Alex Sanches
Descemos para tomar café em família. A longa mesa da sala de jantar estava posta cheia de coisas deliciosas. Nos sentamos como nos velhos tempos e comemos conversando e rindo de histórias antigas. A cada segundo ao lado dos meus pais eu me sentia grato por ter tido a oportunidade de me arrepender dos meus erros e poder tentar consertar as coisas. Após o café eu subo para o meu antigo quarto que permaneceu do jeitinho que eu deixei, exceto pelas coisas que meus pais levaram para clínica. Tomo um banho, troco de roupa e decido que antes do almoço irei no barbeiro retirar essa barba que está enorme. Meu pai se oferece para me levar e eu aceito, faz muito tempo que eu não pego um carro e eu não quero fazer nada que possa estragar esse final de semana que mal começou.
-Quando tirar essa barba vou ter meu menino de volta – meu pai comenta distraído enquanto manobra o carro.
-Eu gosto da barba – passo a mão por ela que está realmente enorme – mas quero ficar mais apresentável.
-Isso é bom.
Fomos conversando até chegar ao barbeiro. Me despeço do meu pai, que me pede para ligar quando terminar e entro no barbeiro. Resolvo tirar toda a barba e cortar meus cabelos que estava grande ao ponto que eu conseguia prendê-lo com um elástico. O barbeiro muito simpático e prestativo fez tudo rapidamente e em torno de uma hora e meia já terminou. Olho-me no espelho e me vejo como antigamente, sinto-me como se tivesse lavado tudo aquilo de ruim que sobrou do meu antigo eu. Agora posso finalmente trilhar novos caminhos, mais consciente, maduro e em paz comigo mesmo.
Saio do barbeiro e mando uma mensagem para o meu pai avisando que já tinha terminado e que o esperaria sentado em um banco no parque que havia em frente. Atravesso a rua e vejo um parque enorme que eu e meus pais costumávamos fazer piquenique quando eu era pequeno. Ao longe, vejo uma mulher com uma menininha e ela me lembrou Luara na hora, com aquele trejeito delicado de se mover que só ela tem. Estreito os olhos por conto do sol para ver tentar enxergar melhor e tenho quase certeza que é ela. Caminho como quem não quer nada em direção as meninas e quando estamos em frente um ao outro faço cara de surpresa como se não a tivesse visto há metros. Lua me olha horrorizada, como se tivesse visto um fantasma.
-O que você está fazendo aqui? E cadê a sua barba? – pergunta com as sobrancelhas enrugadas.
-Oi Lua, oi lindinha – a menina me olha tímida e se esconde atrás das pernas de Luara – eu consegui permissão para sair aos finais de semana. Fui para casa e agora vim dar um jeito no visual – sorrio tentando quebrar o clima.
Lua solta o ar que estava prendendo e retribui um sorriso simpático. Avalia minha aparência com alguns segundos e depois pega a criança no colo.
-Ficou muito melhor, mais novo – refere-se a barba – que bom, esses finais de semana irão te fazer bem.
-É sua filha? – pergunto me referindo a menina em seus braços.
Eu já sabia a resposta. A pequena menina era muito parecida com Luara.
-É sim, Lele, dia oi para o Alex.
-Oi Alex – ela diz toda tímida e esconde o rosto no pescoço da mãe.
Uma interrogação surgiu em minha mente, pois eu achava que Lua era solteira. Será que é casada? Olho sua mão e não encontro nenhuma aliança. Não faz sentido.
-Viemos passear um pouco pelo parque, Letícia ama esse lugar, né filha? – Luara fala sorrindo, mas Letícia continua envergonhada – ela é bem tímida – sussurra para mim.
-Tudo bem – sorrio de volta – eu sou até hoje.
-Vamos continuar nossa caminhada ao ar livre – ela coloca Luara no chão que me olha com seus olhinhos tímidos.
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START - Uma nova história
Romantizm"É a primeira vez que digo isso depois de todos esses anos no mundo das drogas, sempre fui um homem de palavra e nunca disse nada que não fosse cumprir. Eu sei que tem um monte de coisas que meu pai me ensinou e eu fiz questão de fazer o contrário...