Hoje é o dia de conversar com o diretor que administra os ofícios aqui da Hol. Após o meu café da manhã ao lado de Luara, caminho até a sala do Roberto, que me recebe calorosamente.
-Bom dia Alex, lembra-se de mim? – o grisalho barrigudo me pergunta com um sorriso espontâneo.
-Bom dia, pior que não – sorrio envergonhado.
-Eu e o seu pai somos bons amigos, já jantei algumas vezes na sua casa com a minha esposa e meus filhos. Que pena que só nos encontramos em uma situação tão triste como essa.
-Pois é – fico ainda mais envergonhado – será que poderíamos conversar sobre o trabalho? Estou ansioso para me ocupar com algo.
-Mas é claro! Seu pai chegou a comentar comigo que você era um garoto bem atlético durante a adolescência e estamos precisando de orientadores de atividades físicas e esportes aqui na clínica, caso você tenha interesse. Senão posso te mostrar algumas outras vagas.
-Gostei da ideia e sim, gosto de esportes até hoje.
-Vou imprimir alguns documentos para que você assine e uma tabela com os horários de aula no ginásio. O que você acha de dar aulas de vôlei e basquete? Pode ser?
-Sim.
Roberto imprimiu alguns papéis que eu precisei assinar e me entregou a tabela com o horário das aulas. Gostei bastante do que eu vi pois me manteria ocupado por boas horas. Sai da sala me despedindo e prometendo que iria me cuidar e sair dessa após ouvir vários de seus conselhos.
Lua me esperava na recepção e sorriu ao me ver. Contei sobre o ofício que eu tinha escolhido e ela ficou muito feliz com a ideia. Fomos almoçar e eu me aproveitei do clima leve para tentar descobrir mais coisas sobre ela.
-Você mora com os seus pais? – pergunto após um gole no meu suco de uva.
-Na verdade não – ela responde sem me olhar.
-Que legal, quando eu era mais novo eu tinha muita vontade de morar sozinho, hoje eu sou doido para voltar a morar com os meus pais – ela sorri.
-E você vai, se continuar se esforçando.
-E você namora? – pergunto meio envergonhado, mas a vontade de saber é bem maior.
-Não namoro – ela coloca uma mecha de cabelo atrás da orelha e me olha – você está bem-falante hoje, hein?
-Estou feliz pelo emprego.
-Também estou feliz por você.
Resolvi não fazer mais perguntas é melhor ir com calma. Terminamos de almoçar e saímos do refeitório rumo a mais uma consulta com o psicólogo. Dessa vez entrei em sua sala disposto a abrir o jogo, eu quero me curar, quero me livrar desse vício e levar uma vida comum, como qualquer outro homem.
-Boa tarde doutor.
-Boa tarde Alex, como você está?
-Muito bem, obrigado. E o senhor? – sento-me no divã.
- Também estou bem. Hoje conseguimos fazer uma boa consulta? Você está disposto a colaborar?
-Estou sim, sem dúvidas. Eu quero e preciso de ajuda.
-Oh que maravilha – ele sorri e me olha por cima dos óculos de grau – fico feliz por isso. Então vamos começar. Você quer me contar como e porque você começou a usar drogas?
Respiro fundo resgatando essas memórias em minha mente e começo a contar a verdade, expondo até as minhas maiores fraquezas.
-Um pouco foi devido a empolgação juvenil, mas um pouco também foi devido ao meu passado.
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START - Uma nova história
Romance"É a primeira vez que digo isso depois de todos esses anos no mundo das drogas, sempre fui um homem de palavra e nunca disse nada que não fosse cumprir. Eu sei que tem um monte de coisas que meu pai me ensinou e eu fiz questão de fazer o contrário...