Capítulo XX

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No reino vizinho, o preceptor do próprio príncipe, que o fora do rei, indicou a Jorge um de seus próprios discípulos, Lucius.

Lucius era um homem de caráter cândido e incorruptível. Era o preceptor que o destino lhe dava.

A simpatia do pequeno Leo e o jovem Lucius foi instantânea, sendo que o segundo afeiçoava-se ao primeiro como um avô a um neto.

No primeiro dia, um suntuoso jantar fora dado em honra aos visitantes. No segundo, um almoço ao ar livre iniciava o conhecer sobre o preceptor. Ao terceiro dia, quando o sol estava alto no céu, a comitiva de Jorge estava pronta e iniciavam o retorno.

Na metade do caminho, foram abordados pelo dobro de cavaleiros bem armados que estiveram todo o tempo os aguardando silenciosamente, escondidos na mata.

O líder do ataque retirou seu capacete. No rosto de Jorge estamparam-se o espanto e o reconhecimento.

- Cristiano.

- Vossa alteza! – Disse Cristiano em tom pejorativo. – Trago à majestade um documento que conta com um terço das assinaturas dos nobres e políticos, que lhe exigem a renúncia imediata diante de mim e das testemunhas aqui presentes.

- O poder do rei é legítimo, portanto, incontestável. – Disse Lucius. – Vossa alteza não é obrigada a ceder sem justa causa. Os homens que aqui se apresentam não possuem qualquer denúncia contra a pessoa real, senão um documento assinado por ambiciosos e coagidos.

- Primo, - disse Jorge – desista agora de seu intento vergonhoso e agirei com clemência.

Irado, Cristiano não conseguia mais sequer ouvir a bondade na voz do rei. Desceu de seu cavalo e desembainhou sua espada.

- O meu pai sempre me disse: Lutar e morrer pelo poder. HOMENS!

A linha dos opositores do rei rapidamente assumiu postura de ataque. As linhas reais se organizaram ao redor do rei e de seu herdeiro. Estavam acuados como um leão enjaulado, cercados por todos os lados.

- Renuncia ou não? – Bradou Cristiano.

- Lucius, leve meu filho para longe daqui. Se minha morte é derradeira, diga a Roxana que todo o meu amor dediquei a ela. Diga que a amo como a chuva toca a terra, como o vento toca as folhas e as areias tocam o mar. Faça com que meu filho cresça e conheça o amor que dediquei à sua mãe e o quanto o amei acima de todos os amores.

Com lágrimas nos olhos, Leo beijou a mão de seu pai. Dela recebeu o anel com o selo real e a luneta de ouro.

- Renuncie e viva e veja seu filho tornar-se homem. Renuncie o poder legado a todas as gerações que de ti descenderem!

Cristiano impacientava-se.

- Diante de todos, peço: fiquem ao meu lado os que conhecem e não duvidam de minha integridade e justiça.

As fileiras reais foram enriquecidas com um quarto dos soldados opositores.

Cristiano enfureceu-se e disse:

- Lutemos por um Reino Novo e justo!

- Um reino que seja justo ou que o favoreça, caro primo?

Tomado por um ódio incompreensível, Cristiano gritou:

- MORTE AO REI!

A Filha da SolidãoOnde histórias criam vida. Descubra agora