Zero experimentou o seu uniforme de Guerreiro e olhou para o espelho:
- Não acredito que estou uma brasa!
Os outros rapazes faziam o mesmo e tiravam fotografias uns aos outros com um objeto muito diferente de uma câmara fotográfica. Era uma espécie de passarinho eletrónico que voava livremente entre eles. Para fotografar não era preciso tocar em botões e um pensamento bastava para que o pequeno capturasse o momento. Um pouco mais longe dos rapazes, encontrava-se 17 com o seu uniforme impressionante de Capitão. O espelho mostrava uma imagem que não o deixava muito feliz, os seus pensamentos estavam com Araceli e no sonho que tivera nessa noite. Quase tinha beijado os lábios dela! Ainda conseguia recordar o perfume dela, a pele suave... e o olhar verde água que parecia confuso com a sua atitude tão apaixonada. O rei 17.zero aproximou-se do jovem com um sorriso orgulhoso:
- Estás impressionante, 17.
O rapaz não respondeu. O rei parecia curioso:
- Não pareces satisfeito com o uniforme. Queres fazer alguma alteração?
- Está tudo perfeito no uniforme. - Cortou o jovem sem fazer contacto visual com o seu rei. - Apenas... já não sinto tanta convicção em ser Capitão.
O rei perdeu o sorriso e levantou uma sobrancelha:
- Porque não?
- Por nada. - 17 parecia cada vez mais tristonho.
O homem aproximou-se do jovem e pegou-lhe no pulso, a tatuagem mostrava o número de família, o número de nome, o nome próprio e um pequeno coração brilhava junto ao seu nome.
- Foste infetado pelo Amor Mickritiano? - O rei parecia desiludido – Isso será um problema?
- Não. Eu sei o meu lugar. Não se preocupe. - O rapaz olhou com determinação nos olhos de 17.zero.
- Ótimo. Agora vai mostrar o Capitão ao teu exército. - Ordenou o homem.
17 obedeceu e saiu do gabinete da prova. O rei ordenou ao alfaiate:
- Descobre quem é a escolhida do 17.
...
A professora Jules segue o itinerário da visita guiada e a próxima paragem é o palácio da Capital. Há um pequeno aperto no coração de Araceli. Ao dobrar a esquina, choca com alguém:
- Peço desculpa. - A rapariga arregala os olhos ao ver que é 17. Cora profundamente.
- Está tudo bem. - Sorri ele com os olhos concentrados nela. - Vais ao palácio?
- Eu... não queria ir... para ser honesta.
- Porque não?
- Os meus pais proibiram-me.
O rapaz era esperto, aproximou-se dela como no sonho e perguntou:
- Porque raio proibiram os teus pais a tua presença no palácio? Cheira-me que te andam a esconder algo importante.
- Eles nunca fariam isso comigo.
- É muito raro um Guerreiro querer uma humana da Terra... - Meditou ele em voz alta. - E o teu pai conhece histórias do meu povo com muitos detalhes. Tens a certeza que ele não é de Oberon?
- Ele tem o cabelo castanho. - Sorriu ela.
- E a tua mãe?
- Ela tem o cabelo preto. Que tem isso que ver com...
- Cabelo preto mais cabelo castanho muito raramente deixa um gene loiro como teu passar para a geração seguinte. Leis da genética! Só há uma maneira de teres saído com esses genes: a tua família é de Oberon.
- Ou simplesmente tinha avós loiros de ambos os lados da família!
- O teu pai tem alguma tatuagem?
- Não. Já expliquei que...
- Ele pinta o cabelo?
Araceli não respondeu, a verdade é que tinha visto a mãe comprar tinta permanente para cabelo e nunca pintava o cabelo. E às vezes, o seu pai parecia ficar com os cabelos mais claros.
- Ninguém sabe o nome da minha mãe e muito menos o do meu pai. Sabes o nome dele?
Araceli sabia, mas mentiu:
- Não. Não sei.
- Há algo muito estranho nesta história. Só isso. Desculpa intrometer-me nos teus assuntos privados. - Desculpou-se 17.
- Porque achas que isso pode ser possível? - Ela continuava curiosa.
- Se ele tivesse esse conhecimento é um Oberiano. Provavelmente um Guerreiro como o meu pai, diria que seria muito próximo a ele. Talvez os melhores amigos. O meu pai é muito paranoico! Só existem talvez 19 pessoas que sabem o nome dele, nem o meu avô sabia o nome do filho.
- Mas... o meu pai não sabe! Por isso podemos esquecer o assunto, certo?
- Claro. - 17 colocou as mãos nos bolsos e observou um pouco a jovem – Queres vir comigo conhecer o meu planeta? Prometo que a tua professora não fará um trabalho tão fantástico quanto eu.
Araceli sorriu e cruzou os braços:
- Só com uma condição: portas-te bem. E nada de namoriscar comigo!
- Vou tentar! - Mordeu o lábio inferior e esperou que a jovem pedisse permissão à professora Jules que ficou encantada por um Guerreiro querer mostrar o planeta à sua aluna.
Araceli aproveitou para arruinar os planos do rapaz:
- De certeza que não te importas de mostrar o planeta a toda a turma, certo 17?
17 pareceu estar a contar com aquela "rasteira" e assegurou:
- Será um prazer!
*****
Vamos visitar Oberon!
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17.17 (Concluído)
RomanceAraceli Bartholy adora as histórias que o pai conta sobre um planeta diferente do seu. Tem um amor incomum pela história da princesa de Mickri e um Guerreiro de Oberon. Ao crescer, surge a oportunidade de fazer uma viagem ao planeta dos seus sonhos...