Eu não falava com o Nash desde que ele falou do meu pai, eu estava trancada no meu quarto com receio de olhar naqueles olhos, olhos que me davam medo e me confortavam ao mesmo tempo. Ele falou que queria meu pai morto e eu só tive vontade de socar o seu rosto, mas depois ele falou de uma forma que eu me controlei pra não ficar boquiaberta, ele me conhecia mesmo sem eu falar, mesmo sem eu demonstrar.
Eu fiquei andando pelo quarto agarrada no meu travesseiro de dormir enquanto tentava pensar em algo, mas o que rondava a minha mente era aquele olhar.
Me joguei na cama e escutei umas batidas na porta, logo depois ela sendo aberta com dificuldade. Me sentei e observei aquela coisinha pequena entrando no quarto. Ela sorriu pra mim e veio em minha direção, sentando ao meu lado.
— Vocês se amam, né? – Ela perguntou e meu sorriso se desfez, dando lugar a uma expressão de surpresa.
— O que? – Perguntei e comecei a rir, mas ela continuava com aquela postura séria que eu achava bem rara pra uma criança da idade dela.
— Você e o Nash, vocês se olham como eu olho pro meu unicórnio. – Ela disse engatinhando na cama e pegando seu unicórnio de pelúcia que eu tinha colocado ao lado da cama.
— Não, Sky, nada disso. – Disse sorrindo e ela deu de ombros.
— Eu sou muito nova pra saber disso, posso estar falando bobeira, mas ele fica todo idiota quando fala de você. – Ela disse olhando pra mim e eu franzi o cenho.
— Como assim fala de mim? Nós acabamos de nos conhecer. – Disse rindo e ela arqueou as sobrancelhas, era engraçado vê-la agindo de uma forma tão adulta.
— Pois ele passou horas pedindo pra minha mãe pra eu passar um tempinho com ele, falou que estava mudando e que a "Lary" – ela fez aspas com as mãos-, a garota que mantinha os pés dele no chão tinha voltado. – Ela disse de uma vez e eu arregalei os olhos.
— Como assim? – Perguntei tentando controlar a risada.
— Não sei, não entendi isso, perguntei pra ele e ele disse que uma tal de gravidade que deixa nossos pés no chão. – Ela deu de ombros enquanto alisava o seu unicórnio de pelúcia. – Você é a gravidade do Nash, Lary?
Ela me perguntou aquilo e eu me esforcei pra me lembrar do que tinha me lembrado mais cedo, mas comecei a sentir uma dor de cabeça, era estranho pensar que eu tinha me lembrado de algo importante e esquecido de novo.
— Não sei. – Eu disse séria olhando pra frente. – Eu não sou nem a minha própria gravidade. – Disse ainda olhando pra porta que se encontrava entre-aberta.
— Então como você fica com os pés no chão? – Ela perguntou com aqueles olhos inocentes e eu sorri enquanto pensava em algo.
— Quem é a sua gravidade? – Perguntei sorrindo e ela sorriu.
— Sem ser da família? – Ela perguntou animada e eu ri, assentindo com a cabeça. – Eu gosto de cavalos. – Ela disse assentindo com a cabeça e eu sorri.
— Já andou em um? – Perguntei curiosa e ela negou com a cabeça.
— O Nash disse que é perigoso. – Ela deu de ombros e eu assenti com a cabeça.
— Pior que é verdade.
— Mas um dia eu vou andar! – Ela disse dando um pulo da cama e ficando em pé no chão. – E vai ser superfun! – Ela disse animada e eu sorri com aquela expressão. – Obrigada por ter tomado conta do Senhor Jasp Butterfly Monthey. – Ela disse alisando a crina de seu brinquedo.
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The Trade
FanfictionLary não achou que seu pai fosse chegar ao ponto de vendê-la para conseguir pagar as suas dívidas com o traficante Grier, mas ele teve que fazer isso pra sustentar o seu vício, e logo na época em que ela acreditava que ia mudar de vida indo para a u...