Capítulo XVIII

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Jorge reabriu os olhos. O coração de Roxana batia aliviado. Leo continuava em sua feliz ignorância.

O caos e a desordem reinavam. Os roubos e a violência cresciam. O estado de saúde do rei era de conhecimento de toda nação. As coisas estavam à beira do colapso.

Naquela noite, Roxana adormeceu abraçada ao marido. Ela sabia o que deveria ser feito, o que faria por amor ao seu rei e ao seu povo, cumprindo assim sua missão.

De madrugada, saiu sem que a vissem. Quando chegou à mesma clareira, o Sol raiava. Dessa vez não haviam flores, como se todos os elementos soubessem o que ela faria. O Vento estava ainda mais triste, quando Roxana começou a falar:

- Sol que arde distante,

Aproxime-se,

Ouça-me,

Peço-lhe gentilmente.

Aqui faço-me receptáculo

De todo mal que acomete

Aquele a quem tanto amo.

Tomai-me segundo queres

E faça-me em favor da vida

E usa-me em nome do amor.

Roxana terminou e sentou-se na relva verde. E o Sol a ouviu. Dali em diante, ela não mais sabia os desígnios de seu destino. Está tudo acabado!, pensava, já cumpri a minha missão. Conheci o amor em diversas formas: amei meu povo, meu marido, meu filho, meus pais, meu mestre e o mundo, cada qual com sua imperfeição. Salvo agora o rei e o reino. O que posso fazer senão esperar a morte? Mas, havia muito mais do que Roxana poderia supor.

A Filha da SolidãoOnde histórias criam vida. Descubra agora