Alex Sanches
Chegamos na pizzaria e o ambiente é como eu desejava. Nada muito luxuoso, apesar dos meus pais terem uma condição de vida boa, eu nunca gostei de frequentar lugares super-requintados. Trata-se de um salão bem amplo, com iluminação e paredes claras. As mesas são de madeira rústica e o local não está cheio. Na entrada peço uma mesa para três e somos direcionados para a lateral do estabelecimento, próximo a uma enorme janela que dava para ver o céu estrelado e com uma brisa refrescante, o que era ótimo no calor que está fazendo essa noite.
-Muito agradável essa pizzaria – Luara comenta sentando-se e colocando a Letícia ao seu lado.
Sento-me de frente a Luara e informo ao garçom que iremos participar do rodízio.
-Nunca tinha vindo aqui, mas pela avaliação na internet me pareceu bom.
-Só não tem brinquedos – Lelê comenta fazendo um bico de tristeza e vejo o olhar que Luara lhe direciona. Igualzinho como a minha mãe fazia comigo quando eu era menor e eu fazia algo que ela não aprovava.
-Letícia – ela diz em tom de reprovação. E a menininha levanta o olhar e dá um sorriso amarelo para mim se desculpando.
-Poxa, eu realmente não tinha pensado nisso – faço uma cara de arrependido – desculpa, na próxima eu prometo que vamos em um lugar para você se divertir muito!
-Eba! – ela comemora.
As pizzas começaram a chegar e enquanto comemos conversávamos sobre assuntos casuais. Percebi que Letícia está em uma fase de prestar atenção em tudo e fazer perguntas, apesar de Lua lhe entregar o celular para que se distraísse, o tempo toda ela comentava alguma coisa engraçadinha mostrando que estava sim atenta ao nosso diálogo.
-Eu passo cada vergonha com essa criança – Luara comenta – meu pai diz que ela tem a língua afiada como eu, mas eu discordo prontamente.
-Não sei não hein – brinco com ela que sorri – acho que você com esse rostinho gentil é apenas um disfarce.
-Ah pronto, era o que me faltava - ela comenta rindo.
Após comer vários pedaços de pizza, incluindo dois pedaços da pizza de quatro queijos, decidimos encerrar a noite. Peço a conta e pago tudo, negando prontamente a ideia de dividir a conta conforme sugestão de Luara, eu não sou nem louco de convidar uma mulher para sair e ainda dividir a conta. Eu tenho alguma reserva guardada do trabalho que tenho feito na Clínica e antes de sair de casa meu pai me deu dinheiro, que nem precisava, mas foi um gesto muito importante para mostrar que a confiança em mim estava voltando.
Nos dirigimos para o carro, vendo que não estava tarde, perguntei se poderíamos parar no parque que nos vimos hoje cedo, para a Lelê brincar um pouco, já que ela queria tanto um brinquedo.
-Podemos entrar no playground do meu prédio? Fico com um pouco de medo de estar a noite lá no parque.
-Sim, pode ser - concordo, isso foi um convite para conhecer sua casa? Não, só seu prédio por enquanto, mas já é de bom tamanho.
-Vai ser ótimo, quando subirmos ela vai tomar banho e desmaiar.
-Não vou não – Letícia responde do banco de trás – ainda quero assistir A Pequena Sereia.
-Noite longa – Lua reclama fazendo uma careta engraçada - nada cansa essa menina.
No caminho até o seu apartamento seguimos conversando sobre assuntos diversos e me surpreendo ao ser que sempre temos o que falar, o assunto nunca acaba. Quando chegamos, estacionei próximo ao seu prédio e entramos juntos e fomos para a área de lazer, onde tinha um enorme playground. É um excelente condomínio, simples, mas muito limpo e planejado. Letícia logo encontra seus amiguinhos e corre para ir brincar com eles. Eu e Luara nos sentamos em um banco em frente e seguimos conversando.
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START - Uma nova história
Romance"É a primeira vez que digo isso depois de todos esses anos no mundo das drogas, sempre fui um homem de palavra e nunca disse nada que não fosse cumprir. Eu sei que tem um monte de coisas que meu pai me ensinou e eu fiz questão de fazer o contrário...