Tonya bateu na porta do quarto de Araceli e sorriu. A outra jovem abriu a porta e parecia deprimida:
- Que se passa? Ainda não estás melhor? Ontem fiquei preocupada contigo. Mandei o Rylan dar-te um beijo de boa noite e decidi não incomodar. Vocês precisavam dormir. Mas... Como foi?
- Como foi o quê?
- O beijo! Como já ouviste dezenas de milhares de vezes, tenho de viver o romance de outros já que não posso viver o meu.
- O beijo foi só um toque leve de lábios.
- Só? Eu pensava que o meu irmão era mais fogoso que isso! - Ela parecia desiludida.
- O teu pai falou comigo hoje.
- Falou??? Estranho. Porque falou contigo? Ele descobriu que és a escolhida do Rylan?
Araceli mostrou o pulso direito à nova amiga e Tonya pareceu confusa, depois sorriu:
- Agora faz todo o sentido! O Rylan apaixonou-se pela escolhida e prometida dele. Quais eram as hipóteses disso acontecer?
- Fiz um acordo com o teu pai. Prometes que jamais contarás isto ao 17?
- Prometo. Tens a minha confiança eterna e espero ter a tua. Sei que ele é meu irmão, mas... também te devo todo o respeito.
- O meu pai era o 16.98.
- O melhor amigo do meu pai que fugiu dos seus deveres para casar com uma humana da Terra, sei disso.
- Se ele voltar a pisar este planeta será prisioneiro, ou pior. Logo, o teu pai disse-me que o deixa em liberdade com uma condição: que eu fique para sempre na Terra e case com um humano terrestre para que o 17 não tenha hipótese de ficar comigo.
- Não acredito que ele fez isso. Típico do rei Zeff. O meu irmão vai ficar despedaçado se souber. Mas, entendo o teu lado: queres proteger a tua família. O meu pai tem uma obsessão qualquer com o meu irmão. Ele é o mais parecido com a nossa mãe. E ela faleceu no nascimento dele. Daí que para o meu pai... o 17 sempre foi... um espelho da rainha. E o meu pai tem a ideia louca de que o meu irmão tem de casar com a jovem mais perfeita do universo. Inclusivamente deixou em testamento que o 17 será rei no lugar do meu irmão 1 que é o primogénito. Poderias pensar que ele ficou zangado, mas na verdade todos ficámos mais livres quando o 17 nasceu. O Rylan é o único que sempre parece preso dentro de uma gaiola invisível.
- Tenho de manter-me afastada do 17 o máximo que puder. Se o rei desconfia que falo com ele sobre isto... não sei o que poderá acontecer.
- Compreendo. E lamento muito. Infelizmente, esse será também o meu destino. Casar com alguém que não amo.
- Na minha Terra, há países que combinam casamentos. E o amor acaba por florescer. - Araceli tentou ter algum otimismo.
- Mas nunca será a mesma coisa, 99. A sensação de ter esse tipo de Amor deve ser maravilhosa. Nem quero imaginar o que sentes ao saber que não voltarás a ver o Rylan.
Araceli voltou a olhar pela janela do seu quarto e suspirou:
- Eu daria tudo para não ter vindo nesta viagem. Se tivesse ouvido os meus pais, continuaria a viver a minha vida sem problemas e não teria prejudicado o 17.
- Estás mais triste por causa dele, certo? Estás preocupada com tudo o que ele terá de aguentar depois de saíres de Oberon.
- Sim. Principalmente porque li um artigo sobre o Amor Mickritiano em Oberon. Parece que ele será mais afetado que eu. Tenho receio que ele se magoe por não ver a cores, afinal... um Capitão dos Guerreiros de Oberon tem de estar sempre no seu melhor.
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17.17 (Concluído)
RomanceAraceli Bartholy adora as histórias que o pai conta sobre um planeta diferente do seu. Tem um amor incomum pela história da princesa de Mickri e um Guerreiro de Oberon. Ao crescer, surge a oportunidade de fazer uma viagem ao planeta dos seus sonhos...