Capítulo IX

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Chegou, enfim, o dia do casamento. Seria tudo uma farsa. Apenas os nobres e políticos estavam presentes. O povo da nada sabia. Era apenas uma manobra do rei para esclarecer a morte dos pais.

Tocava a marcha nupcial e Veronika entrou. Quando chega ao altar, os olhos estão marejados e um enorme sorriso ornava seu rosto. Surpreendeu-se quando Jorge tomou a palavra:

- Oh! Amor, sincero amor!

Toda a assembleia caiu na gargalhada.

- Estamos diante da mulher que colocou o assassino de meus pais sobre este teto. É a este indivíduo que pertence a faca que lhes ceifou a vida.

Veronika desesperou-se.

- Foi tudo por amor! Independente do que diziam as más línguas, sempre soube que estava vivo, mas, não sabia onde. Você tinha que voltar, meu rei, deixar de perseguir um sonho. Seus pais não se moveram para trazê-lo. Eu tinha que fazer algo e consegui que voltasse meu bem, meu amor, meu rei! Desde menino meu Jorge foi sempre doce para todos!

- A que ponto sua demência chegou. O que é mais real, o mal ou o sonho? Nunca houve entre nós mais do que o respeito entre o aprendiz e o professor. Não tem ideia de tamanha dor plantou em meu coração.

Jorge chorou e chorou. Veronika precipitou-se para ampará-lo, mas os guardas reais surgiram de trás de todas as portas. Prenderam-na.

- Não me prenda! Ao contrário, mate-me se assim puder aliviar sua dor!

- Morte não é solução. Não me tornarei um assassino ou um carrasco de qualquer espécie. Fazer justiça com as próprias mãos é vingança, e esta é destrutiva. Não semearei o mal. Veronika, você terá o que merece. Passará o resto da vida numa cela. Só verá o céu pela janela. Não terá contato com qualquer ser humano. Seus pés serão acorrentados na parede de pedra e jamais hão de ser soltos, senão na ocasião de sua morte.

Essas foram as palavras proferidas pelo rei e assim se fez. Em choque, Veronika era retirada da sala, quando um vulto saía do meio da assembleia e se dirigia ao rei. Ela parou e voltou-se para Jorge. Nos braços dele estava uma deslumbrante jovem, com os cabelos negros e longos. Não era uma ilusão. Ela existia e Jorge a encontrara. Veronika destinou-lhe toda a culpa por tudo o que fizera, mas deveria culpar apenas a si mesma. Afinal, cada qual é responsável pela escolha que faz.

A Filha da SolidãoOnde histórias criam vida. Descubra agora