#13 Acordo do Rei

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No quarto dia, Araceli e a sua escola visitaram alguns museus interativos que contavam histórias dignas de serem recordadas. 17 estava no teste com o exército e por isso, a jovem sabia que não ia vê-lo. Isso dava-lhe alguma aflição no coração que ela tentava ignorar. Estava a tentar beber pouca água para que não se notasse tanto a sua tatuagem que aparentemente tinha uma relação com o planeta que ainda não conseguia inteiramente decifrar. Queria muito falar com os seus pais e perguntar-lhes como era possível ela ser de Oberon? Viu uma exposição criada sobre a família 17 e dirigiu-se lentamente a ela. Viu a fotografia do Rei 17.zero com um sorriso muito semelhante ao do seu filho mais novo e junto a ele, não pôde acreditar que estava o seu pai. Era ele! Mas com os cabelos platinados e olhos extremamente claros. Leu: "Capitão 17.zero com o seu fiel braço direito 16.98 – Juntos fizeram de Oberon um planeta melhor até ao desaparecimento misterioso de 98".

- Sabes onde ele está, certo? - Ouviu atrás de si.

Virou-se lentamente e viu um homem de cabelos platinados e olhos castanhos âmbar que gradualmente pareciam tornar-se castanhos avermelhados, era o rei:

- Desculpe? - Fingiu estar sem compreender a conversa.

- Cosmo. Era o nome do 98. Era o meu melhor amigo. Juntos lutámos contra asteroides, meteoros, cometas, buracos negros... etc. E fizemos uma promessa juntos, um contrato de que se ele tivesse uma filha, ela casaria com o meu filho mais novo. O 17 é um ótimo rapaz. O melhor da sua família. O meu filho favorito, na verdade.

Araceli não disse nada. Limitou-se a olhar para o chão e puxar a camisola comprida mais para baixo para cobrir na totalidade a tatuagem.

- Sendo filha dele, serás princesa ao casar com o 17. Terás tudo o que quiseres. Serás uma das mulheres mais influentes do planeta. Apenas, tens de dizer-me onde está o teu pai.

- Deve ter-me confundido com alguém, Alteza. Eu não conheço nenhum Cosmo. E não sei quem é o seu filho mais novo. Apesar de tê-lo visto na televisão ontem... Isso não quer dizer que o conheça.

- Achas mesmo que consegues enganar-me? Eu vejo a tua aparência, sei que és filha dele. Além de que facilmente consigo verificar isso. Dá-me o teu pulso direito.

Araceli sentiu o coração dar um salto ao ouvir aquela ordem tão direta:

- Majestade, não tem o direito de...

O homem agarrou no braço dela com força e revelou a tatuagem que não brilhava tanto devido ao controle de água que a jovem estava a fazer.

- Como vês... 16.99. Filha do Cosmo e da Kira. O teu pai fugiu do planeta para casar com ela. Não tinha esse direito. Mas assim o fez. Ele é procurado por ter fugido ao seu destino como Guerreiro de Oberon. Facilmente faria de ti prisioneira para o atrair. Mas... não vou fazê-lo.

Araceli olhou para o homem com alguma esperança no olhar. O rei continuou:

- Como disse, o 17 é o meu filho predileto. Se eu fizesse algo contra ti, ele... iria matar-me. Por isso, tenho um acordo para fazer contigo.

- Que tipo de acordo?

- Vais voltar para a Terra e jamais voltarás. Casa-te com um humano terrestre e tem os filhos que quiseres. Assim esquecerei o teu pai e caso o 17 com uma humana completa de Oberon. O teu sangue é terrestre por parte da tua mãe. Quero que o meu filho se case com alguém puro.

- E se ele puder escolher a sua esposa? Como Guerreiro poderá fazer um ato heroico e...

- Achas que o fará? A maior parte de quem o faz morre. Só eu sobrevivi.

Araceli queria dizer umas verdades ao rei, mas conteve-se. O coração dela doía demais. A professora Jules aproximou-se:

- Vamos agora para o dormitório, vens connosco Araceli?

O rei perguntou:

- Temos acordo?

A jovem meditou um pouco e pensou na felicidade dos seus pais, apertou a mão do rei:

- Temos acordo.

E foi embora junto com a professora.

*****

Parece que tudo está contra o casalinho!

17.17 (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora