#8 Pensamentos Deprimentes

65 11 6
                                    

- Mosquito Cupido? - Ela parecia assustada.

- Sim, quando ele pica... a pessoa fica infetada com um amor louco e temporário pela primeira pessoa que vir. Ao menos, se foste picada... vais apaixonar-te por alguém decente. - Riu ele, apontando para si mesmo.

- Como posso ficar curada da picada?

- Ou és operada de urgência no hospital Nautilis ou... se não tiveres paciência... terás de ter um herdeiro com o alvo da tua paixão descontrolada.

Araceli ia morrendo ao ouvir aquilo, 17 desatou-se a rir como um maluquinho e ela percebeu que não tinha passado tudo de uma piada daquele rapaz irritante.

- Não teve piada nenhuma! - Zangou-se ela.

- A tua cara! Céus, foi a coisa mais linda do mundo...

- Não vais levar o beijo no fim da semana. Vais ser um Guerreiro Oberiano que nunca beijará uma jovem terrestre na vida.

Ele parou de rir e observou:

- A minha vida ainda está a começar... Tenho muitos anos para viver e beijar humanas terrestres. Aposto que adorariam beijar um Guerreiro Oberiano.

Araceli não sabia o que responder devido ao olhar hipnotizante dele. Baixou o olhar e suspirou:

- Deves achar que és mesmo lindo e irresistível.

- Que achas tu? - Sorriu ele bem perto dela.

Ela segurou-o pelo colarinho preto e aproximou-se da boca dele:

- Acho que vais sonhar comigo devido à tua doença. Por isso, aproveita Oberiano... Porque jamais vais tocar nestes lábios na realidade.

Largou-o e correu até Tonya que estava fora de si preocupada por não saber da nova amiga.

...

17 continuou a observá-la de longe com uma sensação estranha no peito. Ele sabia que Araceli tinha razão. Não era boa ideia amá-la, apaixonar-se ainda mais por ela. O voto dele era com a proteção dos dois planetas. Ainda não era Guerreiro oficialmente. Mas se ficasse com ela, teria de desistir de tudo! O seu pai ficaria desiludido e totalmente raivoso se soubesse dela. Zero aproximou-se:

- Tudo bem?

- Sim. Parece que estou cansado, só isso.

- É melhor irmos para casa, certo? Eu próprio já comia qualquer coisa.

O jovem de cabelos dourados mais escuros sorriu para o amigo e foi despedir-se das raparigas para ir com Zero para casa.

...

Tonya sentou-se na cama de Araceli e perguntou:

- Quando desapareceste, foste levada pelo meu irmão. Mas não parecias nada zangada.

- Ele está a tentar ter aquele beijo. - Justificou ela.

- Tens mesmo a certeza que é só isso? - Tonya parecia desconfiar de algo mais.

- Tenho a certeza.

- Se o dizes! Acredito. Mas... eu vi-o a fazer-te olhinhos. Tenho de admitir que o meu irmão fica muito fofo quando está perto de ti. Sempre achei que era o pior terrorista da família. Agora vejo-o de forma diferente.

- O Zero parece gostar de ti. - Troçou Araceli.

- O Zero? Deus me livre! Aquele desmiolado é mais vazio que o teu copo de água! Por falar nisso... devíamos combinar ir à praia. Devias conhecer melhor o nosso planeta. Só estarás cá mais seis dias.

- Boa maneira de desviar a conversa. No entanto, tenho a certeza que nunca verei o planeta inteiro em seis dias. - Lamentou Araceli.

- Se bateres sedutoramente essas pestanas ao rapaz certo... talvez consigas!

- Do que falas?

- Sabes o que estou a dizer! Há um rapaz neste planeta que fará tudo o que lhe pedires e acontece que tem na sua posse uma nave totalmente veloz.

- Eu não lhe vou pedir esse tipo de favor. - Suspirou Araceli.

- Como queiras, pensei mesmo que era um sonho teu conhecer Oberon.

Tonya mostrou um sorriso malicioso e Araceli atirou-lhe uma almofada:

- És muito esperta! Se eu por alguma razão fazer esse pedido, ele vai querer algo em troca! E ambas sabemos que isso não é boa ideia.

- Sim. Na verdade, tenho pena dele. - Admitiu Tonya – O nosso pai nunca irá deixar que ele case contigo. Nunca vai permitir que... enfim... vamos mudar de assunto, este é um tema muito deprimente.

Conversaram sobre tudo e sobre nada, Tonya tinha uma curiosidade enorme sobre as pessoas da Terra e como se apaixonavam. Araceli contou algumas histórias engraçadas sobre os chamados "encontros" terrestres e Tonya ficava cada vez mais fascinada com o assunto. Quando passava da meia-noite, Tonya foi para casa e Araceli adormeceu instantaneamente.

...

Era de manhã!

Araceli acordou com um toque na sua janela. Levantou-se e abriu as cortinas. Ali estava ele: o rapaz mais bonito que ela tinha visto. Ficou parada a olhar para ele e o rapaz semicerrou os olhos, gesticulou:

- A apreciar a vista?

Araceli abriu a janela:

- Não tenho tempo para aturar-te. Tenho de estar arranjada para o pequeno-almoço em meia hora.

- Eu sei a verdade. - Sorriu ele sedutoramente.

- Que verdade?

- Tu queres que eu seja só teu, admite.

Araceli recuou, enquanto o jovem avançava até a encostar na parede:

- Deves ter dormido no lado errado da cama! Claramente estás a delirar! - Cortou ela.

Ele aproximou a face dele e acarinhou a bochecha dela, os narizes quase roçaram um no outro:

- Amo-te, Araceli. Podes fugir, correr, esconder-te... Mas onde quer que estejas, eu sou teu.

Antes que ele tocasse nos lábios dela, Araceli acordou com o despertador.

- Que sonho foi este? - A jovem parecia totalmente confusa e preocupada.

*****

Esta parte faz-me recordar os sonhos que o B. provocou na Ivy no meu livro "O Jogo de Poker". Aquele miúdo deixou saudades.

17.17 (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora