Os Guerreiros marchavam pela cidade, a escola de Araceli parecia feliz por assistir àquele momento tão importante no planeta que visitavam. O Distrito Saturno de Oberon era conhecido como o Distrito Social, então tinham enviado vários jornalistas, fotógrafos e outros para cobrir o evento do ano. Araceli estava nervosa por saber que estaria misturada com a realeza e com tantos guerreiros de Oberon. Os seus pais teriam odiado saber disso. Usava uma camisola de manga comprida para esconder a tatuagem e um dos seus ombros estava descoberto e mostrava a sua pele branca e suave. Os seus cabelos estavam soltos e a brisa balançava-os ao seu ritmo. 17 estava concentrado a liderar os seus homens quando, ela o viu. Aquele uniforme fazia-o mais bonito e impressionante. Não parecia apenas um Guerreiro, mas um príncipe. As colegas de Araceli comentavam o físico dos rapazes com elogios exagerados à aparência de todos eles. A jovem que escondia a tatuagem, tentava evitar ouvir que todas queriam 17 como namorado ideal.
- Ele deve ser do tipo que protege a sua amada com tudo o que tem. - Riu uma delas.
- E aqueles braços fortes devem abraçar com devoção. - Idealizou outra.
- Só os olhos dele fazem-me ter calor. - Sorriu uma das mais velhas.
Araceli retirou-se e tentou sair do meio da multidão, acabou por reparar em Tonya que assistia à marcha num género de varanda junto a algumas pessoas. O vestido roxo dela era lindíssimo e fazia o olhar ser mais brilhante. Os seus cabelos estavam apanhados num coque adornado com grandes tranças loiras platinadas. A marcha parou e o rei sorriu para os Guerreiros à sua frente:
- Mais um ano passou e temos mais uma turma de Guerreiros de Oberon.
A multidão bateu palmas e pouco depois, o rei continuou:
- Este ano é muito especial para mim, muitos de vocês sabem a razão disso. O meu filho mais novo está entre estes Guerreiros corajosos. Será o Capitão. Nunca tive tanto orgulho nele como neste dia. E sei que protegerá os seus homens com todas as suas forças. Termos um líder como ele, fará com que Oberon e a Terra nada tenham a temer.
Todo o exército bateu palmas e 17 mirou o chão desconfortável. Araceli pensou: "Não me digas que aquele tolo além de Guerreiro é Príncipe!" Fazia sentido. O Rei era o número 17.zero. Se ele era o 17º filho, eram da mesma família...
Araceli continuou a passar pela multidão e escondeu-se no seu quarto. Na janela clicou duas vezes e viu as imagens da cerimónia que estavam a ser transmitidas em direto. Tirou a camisola de manga comprida e vestiu um top fresco. Apanhou o cabelo com um elástico e deitou-se na almofada enquanto sonhava acordada com Rylan e a sua aparência tão cativante.
...
Depois da cerimónia, o rei deu ordem que a festa começasse. Tonya aproximou-se do seu irmão mais novo:
- Parabéns, mano.
- Obrigado. - Sorriu ele.
- Viste a Araceli? - Perguntou ela com um sorriso malandro.
- Não. Mas vi a professora dela... Disse que ela voltou ao quarto. Não estava a sentir-se bem.
- Isso é triste. Estava mesmo a contar com ela para divertir-me na festa. Logo, passarei por lá para ver se precisa de alguma coisa.
Rylan assentiu pensativo e olhou para o chão tristemente.
- E tu? - Perguntou Tonya dando um encontrão leve no ombro dele.
- Eu o quê?
- Não vais visitar a tua escolhida?
- Não sei se será boa ideia. - Admitiu ele – Ando estranho. E os sonhos andam a tornar-se piores.
- Há uma maneira de dormires bem. - Solucionou Tonya – Sabes o que fazer, certo? Aposto que até a Araceli iria agradecer uma noite descansada.
Zero juntou-se a eles:
- Meu Capitão, estou exausto e ainda nem dancei.
Tonya piscou o olho ao irmão e apontou para a mesa:
- Ouvi dizer que fizeram os teus bolos favoritos, Zero.
O rapaz nem esperou um segundo e correu até à mesa. Rylan olhou em volta e sem que ninguém desse por isso foi até a sua amada.
...
Araceli virava-se na cama várias vezes e não conseguia dormir. Levantou-se, bebeu água e reparou que ao fazê-lo a sua tatuagem brilhava ainda mais.
- Maldita água! - Suspirou.
Bateram à porta do seu quarto e ela não respondeu. Queria ficar sozinha. Mas a pessoa insistia e ela perguntou:
- Quem é?
- Sou eu... o 17.
Araceli abriu a porta e tentou sorrir:
- Parabéns pela graduação. Vi pela televisão que o rei estava orgulhoso do filho.
O rapaz olhou para ela um pouco magoado:
- Já percebeste, hein?
- Achas que eu não ia entender... Não sou a pessoa mais inteligente do mundo, mas também não sou burra. Quando ias contar-me?
- Não ia. - Admitiu ele. - Não é importante saber disso.
- Não é importante? Se o rei sabe que eu sou a escolhida... ele... ouve: temos de afastar-nos, talvez assim as coisas acalmem e seja possível o meu regresso à Terra sem problemas para o teu lado.
- Eu entendo. Mas... não durmo há dois dias. Amanhã vou ter uma prova importante para testar o exército antes da nossa grande missão. Preciso da tua ajuda para dormir.
- Que posso fazer?
- Se... nos beijarmos, vamos conseguir dormir. Nem sequer vamos sonhar um com o outro.
Araceli corou profundamente e lembrou-se do sonho, de como ele tinha dito o nome dele.
- Desculpa pedir algo assim. Sei que é estranho! - Lamentou ele.
- Eu... nunca dei o primeiro beijo. - Admitiu ela com as bochechas vermelhas.
17 mordeu o lábio inferior e aproximou-se dela:
- Eu ouvi isso no sonho. Talvez seja melhor pensar em outra coisa. Não quero que gastes o teu primeiro beijo comigo por obrigação. O primeiro beijo deve ser algo romântico, espontâneo.
Araceli colocou a mão dela no ombro dele:
- Não imagino gastá-lo com outra pessoa. Afinal... o coração no meu pulso significa que quero dá-lo contigo, certo?
17 segurou-a pela cintura e aproximou-a a si:
- Poderemos encontrar outra maneira...
- Beija-me Rylan.
O jovem estava surpreendido com Araceli, a forma como o olhava e como tinha dito o seu nome hipnotizava-o ainda mais, com uma carícia na face dela, aproximou o queixo dela e beijou-a levemente nos lábios. Um beijo totalmente inocente e perfeito.
- Boa noite, 17. - Sorriu ela.
- Boa noite, 99. - Troçou ele.
E nessa noite, ao dormirem nos seus quartos, o sono foi profundamente calmo.
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Como vão estes dois ficar juntos quando vivem em planetas distintos?
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17.17 (Concluído)
RomanceAraceli Bartholy adora as histórias que o pai conta sobre um planeta diferente do seu. Tem um amor incomum pela história da princesa de Mickri e um Guerreiro de Oberon. Ao crescer, surge a oportunidade de fazer uma viagem ao planeta dos seus sonhos...