Capítulo 5

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Luara Montes

-Bom dia neném da mamãe - dou um beijo na pequena mãozinha do meu pinguinho de gente - vamos levantar? A madrinha já está pronta para te levar para creche.

-Mamãe não. Lele tá com sono - ela resmunga com os olhinhos fechados.

-Por favor meu docinho, hoje é sexta-feira e podemos fazer sessão de filme e pipoca quando a mamãe chegar do trabalho - Letícia abre apenas um olho e me observa quase cedendo - ou eu vou ter que fazer um ataque de cócegas? - pergunto já erguendo minhas mãos para atacá-la.

-Tudo bem mamãe, eu levanto - ela ergue as mãos para o alto como se estivesse se rendendo e abre seus castanhos para mim - eu tô muito cansada - reclama me abraçando.

-Eu sei meu bem, mas hoje é o último dia, amanhã você pode acordar a hora que quiser.

Confiro meu relógio de pulso e já são quase seis da manhã. Eu preciso correr para não perder o meu ônibus, já estou pronta para o trabalho, mas preciso arrumar a Letícia. Pego o seu uniforme que já tinha deixado separado no dia anterior e a troco, calço os seus tênis e arrumo seu longo cabelo loiro escuro que ela se recusa a cortar. Renata, minha melhor amiga, madrinha da minha filha e que divide o apartamento conosco, entra quarto adentro segurando uma bandeja de café da manhã.

-Café na cama para a princesa mais linda dessa cidade - ela cantarola levando a bandeja até a Letícia.

-Ah mas deixa a minha filha muito mal acostumada mesmo - eu reclamo brincando pois nunca seria louca de reclamar de algo.

Re é um anjo que surgiu na minha vida desde os tempos de escola. Somo amigas desde lá sabe quando, ela sempre esteve comigo em todos os momentos da minha vida e não poderia ser madrinha melhor para a minha filha.

-Mas só dessa cidade maddy? - Lele fala - não a mais linda do mundo todinho? - Eu e Renata soltamos um gargalhada.

-É sua filha inteirinha Lua - Re brinca comigo.

- Ainda bem, carreguei por nove meses tinha que ser a mamãe escarrada mesmo. Re, ela já está pronta, preciso correr para não perder o ônibus. Hoje à noite vamos fazer uma sessão pipoca, se você quiser se participar.

-Muito obrigada pelo convite meninas, mas hoje é dia - ela ri com cara de safada e eu já solto um olhar de advertência por Lele estar por perto.

-Dia de ver o boi maddy? - minha filha solta na maior inocência.

-Boy Lele, boy - Renata ensina.

-Eu vou sair daqui antes de eu infarte, olha o que você ensina para a criança, ela só tem quatro aninhos Renata - reclamo indignada mesmo me divertindo com a situação.

-Desculpe Lulu - ela fala meu apelido de infância que eu passei a odiar depois de velha, mas achava engraçado a maneira que ela se divertia com isso.

-Estou indo - dou um beijo em cada uma delas - comporte-se filha, Re, qualquer coisa liga na clínica. Beijinhos.

Saio do quarto pegando a minha bolsa na sala e saindo do apartamento. Preciso apertar o passo para não perder o ônibus. Lele estuda em uma creche pública muito boa, mas super fora de mão da clínica onde eu trabalho, então a Renata a leva e a busca todos os dias pois é na rua de trás do seu trabalho, como sempre a minha amiga salvando minha vida.

Consigo pegar o transporte público e escorada na janela passo os próximos quarenta minutos. A clínica é um tanto longe de onde eu moro, até porque é bem afastada da cidade localizando-se em uma área mais rural. Mas é o meu primeiro emprego atuando na minha área, com o salário piso mais a comissão, o que já se tornou uma grande conquista devido as ofertas de trabalho estarem bastante precárias. Então sou incrivelmente grata por essa oportunidade pois é através dela que eu consigo me sustentar e sustentar minha filha de uma maneira muito confortável após anos.

START - Uma nova históriaOnde histórias criam vida. Descubra agora