#4 O Olho

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Araceli via alguns retratos do corredor onde 16 a tinha levado. A jovem explicava:

- Esta senhora foi a nossa primeira rainha. Era parecida contigo...

- Sim, não se parece nada com um Oberiano. - Sorriu Araceli.

- Este retrato é simples, apenas representa um olho. - Comunicou 16.

Araceli ficou hipnotizada pelo olhar brilhante que estava à sua frente. Era a mistura de cores mais perfeita que tinha visto... As pestanas espessas emolduravam o olho mel e verde como se o protegesse. Sentiu-se segura!

- E acredita! Ver este olho nem sempre me trás boas recordações! - Suspirou 16.

- Porquê? É o olho mais lindo que já vi...

- O olho que está à tua frente... é do meu irmão mais novo.

- O quê????? - Araceli corou profundamente por saber que estava atraída a um olho que tinha um dono real, não era ficção do pintor.

- Queres que to apresente? - 16 pareceu gozar com ela.

- Não. Eu... estou bem assim. - Riu Araceli com vergonha.

Ambas riram-se bem dispostas e ouviram um estrondo enorme na sala.

Zero correu com uma galinha na mão e uma empregada corria atrás dele arreliada.

- Que se passa? - Araceli parecia um pouco assustada.

- Sinto que vais conhecer o dono do olho... - Murmurou 16.

Assim que acabou de dizer essas palavras, o jovem de cabelos loiros escuros seguiu a empregada com mais duas galinhas debaixo dos braços:

- É só escolher 79... Queres ficar com estas duas, ou com a tua favorita?

- Isso é de loucos! Francamente! Devolve-me as galinhas... Todas elas.

- Eu quero comer galinha! - Arreliou-a ele. - E estas parecem-me deliciosas! Escolhe já.

A Sra. 79 estava vermelha de fúria e olhou para 16:

- Ajuda-me querida!

- Isto é entre vocês. - Sorriu 16.

- É por isso que ser vegetariano é uma bênção! - Disse Araceli em voz alta.

Os olhos que ela admirava antes no retrato, miraram-na e arregalaram-se um pouco ao vê-la.

A jovem 16 revirou os olhos quando o rapaz aproximou-se da sua amiga e perguntou:

- És... vegetariana?

- Sim. Com muito orgulho. As pobres galinhas são seres vivos como nós. Merecem viver a vida delas sem problemas. Sem terem de acabar num prato.

O rapaz sorriu e Araceli viu que ele ainda era mais bonito quando o fazia. Mirou um pouco o chão e sentiu-o aproximar-se de novo:

- És uma humana interessante.

- Tu também és...

- Interessante?

- Humano!

O rapaz mordeu o lábio inferior e soube naquele momento que aquela humana da Terra era a sua escolhida. Ao tocar nela levemente pela mão, o choque elétrico que sentiu sobre si mesmo foi de tal ordem que não conseguia parar de observá-la.

- Mano... estás a assustar a nossa convidada. Larga as galinhas e deixa-nos em paz. - 16 pegou na mão de Araceli e afastou-a do jovem.

Zero voltou para junto de 17 e lamentou:

- A 79 apanhou-me e resgatou a galinha. Que fazemos a seguir?

- Zero... Acho que...

- Tens uma cara estranha! Começas a preocupar-me...

- Esquece! Vamos, temos muito que fazer Zero.

...

Araceli chegou ao seu quarto e despediu-se de 16. Combinaram encontrar-se mais tarde para fazerem compras.

A moda de Oberon era curiosa, as roupas eram muito escuras, visto que a maior parte dos residentes eram de tonalidade muito branca. Os sapatos tinham as solas de cores diferentes e brilhavam cada vez que a pessoa os tocava no chão. Os penteados eram similares aos da Terra e Araceli via que cada Oberiano tinha uma tatuagem no pulso com números. Por exemplo, a sua nova amiga tinha a tatuagem "17.16" no pulso direito. Mas o que mais impressionava a jovem eram as características daquele povo, todos pareciam seres celestes com os seus cabelos e olhos claros.

Olhou pela sua varanda e viu um rodopiar de vida lá fora. Oberon era muito movimentado. Ao longe conseguia ver o oceano Nautilis com uma cor entre o verde e o azul. Sorriu e de repente, viu um transporte voador parar à sua frente. A porta abriu-se e viu o ladrão de galinhas com um sorriso contagiante. Ele pareceu estacionar o carro sem rodas e este ficou parado no meio do ar.

*****

Quem é verdadeiramente o ladrão das galinhas??

17.17 (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora