Capítulo II

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Oi!

Eu sou Ana Caroline, a autora dessa história. Quando criei coragem para publicar o primeiro capítulo, não imaginei que isso geraria qualquer repercussão. No entanto, nesse mar de gente, a @BrandyCastiela me encontrou, um livro que não tinha capa e nada demais para chamar a atenção... Minha primeira leitora. Mal posso acreditar! Agradeço pelo incentivo que me deu.

Obrigada!

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Longe da aldeia, na capital do reino crescia Jorge, cercado por uma atmosfera de carinho e cuidado. Aprendia latim, violino e arte. Era letrado e amava as histórias da Grécia. Sonhava ser capaz de grandes feitos como seu semideus preferido, Perseu. Ele era doce, sensível, determinado e de bom caráter. Quando cresceu, governou em nome da felicidade de seu povo e sentia quando, sobre este, abatiam-se tragédias. Foi um homem capaz de amar incondicionalmente. E amou.

Jorge sonhou, certa noite, em sua adolescência, com um campo de lírios. Pelo campo cavalgava uma garota. Seus cabelos eram tão negros que ao refletir-se nele a luz, pareciam roxos. Ela era pálida e caminhava veloz em sua direção. Ele viu seus lábios mexerem, porém, não havia som algum. Ansiava por tocá-la, mas não podia sair do lugar, o que notou ao tentar correr para a jovem. Seus lábios moviam-se cada vez mais em desespero. Então, ele pôde entender o que ela dizia: "Salva-me".

No dia seguinte, encontrou-se com Veronika, sua preceptora, e contou-lhe do sonho. Havia sempre uma aura de mistério em torno da jovem mulher. Resignou-se a dar-lhe apenas uma frase, algo que não suscitasse em Jorge maior curiosidade sobre o assunto:

- Os sonhos são presságios. – Disse-o de forma incisiva e Jorge não prosseguiu com perguntas.

Veronika era ruiva e de baixa estatura. Era uma feiticeira, mas, o escondera de todos no palácio. O rei e a rainha, pais de Jorge, não queriam que o filho tomasse conhecimentos em magia, porque os pais acreditavam que só serviam para fins egocêntricos e só havia um destino para quem trilhasse esse caminho: a autodestruição. Não estavam errados, contudo, não estavam completamente certos. Existem formas e formas de se analisar uma questão e ainda mais para se analisar a alma humana, sujeita sempre a variações, humores, caprichos, situações e sentimentos.

Jorge, numa bela tarde, subiu à torre mais alta do castelo, onde ficava o observatório. Olhou para o céu e os vales além. Perguntou-se quão vasto era o reino de seu pai e adormeceu.

Ao despertar, já era noite. Pôs-se a observar as estrelas com uma pequena luneta de ouro, que sempre trazia no bolso. Fora presente de seu primeiro preceptor que o deixara para cumprir uma missão.

Uma ideia perpassou-lhe a mente: pegaria o seu cavalo e sairia numa empreitada em busca da garota de seu sonho. Ela poderia não existir, mas, que mal havia em perseguir um sonho? Desceu os 150 degraus numa correria desenfreada e ao chegar no final, já não tinha mais fôlego. Agachou pra recuperar-se e o empregado mais próximo foi acudi-lo, pensando tratar-se de algum mal-estar. Mas, logo que ele chegou, Jorge subitamente levantou e retomou a correria. Invadiu o salão do trono, ao que todos os presentes assustaram e viraram-se para ele.

Dirigiu uma reverência a seus pais e as questões de Estado foram postas de lado. Ouviram-no com atenção e paciência. Sua mãe, docemente, disse-lhe:

- Filho meu, seu antigo preceptor era um mago e seu dom era a clarividência. Antes de partir, alertou-nos que vós partiríeis numa longa viagem e salvarias o reino das sombras do futuro, mas, que seria a última vez que o veríamos. O que se supõe disso, querido Jorge, é que o tempo de vossos pais anda próximo do fim. - Vendo lágrimas nos olhos de seu filho, continuou. – O que está escrito não há como mudar. Foram tempos de alegria e boa colheita. E amarei seu pai até o fim dos tempos. Vá e encontre seu verdadeiro amor. Salve o reino, mas antes, dê-nos o último abraço.

Jorge partiu a cavalo no dia seguinte. Veronika o observava de uma torre, enquanto a ponte levadiça baixava.

Sou apenas 4 anos mais velha, porque nunca viu-me como mulher além de preceptora? Agora, meu amor, vais pelo mundo em busca de uma feiticeira ou uma ilusão criada por sua mente. Jorge, sublime amor, não sabe que o mundo é um lugar perigoso? Deixas seus pais desamparados e a mim, preocupação. Por que preferiste uma ilusão, a mim, que sou real? Feiticeira poderosa a que lhe incutiu semelhante amor. Eram esses os pensamentos desordenados de Veronika.

A Filha da SolidãoOnde histórias criam vida. Descubra agora