Capítulo 84

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Christian não teve outra saída que não me levar no cemitério onde havia feito o enterro da minha mãe. Me controlei horrores para não desabar na sua frente em lágrimas, mas confesso que precisei de fazer um esforço de outro mundo para que isso não acontecesse. Se é que isso seja possível, quando muito sinto que nem capacidade para mais nada tenho.

Assim que cheguei ao lugar onde haviam enterrado os restos mortais dela, eu simplesmente desabei de joelhos e me abracei ali à aquele pedaço de terra para pela última vez sentir a presença da minha mãe. Sentir o contato do seu calor inexistente. Christian ainda me tentou demover de sair do chão, mas não eu reagi a suas intenções e me mantive assim sólida como uma pedra, lavada em lágrimas como uma fonte interrompida e sem concerto. Era assim que e me sentia, quebrada. Em pedaços incertos e sem retorno.

Lágrimas correram por meu rosto sem controle, sentia que parte de mim havia morrido naquele maldito acidente. Sempre que sou levada pelos pensamentos, só consigo recordar de toda a vez que havia insistido com ela em levá-la, toda a vez que lembro que por minha causa a minha mãe havia partido, uma parte de mim morria de novo e novo e novamente de novo. Acho que não tinha mais como apaziguar essa dor delicerante. Perdê-la era como um golpe duro demais para levantar e reagir. Era ferida maior que essa que encontramos nas crianças de joelho ralado.

— Mãe me perdoa! - sussurro olhando o nome cravado na pedra fria e passar os dedos trémulos sobre as letras bronze. - Perdoa a minha teimosia! Perdoa eu ter deixado isso acontecer com a gente e arrancarem dos meus braços logo agora que é mais precisa para mim. - uma lágrima granulada desce indecisa pelo canto do nariz umedecendo o solo frio. - Perdoa essa filha que a tirou do papai! Perdoa eu nem ter manifestado direito a minha alegria com esse rebento crescendo dentro de mim. - outra lágrima rola igualmente indecisa no outro lado do nariz.

— Anastacia, meu amor... - sinto o calor dos braços de Christian me abraçando e uns beijos sendo deferidos sobre os cabelos atenuando toda essa dor díficil sufocante. - Está me deixando de coração partido vê-la assim... - ele sussurra baixo, parece se esforçar tanto para não desabar em prantos. Mas alguém de nós tem de ser forte agora.

Christian tem de ser o meu pilar, aquele alguém onde poderei me sustentar, quando o mundo inteiro parecer disposto a nos engolir.

— Christian a minha mãe morreu por minha culpa! - viro para encará-lo e ele leva os seus dedos à minha face, secando as lágrimas impiedosas e difíceis de interromper.

— Não fala isso, por amor de deus, Ana! - ele rapidamente começa me apertando de novo em seus braços e não consigo mais controlar a dor forte dentro peito. - Estou aqui, sempre vou estar aqui por você, por nosso filho que cresce ai dentro! - enterro mais a nuca no seu peito me sentindo desolada procurando consolo, refúgio. - Ana eu sei que é dificil, mas a gente vai pegar o culpado...

Culpado? Então aquilo não havia sido um maldito acidente? A minha mente só agora entra em conexões favoráveis me levando a caminhar para a realidade nua e crua. A realidade que eu preferia muito sinceramente desconhecer, mas a verdade é que ela existia e agora começava a fazer valer todo o sentido dessa maldita dor.

Liberto a nuca desse calor humano que transmite algum amparo e olho-o séria e desconfiada, ao mesmo que escandalizada com tal ato cruel e sem escrúpulos. Pois quem em sua sã consciência era capaz de uma crueldade dessas? Se é que quem acometeu esse crime tenha consciência.

— O que foi que você falou? - pergunto embaraçando os cabelos que intrometem colando na minha face. - Culpado? Como assim, aquilo não foi um simples acidente?

Christian me ajuda a colocar de pé, constantemente de olho fixo no meu, a minha expressão se mantém imutável.

Era hora de obter respostas e não mais rodeios.

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