhou bem desconfiado quando dissemos estar vindo pra cá. Receio que ele venda nossos cavalos na certeza de que não voltaremos - retruquei.

– Nem brinque com isso Sam! Não quero nem pensar em perder Cristal.

– Não se preocupe. Se ele fizer isso eu o convenço a falar onde estão - dou um sorriso maligno.

– Você me assusta Samhara. - ela diz e finge um arrepio.

– Uhum. Sei. Você já perdeu o medo faz tempo Elly.

– É, mas tenho que admitir que quando os conheci você me assustava.

– Afinal de contas, porque tanto medo aquele dia eu não sou tão feia assim sou ? - perguntei estreitando os olhos.

– Não - ela responde rindo - mas convenhamos que encontrar uma garota vestida como uma assassina, armada até os dentes, e com olhos negros que parecem vazios por dentro, não dão muita margem de simpatia né. Não que você não seja simpática - emendou com pressa.

- Tudo bem, acho bom que minha tática esteja funcionando. Era exatamente isso que eu queria - levanto a cabeça convencida.

– Mereço - Elly revira os olhos.

Eu e Ellyna acabamos por nos tornamos muito amigas. Não ao nível melhores, mas ela era uma companhia agradável. Com o tempo ela foi se aproximando, hoje já me chama por meu apelido.

– Queria ver essa marra toda com outra pessoa. - ela me desafia.

– Quem? - finjo que não entendi.

– Não se faça de boba sabe muito bem de quem estou falando.

– Não sei não. Acho que você deve estar com febre - cutuquei o chão com a vara que levava.

– Uma hora arranco de você.

Ela tenta sempre que pode abordar meu passado, e eu sempre dou um jeito de escapar. Me limito a contar algumas de minhas maluquices, brincadeiras de infância e momentos alegres que tive, mas sempre relato apenas me colocando no meio.

Ela ainda não sabe e nem saberá por enquanto. É algo muito meu e se não fosse a carta de minha tia para meu tio, nem ele saberia.

Claro que desde aquele dia ela vem me cercando e tentando me pegar em falso nas histórias que conto, tentando arrancar quem era "a tão boa companhia daquela vez ".

Me condeno por ter deixado essa escapar. Aarg! Que burrice a minha.

– Porque você não me conta? Qual o problema de me contar? É por causa de seu tio? - ela diz depois de deixar tio Ray avançar um pouco, e voltando pra perto de mim.

 Rainha Negra: A Guerra Onde histórias criam vida. Descubra agora