•Encontro com um desconhecido •

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Era noite quando tudo aconteceu.
Uma noite estrelada e sem nuvens, com uma lua crescente que parecia sorrir se deleitando com a paz e a tranquilidade que reinavam até poucos minutos antes do ocorrido.

Eu me encontrava em meu quarto, deitada em minha cama enquanto lia um livro a luz da vela que estava no móvel ao lado. Até que um clarão invadiu o cômodo pela janela, chamando minha atenção. Fui até a ela e observei a rua, antes não tivesse visto.

Dias antes do episódio

Levantei da cama me espreguiçando e coçando os olhos. Estava morrendo de sono, mas não podia me dar ao luxo de dormir mais. Fui até a tina que havia em meu quarto e tomei um bom banho, me vestindo em seguida com uma saia que ia até um pouco abaixo dos joelhos, uma blusa  azul escura e botas.

Eu detesto usar saia, mas estava sem o mínimo de paciência para ter um bate boca idealista com as fofoqueiras de plantão que insistiam em dizer que calças são para homens. Meus cabelos negros e longos estavam molhados então os penteei e os deixei soltos para que secassem.

Desci as escadas e fui até a cozinha onde minha tia cozinhava (pelo cheiro ótimo com certeza panquecas) e meus primos conversavam à mesa.

- Bom dia. - cumprimentei a todos.

- Bom dia querida - Tia Agatha respondeu-me.

- Bom dia Mara! - os gêmeos responderam em uníssono.

- Já avisei para não me chamarem assim se não aproveito meu ótimo humor e transformo vocês em dois cães sarnentos e pulguentos por uma semana. - disse com um sorriso inocente no rosto.

- Mãe! Vai deixar ela fazer isso?- Miguel perguntou.

- Ah meus duendes, vocês sabem que não tenho poções para esses feitiços da Samhara. Não mexam no vespeiro se não querem ser picados. - ela retrucou me lançando uma piscadela.

Mara era o nome de uma velha ignorante da vila. Pra me provocar eles me apelidaram assim, mesmo sabendo que o apelido de Samhara, é Sam. Pelo menos é assim que eu gosto.

Da última vez que me chamaram de Mara, eu os coloquei como dois puddles brancos por um dia. Sim eu sou uma bruxa. Uma bruxa elementar, mas sei um pouco sobre transmutação. Minha tia é uma alquimista, irmã de minha mãe, e tanto eu quanto ela herdamos esse dom de minha avó.

Minha mãe nasceu sem poderes, essa coisa de magia tem umas falhas hereditárias, sabe, como cor dos olhos, as vezes pula uma geração. Minha mãe cuidou de mim até os três anos, mas ai meus poderes começaram a desencadear, ela não sabia como lidar, então meus pais acharam melhor eu morar com minha tia, já que ela saberia me ensinar melhor.

Eles sempre me visitam quando possível já que moram em Ilídya, a capital da província, Helles, eu e minha tia moramos mais pro interior de Helles, aqui em Wallya.

Eu não tenho raiva deles. Acho que foi mesmo o melhor afinal lá eu corria o risco de não saber me controlar e acabar sendo pega pelos Cavaleiros. A caçada ao seres mágicos continua graças aos fanáticos de Aarn, adoradores do Grande Leão do Sol. Eles aproveitaram da Queda dos Sudzir para se erguerem e hoje são a principal religião do mundo humano.

Eu digo mundo humano, porque depois da queda dos Sudzir o planeta se dividiu metaforicamente onde os humanos se concentraram em uma metade e os Heilars, como chamam os seres mágicos, do outro.

Talvez você se pergunte porque as criaturas mágicas todas não foram pro lado de lá do Oceano da Morte. Alguém já deve ter lhe dito que magia e natureza estão ligadas e essa pessoa está certa, com a ida dos Heilars pro outro lado aquelas terras se modificaram graças a alta concentração de magia. Criaturas como fadas, gnomos etc não se adaptariam aquele novo meio ambiente. Nós bruxas também sofremos com o mesmo caso.

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