Capítulo 8

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Alex Sanches

-Bom dia filhinho - escuto a doce voz da minha mãe.

Abro os olhos e vejo uma bandeja linda de café da manhã em cima da minha cama.

-Oh mãe, eu que devia levar café na cama para a senhora - sorrio envergonhado.

-Filho, você não imagina como eu estou - ela coloca as mãos no coração - por ter você de volta. A clínica ligou perguntando como você estava se comportando. Seu pai que atendeu e contou tudo. Eles disseram que mais três meses meu amor, só mais três meses e você está livre.

-Isso me emocionou de verdade - meus olhos ficam úmidos - não vejo a hora de poder voltar a viver mamã.

-Eu sei meu amor - ela senta-se na cama ao meu lado e faz carinho nas minhas costas - eles disseram que aos poucos vão aumentando a quantidade de dias que você poderá ficar em casa, para ir acompanhando a sua inserção de volta rotina.

-Isso é bom demais para ser verdade!

-Eu sei meu amor, vamos passar por isso juntos! Agora come meu bem, preparei com muito carinho.

-Obrigado mãe, eu amo você - ela deposita um beijo em minha testa e eu começo a comer.

Já fico pensando em várias coisas que quero para três meses. Foram praticamente quatro meses trancafiado dentro daquela clínica passando por momentos difíceis, de abstinência, negação do vício, até que tudo começou a caminhar. Esse final de semana em casa foi essencial para que tudo pudesse voltar a fazer ainda mais sentido para mim, o que meus pais e a Hol fez em minha vida eu nunca vou conseguir agradecer.

Depois de comer eu arrumei meu quarto e fui tomar um banho. Enquanto eu vestia uma roupa simples para ir passar um tempo com meu pai, me olho no espelho e vejo que já ganhei alguns bons quilos, eu chutaria que uns dez. O meu rosto que meses atrás estava pele e osso, hoje já retorna aos seus contornos naturais. No abdômen, que antes aparecia as marcas das costelas, já volta a ter resquícios de músculos que um dia eu tive. As coisas finalmente estão voltando aos seus lugares.

Passei um tempo com o meu pai conversando enquanto o almoço ficava pronto. Almoçamos juntos e no finalzinho da tarde, fomos os três levar os cachorros para passear pelo condomínio. Foi um dia tranquilo, passando tempo de qualidade com aqueles que me amam. Perto do meu horário de retornar meus pais foram me levar, como quando eu era pequeno e eles me deixavam na escola antes de irem para os seus trabalhos, mas dessa vez em um cenário completamente diferente, triste, pois eu deveria ter chegado a essa situação, mas um pouco feliz por estar transformando minha vida, antes tarde do que nunca.

Na porta da clínica me despedi, com a promessa de o próximo final de semana descermos para o nosso apartamento na praia. Dei um beijo e um abraço apertado nos dois e atravessei os altos portões feliz da vida pois estarmos em contagem regressiva a partir de hoje, noventa dias.

Passei pelo jardim da clínica sentindo a luz da lua que estava enorme hoje, cumprimento alguns seguranças visto que quase ninguém mais estava fora das acomodações devido ao horário, caminho em direção ao bloco dos quartos. Entro no meu cantinho, que hoje me parece tão familiar e apesar de ser aconchegante, a liberdade me parece mais atrativa.

Assim que saio do banho Ian aparece com seu Ipad para fazer checagens de rotina.

-Como foi seu primeiro final de semana?

-Bom demais, tem hora que eu nem consigo acreditar - sento-me em minha casa e coloco meu celular para carregar, agora posso ficar com ele todo o tempo.

-Que bom, a ideia de liberar vocês para voltarem para casa aos finais de semana é para servir de incentivo, pois assim vocês reforçam a vontade de se libertarem logo para voltarem a viver a sua vida verdadeiramente.

START - Uma nova históriaOnde histórias criam vida. Descubra agora