Capítulo 4

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Hoje é o dia de conversar com o diretor que administra os ofícios aqui da Hol. Após o meu café da manhã ao lado de Luara, caminho até a sala do Roberto, que me recebe calorosamente.

-Bom dia Alex, lembra-se de mim? – o grisalho barrigudo me pergunta com um sorriso espontâneo.

-Bom dia, pior que não – sorrio envergonhado.

-Eu e o seu pai somos bons amigos, já jantei algumas vezes na sua casa com a minha esposa e meus filhos. Que pena que só nos encontramos em uma situação tão triste como essa.

-Pois é – fico ainda mais envergonhado – será que poderíamos conversar sobre o trabalho? Estou ansioso para me ocupar com algo.

-Mas é claro! Seu pai chegou a comentar comigo que você era um garoto bem atlético durante a adolescência e estamos precisando de orientadores de atividades físicas e esportes aqui na clínica, caso você tenha interesse. Senão posso te mostrar algumas outras vagas.

-Gostei da ideia e sim, gosto de esportes até hoje.

-Vou imprimir alguns documentos para que você assine e uma tabela com os horários de aula no ginásio. O que você acha de dar aulas de vôlei e basquete? Pode ser?

-Sim.

Roberto imprimiu alguns papéis que eu precisei assinar e me entregou a tabela com o horário das aulas. Gostei bastante do que eu vi pois me manteria ocupado por boas horas. Sai da sala me despedindo e prometendo que iria me cuidar e sair dessa após ouvir vários de seus conselhos.

Lua me esperava na recepção e sorriu ao me ver. Contei sobre o ofício que eu tinha escolhido e ela ficou muito feliz com a ideia. Fomos almoçar e eu me aproveitei do clima leve para tentar descobrir mais coisas sobre ela.

-Você mora com os seus pais? – pergunto após um gole no meu suco de uva.

-Na verdade não – ela responde sem me olhar.

-Que legal, quando eu era mais novo eu tinha muita vontade de morar sozinho, hoje eu sou doido para voltar a morar com os meus pais – ela sorri.

-E você vai, se continuar se esforçando.

-E você namora? – pergunto meio envergonhado, mas a vontade de saber é bem maior.

-Não namoro – ela coloca uma mecha de cabelo atrás da orelha e me olha – você está bem-falante hoje, hein?

-Estou feliz pelo emprego.

-Também estou feliz por você.

Resolvi não fazer mais perguntas é melhor ir com calma. Terminamos de almoçar e saímos do refeitório rumo a mais uma consulta com o psicólogo. Dessa vez entrei em sua sala disposto a abrir o jogo, eu quero me curar, quero me livrar desse vício e levar uma vida comum, como qualquer outro homem.

-Boa tarde doutor.

-Boa tarde Alex, como você está?

-Muito bem, obrigado. E o senhor? – sento-me no divã.

- Também estou bem. Hoje conseguimos fazer uma boa consulta? Você está disposto a colaborar?

-Estou sim, sem dúvidas. Eu quero e preciso de ajuda.

-Oh que maravilha – ele sorri e me olha por cima dos óculos de grau – fico feliz por isso. Então vamos começar. Você quer me contar como e porque você começou a usar drogas?

Respiro fundo resgatando essas memórias em minha mente e começo a contar a verdade, expondo até as minhas maiores fraquezas.

-Um pouco foi devido a empolgação juvenil, mas um pouco também foi devido ao meu passado.

START - Uma nova históriaOnde histórias criam vida. Descubra agora