Um buraco negro nasceu
dentro do meu coração
será possível, logo eu
que tinha vigor de alazão?
E o buraco sussura
"não espere mais"
"pra que ser desgosto
pros seus pobres pais?"
Ele suga a caixa torácica
eu o deixo continuar
o que eu sou além
de desperdício de ar?
O buraco saboreia meus pulsos,
não para
sou só um grão de areia
no deserto do Saara
Minha boca vira paradoxo
ela geme e ao passo, sorri
o último passeio da língua nos lábios
rápido e simples, morri
