#16 Fugas

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Tonya estava à porta da amiga quando ela saiu do quarto.

- Bom dia, Araceli.

- Bom dia. Que vieste fazer aqui?

- Vim ajudar-te. Provavelmente vais querer andar em "fuga".

- Que estás para aí a dizer? - A jovem de cabelos dourados parecia confusa.

- Ouvi o 17 dizer ao Zero que ia fugir do primeiro dia de reconhecimento da missão só para passar este dia contigo. Logo, sei que vais andar a fugir dele para que fiquem o mais longe possível. Vim ajudar-te porque sei de boas maneiras de o despistar.

- Como por exemplo?

- Não vais gostar nada disto.

- O quê?

- O local mais improvável para te esconderes é onde ele jamais te procurará.

- O palácio?

- O palácio! Acertaste! Sei que não queres ir para lá... Mas provavelmente os teus pais proibiram-te de aparecer por lá porque o rei iria reconhecer-te. Como ele já sabe da tua existência... não haverá problema.

- Talvez tenhas razão. - Suspirou Araceli.

Tonya viu Zero ao longe e puxou a amiga:

- O Zero está ali! Isto significa que o meu irmão não deve estar longe.

- Continuo a achar que tu e o Zero seriam um casal muito engraçado. - Troçou Araceli.

Tonya olhou para ela insultada:

- Só podes estar a gozar comigo! Queres que grite a tua localização? Posso fazê-lo se não me respeitas e andas a tentar fazer gracinhas comigo.

- Desculpa.

Tonya viu 17 junto ao amigo e voltou a encolher-se:

- Nem sequer respires!

Ambas ficaram bem quietas na sombra de um canto e 17 bateu à porta de Araceli. Zero parecia não concordar com o amigo:

- Devíamos estar a fazer o reconhecimento.

- Mandei o 34 e o 76 fazerem isso. Não vai haver problema.

- Mas isso era a nossa responsabilidade, Rylan.

- Eu sei. No entanto, que queres que faça? Hoje é o último dia que vou poder estar com ela. Tenho de a ver, Zero. Amo-a.

O rapaz de cabelo platinado torceu o nariz, mas entendeu os sentimentos de 17:

- Ela parece não estar aqui. Talvez tenha ido tomar o pequeno-almoço com os colegas.

- Vamos. Temos de encontrá-la.

Esperaram que eles desaparecessem e Tonya respirou fundo:

- Foi por pouco.

- Estava quase a morrer sem ar. - Riu Araceli.

- Aquele 17 é complicado. Achei estranho ele ter ido tão rápido com o Zero. Nem sequer abriu a porta. Espero que não tenha desconfiado. É impossível enganar aquele miúdo.

Juntas foram por corredores escondidos até ao palácio e aí ficaram o dia todo.

...

O palácio era muito imponente e majestoso. Era um prédio alto com três torres e 33 andares. Brilhava com cores verdes e roxas como se chamasse Araceli. Entraram e Tonya apontou:

- Vamos de tele-transportador, é mais rápido.

- Espera! Se entrar aí não vai ser preciso dormir?

- Querida amiga... a viagem que fizeste para Oberon não tem comparação com esta. Apenas vamos mudar de piso.

- Como um elevador?

- Que é isso? - Tonya parecia divertida com aquela palavra e perguntou a Araceli milhões de coisas sobre esse tal "elevador".

...

O conselheiro real aproximou-se do trono do rei e anunciou:

- A princesa 16 trouxe a 99 para o palácio. Parece que a jovem quer esconder-se do príncipe 17.

- Ótimo. Manda-lhe o meu presente. - Sorriu o rei.

...

Tonya mostrou o seu quarto a Araceli e sorriu profundamente ao falar sobre os seus vestidos tão bonitos. A jovem da Terra estava encantada por ver aquela coleção tão bonita. Nunca tinha visto vestidos que pareciam vivos! As suas cores brilhavam e alguns até flutuavam sozinhos.

- Não faço ideia de como é possível os vossos móveis e outras coisas flutuarem assim... - Sorriu a jovem da Terra.

- Nem eu... - Admitiu Tonya.

Bateram à porta e ambas arregalaram os olhos. A princesa 16 escondeu Araceli dentro do armário e abriu:

- Olá, 63! Algum problema?

- Enviaram-me para oferecer esta nova tecnologia à sua amiga 99.

- Não sei do que falas!

- O rei sabe que ela está no palácio, menina.

Deixou a pequena caixa nas mãos da princesa e retirou-se com uma vénia.

- O meu pai sabe que estás aqui... Como poderia eu achar que aquele coscuvilheiro não ia dar conta da nossa pequena aventura?

- É um presente para mim? Acho que isso é um pouco estranho.

- Uau! Afinal não é estranho. É um escultor...

- Escultor?

- Sim. Pões isto preso no cabelo como um gancho e ele muda a figura do teu rosto para andares disfarçada. Esta tecnologia é usada muitas vezes pelos Guerreiros para visitarem a Terra sem serem notados.

- Isso não é nada assustador! - Troçou Araceli.

- Tens de dizer-lhe como queres ficar e ele "esculpe" a tua imagem e transmite-a para todos os que olham para ti.

- Ótimo. Nesse caso, quero ser loira platinada e de olhos brilhantes como qualquer jovem deste planeta. Posso ter o nariz arrebitado e bochechas gordas. Assim ninguém vai perceber que sou eu, certo?

A imagem era fantástica! Nem Araceli se conhecia!

- Perfeito! - Sorriram.

Assim, saíram do quarto e passearam pelo palácio porque Tonya queria dar um vislumbre da realeza à amiga.

*****

Será que vão conseguir passar despercebidas?

17.17 (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora