Ele se inclinou um pouco mais, cuidadoso porém decidido. Não daria margem para que ela fugisse, caso ela realmente pensasse nisso. Então capturou-lhe os lábios num rompante, movendo a língua entre eles. Esperava não estar indo rápido, tampouco devagar demais. Mas acabou sendo surpreendido pelos dedos de Anahi enroscando-se em sua nuca, puxando-o para mais perto. Enquanto isso o coração de Poncho, que costumava ser sempre tão firme, disparou no peito.
A intensidade tomou conta do beijo aos poucos. Anahi e Alfonso entregavam-se a todos os caminhos que ali descobriam juntos. Ela suspirava, inebriada, totalmente entregue. Quanto a ele, não podia imaginar que ficaria tão excitado com tão pouco.
Ambos sentiam a cabeça girar com uma velocidade rápida demais, por isso nem se importaram com o fato de que, de alguma maneira, Anahi havia ido parar sobre o colo de Alfonso. O contato só ficou evidente quando o choro de Sophie irrompeu na atmosfera da sala. Ele largou a boca de Anahi hesitando amargamente e a viu corar de forma intensa, visivelmente perturbada.
Anahi, como se houvesse feito a maior besteira do mundo, tentou se afastar. E Poncho, com o rosto deliciado de quem acaba de descobrir um prazer outrora inexplorado, simplesmente riu, mantendo-a ali. Fora gostoso demais beijá-la e por isso ele queria repetir. Ela soltou um gemido involuntário quando teve os cabelos dourados puxados para trás e Alfonso mordiscou seu queixo sensualmente.
- Alfonso... - ela gemeu, nervosa - A Soph... O que está fazendo? - acabou murmurando, dessa vez com os olhos cerrados e com as unhas cravadas nos ombros dele. O coração ia a mil por hora no peito. Arrastando a boca sobre a pele de Anahi, Poncho subiu pelo maxilar e encontrou os lábios rosados outra vez.
Anahi nem devia ter perguntado. Sabia muito bem o que ele estava fazendo. Sabia o que ainda pretendia fazer. E gostava muito daquilo, da maneira que se sentia.
- Só um segundo - ele sussurrou antes de beijá-la de novo. De novo e de novo, até perceberem que o fôlego de Sophie estava acabando junto com o dos dois. Com um grunhido irritado, Poncho a retirou de seu colo e, após colher Sophie do sofá, puxou Anahi pela mão escada acima.
Ela simplesmente o seguia, muda e nervosa, tentando prender a atenção nos pequenos quadros dispostos ao longo do corredor. Não conseguia. Sua boca formigava. Por vezes seguidas passou a língua sobre ela, tentando recuperar a sensação que a invadira quando Alfonso a beijou. O corpo quente ainda o queria. Desesperadamente o queria.
Ela o observou a sua frente, liderando a caminhada. Vê-lo de costas era quase tão maravilhoso quanto vê-lo de frente. O dorso musculoso e bem moldado, o traseiro firme... Alfonso tinha a sorte de pouquíssimos homens e o pensamento a fez sorrir silenciosamente.
Eles adentraram no quarto. Bem decorado, embora com pouca mobília, ligeiramente bagunçado, pouco iluminado, tipicamente masculino. Não falaram sobre os beijos trocados, e foi Alfonso quem ficou, dessa vez, incumbido da dura tarefa de colocar a bebê para dormir, balançando-a nos braços. Quando conseguiu, ele a colocou aninhada bem no meio, com travesseiros formando uma barreira ao seu redor. Ela detestava ficar no sofá e não tinha um berço, por sorte tolerava dormir na cama. Herrera esperou durante algum tempo, para garantir que ela não despertasse. Enquanto isso Anahi, agradecida, aproveitou para tomar uma ducha.
A água era aquecida, relaxante. Poucas vezes durante aquela noite Anahi se recordou do que estava acontecendo em seu corpo, mas inevitavelmente a cicatriz pequena em seu baixo ventre veio lembrá-la. Em sua mente conturbada, os pensamentos formaram uma linha cronológica.
A sua vida nunca fora fácil, nem mesmo seu nascimento. Para chegar onde estava, precisou construir uma trajetória de escolhas árduas, lágrimas e tombos. Tivera de abrir mão de muitas regalias. Tivera, também, centenas de motivos para desistir - de qualquer que fosse a razão da sua vida -, desde decepções amorosas até a morte da mãe, e entre os extremos ainda se estendiam inúmeros fracassos. E no entanto ela ainda estava ali. Estava de pé.
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Para Sempre
Fanfiction[CONCLUÍDA] Alfonso Herrera é um roteirista em ascensão. Quando se trata de teatro, ele está sempre desejando mais, mesmo que isso implique menos em muitos outros aspectos. Mais tempo gasto trabalhando duro: menos tempo para tentar estruturar um cír...